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Um dos maiores bancos dos Estados Unidos, o Morgan Stanley, está perdendo sua diretora financeira para o Google, no exemplo mais visível até agora do fluxo de talentos de Wall Street para o Vale do Silício.

Ruth Porat, diretora financeira do Morgan Stanley desde 2010, foi uma das mulheres mais poderosas no setor financeiro, que tem tido dificuldade em promover e conservar suas executivas mulheres.

Ela vai para o Vale do Silício, que enfrenta suas próprias dificuldades em encontrar um equilíbrio de gêneros. Porat, que tem 57 anos, será a primeira mulher no alto escalão do Google.

Ela seguirá o caminho percorrido por outros grandes nomes dos redutos do poder na costa leste dos EUA que debandaram recentemente para o setor tecnológico ascendente da costa oeste.

No mês passado, o ex-porta-voz da Casa Branca Jay Carney anunciou que estava indo para a Amazon.com, e, no ano passado, David Plouffe, ex-assessor de Obama, foi trabalhar no Uber.

Mas o Vale do Silício vem “roubando” muitos de seus novos talentos de Wall Street. No ano passado, um dos altos executivos do Goldman Sachs, Anthony J. Novo, mudou-se para a costa oeste para se tornar diretor financeiro do Twitter.

Menos de dez anos atrás, as empresas de Wall Street eram o destino mais cobiçado por jovens universitários recém-formados e executivos de talento.

Agora, o setor financeiro enfrenta dificuldades para continuar crescendo, enquanto encara novos regulamentos e a falta de confiança do público, devido à crise financeira.

Já o Vale do Silício passa por um período de crescimento exponencial que gerou dezenas de start-ups de bilhões de dólares, praticamente da noite para o dia.

“As pessoas inteligentes vão para onde consideram haver mais crescimento”, refletiu Robert Reffkin, que deixou o Goldman Sachs em 2012, depois de sete anos, para fundar a start-up imobiliária Compass.

No Instituto de Tecnologia de Massachusetts, importante fonte de novos recrutas, apenas 10% dos recém-formados em 2014 foram trabalhar no setor financeiro, comparados a 31% que encontraram emprego em Wall Street em 2006, antes da crise financeira.

Enquanto isso, empresas de software contrataram 28% dos formados pelo MIT em 2014, contra 10% em 206.

Tendências semelhantes se evidenciam nas outras grandes escolas que há muitos anos alimentam os altos escalões de Wall Street.

Na Harvard Business School, por exemplo, a porcentagem de estudantes que vão para o setor financeiro caiu de 42% em 2006 para 33% no ano passado, enquanto os formados que foram trabalhar com tecnologia subiram de 7% para 17%.

Mas Wall Street ainda é o destino principal dos profissionais que saem de muitas escolas de administração. No ano passado, o Morgan Stanley recebeu 90 mil candidaturas para aproximadamente mil vagas de trabalho de verão de nível iniciante.

Nos últimos anos, o Vale do Silício reforçou sua posição de novo centro de gravidade econômica nos Estados Unidos.

Empresas consolidadas, como Google e Apple, cresceram simultaneamente com start-ups como Uber e Twitter.

Reffkin comentou que, quando estava no Goldman Sachs, como chefe de gabinete do presidente do banco, “ficou claro que estávamos no meio de uma revolução dos softwares”.

A força econômica do setor tecnológico soma-se às diferenças de estilo de vida que há muito tempo atraem jovens profissionais às start-ups —a possibilidade de vestir roupa casual no trabalho, as condições de tempo melhores e a cultura mais descontraída da costa oeste.

“As pessoas não acham mais atraente a ideia de ir trabalhar num edifício alto, usando tailleur e salto alto ou participar de reuniões onde se discute um setor no qual é cada vez mais difícil inovar”, comentou Martha Josephson, sócia do escritório da Egon Zehnder, empresa de recrutamento de executivos, em Palo Alto, Califórnia.

Os nomes mais notáveis que deixaram Wall Street têm sido altos executivos do setor bancário, como Ruth Porat e Noto.

Para os bancos, porém, a tendência mais preocupante é o êxodo de programadores de nível mais baixo que estão optando por se mudar para a costa oeste, isso num momento em que os bancos são mais dependentes que nunca de softwares e tecnologia.

Enquanto isso, as start-ups não estão apenas roubando talentos de Wall Street. Muitas estão tentando construir empresas, como a processadora de pagamentos Square and Stripe, que podem desviar negócios do setor financeiro.

Quando Marissa Mayer se tornou CEO do Yahoo!, em 2012, contratou Jacqueline D. Reses para ser a nova diretora de desenvolvimento. Ela comandou dezenas de aquisições, incluindo o Tumblr, por US$1,1 bilhão.

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