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Nicolas Sarkozy | Etienne Laurent/EFE
Nicolas Sarkozy| Foto: Etienne Laurent/EFE

O partido francês de extrema direita Frente Nacional obteve apenas ganhos limitados neste domingo nas eleições locais na França, vencidas pelos conservadores liderados pelo ex-presidente Nicolas Sarkozy.

A FN, contrária à imigração e contrária ao euro, deve conquistar até 108 assentos nos conselhos locais, contra apenas um assento que detém atualmente. O resultado, no entanto, não será suficiente para dar ao partido o controle de sequer um conselho dos 102 “departamentos”, segundo pesquisas boca de urna.

Hollande perde nas departamentais em seu principal reduto no sul da França

O presidente da França, François Hollande, viu neste domingo a direita arrebatar seu reduto eleitoral de Corrèze, no sul do país, onde os conservadores teriam vencido em pelo menos 11 de seus 19 cantões.

A vitória da UMP constituía um símbolo dentro da leitura geral deste pleito: nesse departamento rural, tradicionalmente de direita, o ex-presidente Jacques Chirac foi muitos anos eleito deputado, até que em 2008 Hollande o tirou dos conservadores e o dirigiu até sua eleição como presidente da República.

Recuperar Corrèze era, portanto, uma presa maior para o ex-chefe de Estado e presidente da UMP, Nicolas Sarkozy, que apoiou a campanha que a ex-primeira-dama Bernadette Chirac, oriunda dessa região e muito arraigada politicamente, fez no departamento contra Hollande.

Nas eleições municipais do ano passado, a direita tinha recuperado a maior parte das principais localidades desse departamento, com exceção de Tulle, a capital, que permaneceu fiel ao atual presidente francês.

Os candidatos de direita tinham obtido na primeira rodada do domingo passado quatro de seus cantões, e os pedidos dos socialistas em favor da unidade da esquerda para colocar freio foram em vão.

“A esquerda, muito dispersa, muito dividida no primeiro turno, atravessou um franco retrocesso”, afirmou hoje o primeiro-ministro, Manuel Valls, depois que, com as primeiras estimativas de voto, sua formação tenha perdido em nível nacional de 26 a 30 departamentos. EFE

O partido UMP, de Sarkozy, e seus aliados devem ficar com entre 66 e 70 departamentos, acima dos 41 atuais, enquanto os socialistas, que estão no governo, devem perder metade dos 61 departamentos que tinham antes da eleição, apontou a pesquisa boca de urna da CSA para a BFMTV. Outras pesquisas mostraram resultados parecidos.

A conquista de dois terços dos departamentos será um impulso para Sarkozy, cuja volta ao comando do UMP há quatro meses é contestada por outras lideranças veteranas do partido.

“Os franceses rejeitaram de forma maciça as políticas do (presidente francês) François Hollande e seu governo”, disse Sarkozy a simpatizantes de seu partido. “A hora da mudança é agora.”

A líder da FN, Marine Le Pen, tenta a estratégia de ampliar sua base local para estar melhor posicionada para as eleições nacionais, mas tem sofrido para transformar uma crescente popularidade em vitórias eleitorais.

As primeiras pesquisas boca de urna apontaram que a FN ficaria com até dois departamentos, mas o partido reconheceu posteriormente que esse resultado não seria alcançado. A legenda, no entanto, disse que a conquista de tantos assentos vai ajudar a disseminar suas ideias.

“No segundo turno nós sabíamos que o sistema eleitoral permitiria que os cúmplices do UMPS dividissem a torta entre si”, disse o pai de Le Pen e fundador da FN, Jean-Marie Le Pen, numa referência ao UMP e ao Partido Socialista (PS).

“Vitória” para FN

“Mas é uma vitória para a FN”, acrescentou ele, lembrando que o partido conquistou um em cada quatro votos no primeiro turno da eleição local.

Já Marine Le Pen chamou o resultado de “as fundações para a grande vitória de amanhã”.

O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, cuja administração profundamente impopular está tentando dar sinais modestos de recuperação da segunda maior economia da zona do euro, reconheceu a derrota e disse que o governo vai introduzir novas medidas para impulsionar o emprego e os investimentos público e privado.

“A extrema direita é forte, muito forte. Os resultados são um desafio para todos os democratas”, afirmou ele. “Este é um sinal de uma reviravolta duradoura da paisagem da nossa política e vamos todos precisar tirar lições disso.”

A FN, que liderou as eleições para o Parlamento Europeu na França no ano passado, pretende fazer novos progressos nas eleições regionais marcadas para dezembro. Pesquisas apontam que Le Pen chegaria ao segundo turno das eleições presidenciais de 2017, mas não venceria.

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