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Francisco durante missa em Santa Cruz de la Sierra: pontífice defendeu preservação do meio ambiente e mudança de sistema. | STRINGER/BOLIVIA/REUTERS
Francisco durante missa em Santa Cruz de la Sierra: pontífice defendeu preservação do meio ambiente e mudança de sistema.| Foto: STRINGER/BOLIVIA/REUTERS

O papa Francisco criticou ontem, durante missa na Praça do Cristo Redentor, em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, a “lógica do descarte” e incentivou os fiéis a dar de comer aos que têm fome. Mais tarde, ao falar para movimentos sociais, o pontífice defendeu uma “mudança de estruturas” mundial e exortou a sociedade a realizar três tarefas na economia, na união entre os povos e na preservação do ambiente. O papa encerra a visita à América do Sul hoje, no Paraguai.

“É um convite que hoje ressoa fortemente para nós: ‘Não é necessário mandar ninguém embora, basta de descartes; dai-lhes vós mesmos de comer’.”

Papa Francisco, durante missa em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.

Diante de milhares de fiéis que acompanharam a missa, Francisco refletiu sobre o milagre dos pães e peixes e lembrou que Jesus convidou os discípulos a dar de comer aos que tinham fome. “É um convite que hoje ressoa fortemente para nós: ‘Não é necessário mandar ninguém embora, basta de descartes; dai-lhes vós mesmos de comer’“, clamou.

Ao encerrar o 2º Encontro Mundial dos Movimentos Populares, o papa defendeu uma “mudança de estrutura”. “Reconhecemos que este sistema impôs a lógica dos lucros a qualquer custo, sem pensar na exclusão social ou na destruição da natureza?”, perguntou a representantes de movimentos sociais. “Se é assim, insisto, digamos sem medo: queremos uma mudança, uma mudança real, uma mudança de estruturas. Este sistema já não se aguenta, os camponeses, trabalhadores, as comunidades e os povos tampouco o aguentam. E tampouco o aguenta a Terra, a irmã Mãe Terra, como dizia são Francisco”, afirmou.

Vaticano se diz surpreso por “crucifixo comunista” de Evo

O Vaticano admitiu ontem ter se surpreendido ao descobrir que a foice e o martelo adornados com um Cristo crucificado, presente dado pelo presidente boliviano, Evo Morales, ao papa Francisco, foi desenhado por um sacerdote jesuíta assassinado em 1980.

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Para o papa, a “globalização da esperança” nasce e cresce entre os pobres, mas até a elite econômica quer mudanças: “Dentro dessa minoria cada vez menor que acredita que se beneficia com este sistema reinam a insatisfação e especialmente a tristeza. Muitos esperam uma mudança que os libere dessa tristeza individualista que os escraviza.”

Francisco propôs a realização de três tarefas: “colocar a economia a serviço dos povos”, com o objetivo de assegurar os “três Ts: trabalho, teto e terra”; “unir nossos povos no caminho da paz e da justiça”; e lutar pela preservação. “Não se pode permitir que certos interesses se imponham, submetam os Estados e organismos internacionais e continuem destruindo a criação”, disse.

O papa ainda pediu perdão pelos crimes contra os povos indígenas durante a “conquista da América”. “Aqui, quero me deter em um tema importante. Porque alguém poderá dizer, com direito, que quando o papa fala de colonialismo, se esquece de certas ações da Igreja”, afirmou. Francisco disse “com pesar” que foram cometidos “muitos e graves pecados” contra os povos da América do Sul utilizando Deus como justificativa.

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