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Foto mostra local do assassinato de JFK, em Dallas | BRENDAN SMIALOWSKI/AFP
Foto mostra local do assassinato de JFK, em Dallas| Foto: BRENDAN SMIALOWSKI/AFP


O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou a divulgação de mais de 2,8 mil documentos sobre o assassinato de John F. Kennedy na quinta-feira (26), mas se curvou com a pressão da CIA, FBI e outras agências americanas para atrasar por mais seis meses a divulgação de registros “mais sensíveis”. Ainda assim, milhares de páginas foram publicadas no site do Arquivo Nacional. Os documentos descrevem décadas de espionagens, vigilância, informantes e argumentos sobre o assassinato. 

Aqui estão alguns dos fatos encontrados nestes documentos por repórteres e editores do jornal Washington Post: 

US$ 100 mil para matar Fidel Castro 

Um documento de 1964 descreve um encontro em que exilados cubanos tentaram fixar um preço para as cabeças de Fidel Castro, Raul Castro e Che Guevara. “Sentiram que US$ 150 mil para matar Fidel, mais US$ 5 mil de despesas era muito alto”, observou o memorando. Em uma reunião posterior, foram estabelecidas somas mais modestas: US$ 100 mil para assassinar Fidel, US$ 20 mil para Raul e US$ 20 mil para Che. 

Dois centavos

Outro documento descreve o esquema proposto pelo Pentágono, chamado de Operação Bounty, para derrubar o governo cubano. O plano era estabelecer um sistema de recompensas financeiras para cubanos que matassem ou entregassem comunistas vivos conhecidos. A CIA permitira que os cubanos soubessem do plano atirando folhetos no ar. Porém, havia regras: a recompensa só seria paga mediante a apresentação do folheto e de prova definitiva da morte do revolucionário. 

Os cubanos que participassem do esquema receberiam uma quantia em dólares com base no título do comunista que mataram. Seriam US$ 100 mil para funcionários do governo entregues e US$ 57 mil para chefes de departamento. Castro, por razões simbólicas, valeria apenas dois centavos. 

Orgias 

Um memorando do FBI, de 1960, descreve uma garota de Hollywood, “de alto preço”, abordada por Fred Otash, um conhecido investigador privado de Los Angeles. Otash estaria buscando informações sobre orgias envolvendo o então senador John F. Kennedy; seu cunhado, o atot Peter Lawford; Frank Sinatra e Sammy Davis Jr. “Ela disse aos agentes que não sabia de nenhuma indiscrição”, relatou o documento. 

À procura da stripper Kitty 

O arquivo do FBI também contém informações sobre a tentativa de localizar uma stripper chamada Kitty, cujo sobrenome ainda é desconhecido. Outra stripper, esta chamada Candy Cane, informou que Kitty havia sido sócia de Jack Ruby, dono do clube de Dallas, que matou Lee Harvey Oswald, o suspeito do assassinato de J.F.K, em 24 de novembro de 1963. 

Leon Cornman, um agente comercial da American Clan of Variety Artists, em Nova Orleans, disse ao FBI que a única stripper que conheceu pelo nome de Kitty e que trabalhou na cidade, foi Kitty Raville. Ela teria cometido suicídio em agosto ou setembro de 1963. 

Assassinato de JFK “não vale a pena para Cuba”

Um relatório considerou improvável que Cuba matasse Kennedy como uma retaliação das tentativas da CIA sobre a vida de Fidel. “O comitê não acredita que Castro teria assassinado o presidente porque tal ato, se descoberto, teria oferecido aos Estados Unidos a desculpa para destruir Cuba”, afirma o relatório. “O risco não valia a pena”. 

O terrível ‘russo’ de Oswald 

Documentos mostram que Lee Harvey Oswald vinha sendo monitorado quando estava no México, quase dois meses antes do assassinato de Kennedy. Oswald era um ex-marinheiro que desertou, seguiu para a União Soviética e se casou uma mulher russa. Em uma ligação interceptada, ele disca para a União Soviética, do consulado cubano na Cidade do México. Apesar do russo ruim, Oswald se recusa a falar em inglês. “Por favor, fale russo”, disse Oswald quando as autoridades soviéticas o responderam em sua própria língua. 

O tradutor da CIA notou que o norte-americano falava um russo terrível, quase não reconhecível. 

FBI advertiu a polícia de Dallas sobre organização para matar Oswald 

Em um memorando escrito dois dias apenas o assassinato de JFK, o diretor do FBI, J. Edgar Hoover, escreveu que sua agência havia avisado à polícia de Dallas pelo menos duas vezes sobre as ameaças contra Oswald. “Na noite passada, recebemos uma chamada em nosso escritório de Dallas de um homem falando com uma voz calma e dizendo que ele era membro de um comitê organizado para matar Oswald", escreveu Hoover. "Nós imediatamente notificamos o chefe de polícia e ele nos assegurou que Oswald receberia proteção suficiente. Essa manhã, nós chamamos o chefe de polícia novamente alertando sobre a possibilidade de algum esforço contra Oswald e, novamente, ele nos assegurou que uma proteção adequada seria dada. Isso não foi feito. " 

Oswald foi morto por Ruby na sede da polícia, na televisão ao vivo – o que alimentou décadas de teorias de conspiração. 

