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Os últimos dias têm sido agitados para a comunidade científica que busca por sinais de vida extraterrestre. A sonda New Horizons, da Nasa, finalmente chegou a Plutão e mandou-nos fotos incríveis; o famoso físico Stephen Hawking lançou o projeto Breakthrough Listening e Breakthrough Message, uma espécie de ressureição do projeto Seti por busca de vida extraterrestre inteligente; e, em 23 de julho, a Nasa divulgou a descoberta do exoplaneta mais parecido com a Terra encontrado até então – o Kepler 452b, mas divulgado como “Terra 2.0”. Por que tantas novidades na mesma área em tão pouco tempo? Há duas razões simples: necessidade de explorar e capacidade tecnológica para fazê-lo.

O ser humano é explorador por natureza. Há algo dentro de nós que nos impele à vastidão e ao desconhecido. Sentimos uma verdadeira necessidade da descoberta e do domínio. Uns veem isso como ruim, citam os males que causamos ao meio ambiente e a nós mesmos. Outros preferem ver o copo “meio cheio” e interpretam nossos erros históricos como efeitos colaterais do grande avanço humano e tecnológico que a necessidade de exploração nos deu. Eu faço parte do segundo grupo.

O futuro do homem é o universo; a Terra é só o nosso berço

Entretanto, a exploração sempre está limitada pela tecnologia e pelo dinheiro. Pense na descoberta das Américas com as grandes navegações e logo o leitor perceberá o complexo jogo entre aspirações humanas, política, tecnologia e dinheiro. Há milênios queremos saber o que há além do nosso planeta, mas faz menos de três décadas que conquistamos a tecnologia necessária para encontrar as respostas. Não estou exagerando: cem anos atrás não havia consenso nem sequer sobre a existência de outras galáxias. O primeiro exoplaneta foi descoberto em 1995, e a razão principal era a falta de dados.

A astrofísica e a exploração espacial beneficiaram-se das grandes descobertas da Física que tornaram o século 20 conhecido como “o século da Física”. Quase toda a tecnologia cotidiana de hoje só foi possível com o desenvolvimento da Teoria Eletromagnética, da Mecânica Quântica, da Relatividade Geral e da Física do Estado Sólido. Faça uma busca pelos prêmios Nobel de Física e o leitor verá contada não só a história da Física, mas da tecnologia.

Conquistada a tecnologia, foi uma questão de tempo para conseguir o apoio político capaz de prover o dinheiro para a grande exploração espacial. Naturalmente, é preciso ganhar dinheiro com a exploração (não foi diferente nas grandes navegações), e agências espaciais como a Nasa sabem conciliar vários interesses: segurança nacional com projetos militares, dinheiro com satélites civis e pesquisa científica e tecnológica de ponta.

Hoje temos muitos projetos científicos em busca de vida fora da Terra e outros lugares habitáveis no universo. Há várias dezenas de satélites e sondas espaciais dedicados a essa tarefa. As sementes que estamos plantando hoje nos trarão avanços surpreendentes nas próximas décadas. O futuro do homem é o universo; a Terra é só o nosso berço, e já faz tempo que aprendemos a engatinhar e não nos conformamos mais em ficar presos no mesmo lugar.

Alexandre Zabot, físico e doutor em Astrofísica, é subcoordenador do curso de Engenharia Aeroespacial da Universidade Federal de Santa Catarina.
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