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Estamos num tempo especial que nos convida a uma verdadeira conversão. A Quaresma é um período de intensa espiritualidade e toda a liturgia nos ajuda a mergulhar no mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. Marcos, hoje, nos proporciona o relato da Transfiguração do Senhor (Mc 9,2-10) e como que antecipa a revelação gloriosa de Jesus.

Na montanha, Jesus revela aos seus discípulos uma verdade que talvez não fosse esperada pelo povo ou pelos próprios apóstolos. Deus se fez carne não para expulsar os romanos ou derrotar em guerra os povos inimigos. Para isso ele não precisaria se encarnar, poderia fazê-lo de outra forma. Eles talvez esperavam um Messias totalmente humano que assumiria também a raiva e o ódio para vingar os seus inimigos. Porém, a lógica de Jesus começa a se manifestar diferente, muito mais profunda e muito mais divina.

Ele se fez um de nós para tornar todos os homens filhos de Deus, fraternos entre si, membros da grande família do Pai, concidadãos do Reino dos Céus. O Verbo de Deus se fez carne para assumir os pecados do mundo e remi-los com seu sangue no lenho da cruz. A morte de cruz, que era um escândalo, se tornou o sinal da redenção. Portanto, a lógica de Deus não é a mesma que a nossa.

Na Transfiguração Jesus se apresenta em sua glória. Mostra sua identidade divina e a grandeza de sua missão. Ao conversar com Moisés e Elias, Jesus mostra que não veio anular a antiga lei, mas aperfeiçoá-la e levá-la a plenitude para que todos pudessem participar da sua salvação.

Dessa forma, temos neste domingo um convite para fazermos esta experiência de antecipar em nossa vida essa plenitude que um dia viveremos. A Páscoa do Senhor que está por vir renova o homem por inteiro e é um chamado para uma nova humanidade, liberta do egoísmo e do pecado e renascida na água e no Espírito.

Subamos o Monte da Transfiguração com Jesus e deixemo-nos transformar no seu amor, na sua misericórdia, na sua graça. Enfraquecidos pelos nossos pecados, temos de aprender a confiar em Jesus como Aquele que nos liberta do mal e nos conduz pelos caminhos da paz.

Se realmente fizermos essa experiência de ressurreição, então tudo ao nosso redor também se transfigurará.

A verdade de Cristo deve agora se manifestar no nosso corpo transfigurado pelo seu amor nos unindo com laços de fraternidade. Seremos testemunhas de um Deus que se fez um de nós para nos tornarmos verdadeiramente sua imagem e semelhança em cada gesto que realizarmos.

Mostremos, com a Sua transfiguração, a verdade do nosso corpo, da nossa alma e de todo o nosso ser. No mundo descrente e obscurecido pelo egoísmo, façamos brilhar o rosto de Cristo transfigurado nos nossos gestos de solidariedade.

Dom Rafael Biernaski é administrador arquidiocesano da Arquidiocese de Curitiba.
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