Ku Klux Klan 

Em um relatório interno do FBI, de maio de 1964, um informante disse que Ku Klux Klan "teria documentado a prova de que o presidente Lyndon B. Johnson era membro do Klan no Texas, durante os primeiros dias de sua carreira política". Não foi fornecida prova documental. 

Suborno a congressista americano 

Um memorando interno do FBI, datado de 22 de janeiro de 1960, discute uma suposta tentativa de suborno a um congressista dos EUA para trazer o ditador cubano deposto Fulgencio Batista para os Estados Unidos. O memorando, citando informações fornecidas por um negociante de armas de Miami, diz que, em troca da entrada nos Estados Unidos para Batista, US$ 150 mil seriam divididos entre o representante dos EUA, Abraham Multer, DN.Y., um advogado de Miami Beach, e dois adeptos de Batista. De acordo com o memorando, o FBI levou a suposta trama o bastante para investigar, mas o próprio Batista teria recusado a proposta. 

Investigação do Partido Comunista 

Muitos documentos resumem as discussões internas nas reuniões do Partido Comunista após o assassinato, discutindo se Oswald era inocente e se os comunistas seriam culpados pela morte de Kennedy. Os agentes investigaram rumores vindos de prisioneiros e poetas. 

Planos para matar Fidel 

Alguns dos artigos relataram os esquemas da CIA para matar Fidel Castro. Um dos documentos relatou como a agência tentou usar James B. Donovan, o advogado americano. Ele daria a Castro uma roupa de mergulho contaminada, enquanto os dois negociavam a libertação de prisioneiros da Baía dos Porcos. 

"Sabia-se que Fidel Castro gostava de mergulho. O plano da CIA era esvaziar o interior da roupa com um fungo capaz de provocar uma doença de pele incapacitante e crônica e também contaminar o equipamento com bacilos de tuberculose, no aparelho de respiração". Donovan, no entanto, não participou do plano como era previsto. Ele presentou o líder cubano com "uma roupa não contaminada, como um gesto de amizade".  

Também foram descritas conversas sobre a preparação de uma “armadilha” em uma área que Castro gostava de mergulhar. Uma concha marinha, que pudesse chamar a atenção do cubano, seria carregada de explosivos, que iriam sair, caso a concha fosse levada por ele. "Após a investigação, constatou-se que não havia conchas na área do Caribe grandes para manter uma quantidade suficiente de explosivos e que fossem espetaculares o suficiente para atrair a atenção de Castro". 

Jack Ruby e o policial Tippitt 

Em abril de 1964, o memorando de J. Edgar Hoover ordenou ao FBI que verificasse o relatório envolvendo Jack Ruby e o policial JD Tippitt, morto por Oswald ao tentar prendê-lo após o assassinato de JFK, em Dallas. JD Tippitt e Ruby já tinham se encontrado no clube de strippers Carousel Club, antes do crime ocorrer. 

Envolvidos de Hollywood 

Muitos dos arquivos revelam os esforços do FBI, muitas vezes extraordinários, para identificar comunistas suspeitos nos Estados Unidos. Dezenas de documentos representam registros breves sobre indivíduos cujos nomes foram retirados da lista de endereços para publicação intitulada "The Worker". Outros arquivos incluem relatórios envolvendo figuras de Hollywood, incluindo o roteirista John Howard Lawson, suspeito de ser membro do Partido Comunista na Califórnia. 

Partido pequeno o suficiente para caber em um carro  

Os documentos mostram que, durante anos, o FBI usou informantes para monitorar o Partido Comunista em Dallas - um grupo que consistia em cinco ou seis pessoas. O partido era tão pequeno que podia fazer uma reunião dentro de um carro. 

Previsões do colapso cubano

Os documentos centralizam também atividades dos grupos anticastristas cubanos, incluindo o Movimiento Insurreccional de Recuperación Revolucionaria (MIRR) – e como o FBI tentou dissuadir seus planos para invasões armadas da ilha. Um documento do FBI, de junho de 1959, prevê uma revolta que nunca veio: "As condições estão ficando tão ruins em Cuba, que pode ser que uma contra-revolução aconteça dentro de Cuba, ao invés de esperar por qualquer força de invasão de fora. Os interessados poderosos, como os banqueiros, estão extremamente insatisfeitos". 

De modo semelhante, outro relatório do FBI, de 1959, transmite informações sobre os exilados cubanos que se reuniriam para substituir Castro se ele fosse derrubado, um resultado visto como quase seguro. O mesmo documento cita a previsão, de um informante, de que Castro "não duraria mais de dois meses". 

E o verdadeiro assassino de JFK foi. . . 

Os registros também revelam investigações sobre atividades da CIA, em 1975, quando Richard Helms era diretor da agência. Depois de uma discussão sobre o Vietnã, David Belin, advogado da comissão que apura o caso, quis saber se a CIA estava envolvida, de uma maneira conspiratória, no assassinato de Kennedy. "Bem, agora, a área final da minha investigação diz respeito a acusações de que a CIA estava de alguma forma envolvida com o assassinato do presidente Kennedy. Durante o tempo da Comissão Warren, você era diretor adjunto, está correto?", Belin perguntou. Depois que Helms respondeu que era diretor nessa época, Belin questionou: "Existe informação envolvida com o assassinato do presidente Kennedy, que mostra que Lee Harvey Oswald era de alguma forma um agente da CIA ou agente..." 

Então, de repente, o documento é cortado.

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