• Carregando...
 | /
| Foto: /

Todos nós já ouvimos e lemos, várias e várias vezes, sobre a revolução tecnológica que está mudando o mundo. Mudou a forma como nos comunicamos, como fazemos compras, a forma como nos divertimos, mudou a medicina e muitas áreas da nossa vida. Hoje temos mais e melhores remédios, cirurgias podem ser realizadas a distância com o uso de robôs, e diagnósticos podem ser feitos com maior precisão. Como consequência, a expectativa de vida cresceu, com o correspondente aumento da população idosa.

Segundo relatório preliminar da ONU deste ano, entre 2017 e 2050 o número de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos vai mais que dobrar nos países em desenvolvimento, passando de 652 milhões para 1,7 bilhão. Em 2050, só para termos uma ideia, 79% da população mundial com 60 anos ou mais viverá em países em desenvolvimento, como o Brasil. Será que estamos preparados para isso? Nossas cidades estão preparadas para isso?

A queda da taxa de fertilidade, aliada ao aumento da população idosa, afeta fortemente as contas públicas, aumentando despesas com saúde, pensões e previdência. As famílias, cada vez menores, e dispendendo cada vez mais tempo para as atividades laborais, por sua vez, passam a ter dificuldades na atenção e cuidado com os idosos. As cidades precisam estar acessíveis para os idosos, que passam por um natural processo de redução de mobilidade.

Políticas para as famílias as ajudam a cumprir suas funções e beneficiar toda a sociedade

A resposta para essas situações passa inevitavelmente pela valorização da família em uma lógica de solidariedade intergeracional. Em um documento do secretário-geral da ONU para as preparações do 20.º aniversário do Ano Internacional da Família, em 2014, ouvimos que a família é aquela que assume a responsabilidade primária pelo desenvolvimento, educação e socialização das crianças, fornecendo os cuidados e apoio materiais e não materiais aos seus membros em todas as etapas da vida. Há, continua o secretário, uma necessidade de que as políticas públicas, ações da sociedade civil organizada e entidades do terceiro setor adotem de vez uma perspectiva de família.

Essa solidariedade intergeracional, por sua vez, pode ser definida como a coesão social entre gerações. Ela liga pessoas a grupos, e grupos a outros grupos dentro da sociedade, compartilhando expectativas, experiências e obrigações de cuidado.

Dentro de uma perspectiva de família, devemos trabalhar para eliminar a transmissão intergeracional da pobreza, garantir acesso à saúde e gerar bem-estar em todas as etapas da vida, proporcionar melhores resultados educacionais para os filhos, permitir uma maior conciliação entre o tempo da família e o tempo de trabalho, e criar cidades mais acessíveis. Planejar acessibilidade hoje sai bem mais barato que remendar acessibilidade amanhã.

Nossas convicções: O valor da família

Leia também: Os idosos estão sendo descartados (artigo de Reginaldo Manzotti, publicado em 21 de outubro de 2016)

Mais do que isso: pensar no envelhecimento da população não é pensar em um ônus, mas em uma grande oportunidade de desenvolvimento da sociedade.

Homens e mulheres com mais de 60 anos estão investindo tempo em novos estudos, novos trabalhos, remunerados ou não, novas atividades. Para alguns, essas novas ocupações podem estar associadas ao cuidado dos netos, dando suporte para os pais, e criando vínculos e memórias preciosas para as futuras gerações. Para outros, pode significar um maior engajamento nos assuntos da comunidade, voluntariado, política etc.

Políticas para as famílias têm um importante papel para ajudá-las a cumprir suas funções e beneficiar toda a sociedade. Do jeito como as coisas andam, é o melhor que podemos fazer para o nosso futuro.

Francisco Augusto Garcia é especialista em políticas públicas para primeira infância.
0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]