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O governo turco cumpriu suas ameaças e bombardeou, neste sábado 13, uma zona controlada pelas milícias curdas no norte da Síria, assim como alvos do governo sírio no noroeste do país.

O ataque pode complicar a resolução da crise no país.

Arábia Saudita e Turquia já haviam advertido que poderiam lançar uma operação terrestre na Síria. O anúncio provodou alertas por parte do presidente Bashar al-Assad e alarme de Estados Unidos e Rússia.

De Munique, onde participa da Conferência Anual de Segurança, o secretário de Estado americano John Kerry, advertiu que as decisões que forem tomadas nos próximos dias podem abrir as portas para “um conflito mais amplo”.

“Estamos em um momento fundamental” entre a guerra e a paz, insistiu Kerry.

Hoje, o Exército turco bombardeou zonas controladas pelas forças curdas na província de Aleppo, no norte da Síria, de acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) e com a própria força armada.

As tropas turcas bombardearam zonas que as Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG) reconquistaram há pouco das mãos dos rebeldes extremistas na província de Aleppo, principalmente na zona de Minnigh, relatou o diretor da ONG, Rami Abdel Rahman.

Uma fonte próxima às YPG disse à AFP que os bombardeios turcos tinham como objetivo o aeroporto militar de Minnigh, conquistado em 10 de fevereiro pelas forças curdas.

Mais cedo neste sábado, o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, havia alertado sobre as ações que seu país empreenderia na Síria contra o partido sírio curdo União Democrática (PYD), considerado por Ancara como um grupo terrorista.

“Se for necessário, podemos tomar na Síria as mesmas medidas que tomamos no Iraque e em Qandil”, garantiu Davutoglu, falando da cidade de Erzincan (leste), ao se referir à campanha do ano passado contra o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) no norte do Iraque.

“Se chegarmos neste extremo, esperamos que nossos amigos e aliados nos apoiem”, alertou.

Ancara considera o PYD e seu braço armado, as YPG, como ramos do PKK, que desde 1984 mantém um conflito com o Estado turco.

Com a ajuda da Aviação russa, na última quarta-feira, as milícias do YPG tomaram a cidade e a base de Minnigh, ao norte de Aleppo.

Esta pista fica entre duas das principais estradas que conduzem para Azaz, no norte, partindo de Aleppo, e seu controle permite que os curdos lancem novas operações contra os extremistas mais a leste.

As forças do governo haviam perdido o controle desta base em agosto de 2013, dois anos após o início do conflito interno na Síria, uma guerra que deixou mais de 260.000 mortos.

Possível operação terrestreO ministro turco das Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, não descartou que seu país e a Arábia Saudita, que se opõem ao regime de Al-Assad, participem de uma operação terrestre na Síria.

“Se houver uma estratégia (contra o grupo Estado Islâmico), então, Turquia e Arábia Saudita poderão entrar em uma operação terrestre”, disse o ministro turco, citado pelos jornais Yeni Safak e Haberturk, depois de participar de Conferência em Munique.

Cavusoglu acrescentou que “a Arábia Saudita também enviará aviões para a Turquia” - para a base de Incirlik, especificamente.

Incirlik já é usada pela coalizão dirigida pelos Estados Unidos contra o EI no Iraque e na Síria. Dessa base aérea operam aviões britânicos, franceses e americanos para atacar alvos do EI na Síria.

Tanto Riad quanto Ancara consideramm que a saída do presidente sírio é essencial para pôr fim aos cinco anos de guerra civil no país. Nesse sentido, também criticam o apoio de Irã e Rússia a Al-Assad.

Ao ser questionado sobre se a Arábia Saudita poderia enviar tropas para a fronteira turca para cruzar a Síria, Cavusoglu respondeu: “isso é algo que se pode querer, mas não existe qualquer plano”.

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