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As emissoras de rádio e televisão que foram destruídas durante os protestos no Burundi terão seus serviços unificados em nova uma organização temporária que funcionará na capital. O acordo foi fruto de negociações entre as forças políticas do país, segundo o porta-voz da Missão de Observação Eleitoral da ONU no Burundi, Vladimir Monteiro.

“Decidimos dar continuidade às negociações depois da cúpula dos chefes de Estado da Comunidade da África do Leste, que acontecerá neste domingo, em Dar Es Salaam, na Tanzânia”, disse Monteiro à Rádio das Nações Unidas, explicando como será o funcionamento das estações: “Elas utilizariam os estúdios da Casa da Imprensa. As rádios foram destruídas e a sua recuperação levará algum tempo. A outra medida é que a justiça permita que os donos dessas rádios tenham acesso aos seus espaços”.

De acordo com o Comitê de Proteção aos Jornalistas, desde que os protestos contra o presidente Pierre Nkurunziza começaram, no final de abril, pelo menos quatro rádios foram atacadas por granadas, foguetes e incendiadas. A violência contra os meios começou quando o general Godefroid Niyombare afirmou em uma emissora privada que havia deposto o presidente Nkurunziza. De acordo com a União Internacional de Telecomunicações, o rádio é a principal fonte de informações para os burundianos, e a internet só chega a 1,3% da população.

No dia 13, data do anúncio do golpe, o presidente estava na Tanzânia para um encontro de líderes africanos. Após o pronunciamento do general golpista, o mandatário retornou ao país, e o Exército prendeu alguns dos articuladores do movimento. Dois dias depois, os líderes que restavam se renderam. Mas a crise não terminou neste momento: mais de 150 mil pessoas já haviam se deslocado temendo os conflitos. Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, Tanzânia, Ruanda e República Democrática do Congo abrigam mais de cem mil refugiados.

O Fundo da ONU para a Infância, Unicef, contabilizou cinco crianças mortas e 200 feridas no Burundi desde o início dos protestos. A organização apelou, em comunicado, que os pequenos não sejam envolvidos em ações que os coloquem em risco, nem sejam mobilizados para participar de manifestações.

Apesar do fracasso do golpe, os confrontos entre manifestantes e as forças do governo continuam. Nesta sexta-feira, um homem morreu baleado pela polícia em uma passeata na capital e pelo menos duas pessoas ficaram feridas após a explosão de uma granada. A Cruz Vermelha relatou ter resgatado uma menina de 12 anos, vítima de estupro. Moradores do local onde ocorreu o crime acusam um policial.

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