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Animais têm efeito calmante, diz estudo | DR. MARGUERITE E. O’HAIRE/The New York Times
Animais têm efeito calmante, diz estudo| Foto: DR. MARGUERITE E. O’HAIRE/The New York Times

Os porcos-da-índia não julgam. Não são prepotentes. São amigáveis,sociais e aceitam carinho. Quando brincam com porcos-da- índia na escola, as crianças com transtornos do espectro autista têm maior disposição a escutar, ficam mais sociais e interativas e tornam-se menos ansiosas, segundo uma série de estudos, o mais recente deles publicado na revista“Developmental Psychobiology”.

Nele, os pesquisadores analisaram dados fisiológicos que apontam para o efeito calmante dos animais sobre as crianças. As crianças brincaram com dois porcos-da-índia em grupos de três —uma criança que estava no espectro autista e duas em desenvolvimento típico.

Todas as 99 crianças do estudo, com idades entre 5 e 12 anos, usavam pulseiras que monitoravam seus níveis de excitação. Na primeira vez em que as crianças com desenvolvimento típico brincaram com porcos-da- índia, elas relataram sensação de alegria e registraram níveis mais altos de excitação. Os pesquisadores especulam que as crianças ficaram animadas com a novidade dos animais.

As crianças com transtornos do espectro autista também relataram sensações de alegria, mas as medições das pulseiras sugeriram que seus níveis de excitação tinham diminuído.

Os animais parecem ter reduzido a tensão das crianças, concluíram os pesquisadores. Geraldine Dawson, do Centro Duke para Autismo e Desenvolvimento Cerebral, na Carolina do Norte, disse que o autismo é associado a altos níveis de excitação e ansiedade que interferem com a interação social. Ela disse que essa modesta intervenção poderia ser facilmente adaptada para salas de aula pelos professores.

“Talvez seja mais fácil interagir com outros quando você tem um terceiro elemento, em vez da interação

face a face”, disse Dawson. Quando as crianças no espectro autista brincavam com objetos na presença das outras duas crianças, seus níveis continuavam elevados. “Elas descobriram alguma coisa no animal em si que era útil”, disse Dawson.

As atividades com porcos-da-índia não tinham um roteiro. As crianças podiam alimentar, afagar, pentear e desenhar os animais. Depois de oito semanas, muitas crianças, tanto típicas como no espectro, descreveram os porcos-da-índia como “meu melhor amigo”, disse Marguerite E. O’Haire, da Universidade Purdue em Indiana (EUA). “Se você perguntar às crianças o que o porco-da-índia está pensando, uma resposta comum seria: ‘Ele gosta de mim’”, disse O’Haire.

As crianças autistas são vulneráveis a provocações e exclusões dos colegas da corrente dominante. Porém, após 16 sessões com porcos-da-índia, os pais diziam a O’Haire: “Agora minha filha sente que tem amigos com quem ela pode se sentar na escola”. Ela disse que os animais podem funcionar como “parachoques sociais” para essas crianças, para as quais o envolvimento é algo assustador.

Deborah Fein, especialista em autismo na Universidade de Connecticut, disse: “Não há realmente um lado negativo nessa intervenção”.

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