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| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Segundo análise do Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace/FGV), o Brasil ingressou no atual ciclo recessivo no segundo trimestre de 2014, após um período de crescimento de 20 trimestres consecutivos. Ainda não se tem clareza, no cenário nacional, de saída estrutural do Brasil do ciclo recessivo, embora os indicadores antecedentes e conjunturais apontem para uma reação da economia neste ano, dado o crescimento do PIB, em relação ao trimestre anterior, nos dois primeiros trimestres.

A perspectiva é de que, em função do forte crescimento do agronegócio, puxado por uma excepcional safra agrícola, da contínua redução da taxa de juros básica e da expansão da demanda externa, diante de um câmbio mais bem ajustado para aproveitar as novas oportunidades do comércio mundial, a economia brasileira possa ter um pequeno crescimento – entre 0,5% e 1% – em 2017, e ajustar uma taxa de crescimento superior a 2,5% em 2018. Uma brisa de ar fresco depois de dois anos consecutivos de quedas superiores a 3,5% no PIB.

Mesmo assim, a economia ainda está longe de uma estação mais refrescante, depois de tanto período de seca. Ainda que os mercados financeiros estejam movimentados e precificando em alta a recuperação da economia brasileira, reposicionando o preço de ativos, as bases mais sólidas da recuperação brasileira e retomada do crescimento vão depender do cenário eleitoral resultante das eleições de 2018. Como os mercados financeiros vivem de ganhos especulativos, esperam-se grandes emoções no ano eleitoral, com os institutos de pesquisa de intenções de voto parametrizando os índices na bolsa de valores.

O Paraná obtém bons resultados, impulsionados por sua estrutura produtiva mais diversificada, dinâmica e competitiva

Mas como a economia paranaense está reagindo? Quais são os parâmetros de retomada de nossa região que são distintos do observado na economia brasileira? Como não se dispõe de informações regulares do PIB trimestral da economia paranaense, utilizaremos, para avaliar o desempenho geral da economia, os dados do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC) calculados, desde 2003, para diferentes regiões do país (IBCR), entre os quais destacamos as informações para o Paraná.

Nos últimos dez anos, ficou evidenciado o ciclo de crescimento da economia brasileira e paranaense entre meados de 2009 e o início de 2014, período que marcou um descolamento no ritmo de expansão entre o Paraná e o Brasil. Nessa fase de ciclo de expansão, o Paraná observou uma taxa de crescimento anualizado da atividade econômica média de 4,4%, enquanto no Brasil a média ficou em 2,8%. O pico do IBC-Brasil e IBCR-Paraná foi marcado no início de 2014, quando atingiu 147,99 pontos para o Brasil, em março de 2014, e 166,68 pontos para o Paraná, em janeiro de 2014.

A partir desse período, foi observada uma fase de ciclo recessivo, com contração contínua até dezembro de 2016. Nessa fase recessiva, o país observou uma contração anualizada média de 2,5%, com uma queda de 10,1% na sua atividade econômica. Na mesma fase recessiva, o Paraná observou uma contração anualizada média de 1,7%, com queda de atividade econômica de 8,6%. No ciclo de expansão, o Paraná teve um desempenho superior; no ciclo de recessão, a queda foi crítica, mas menos íngreme que no restante do país.

Leia também:É preciso crescer – não importa o contexto (artigo de Pedro Guimarães e Vicente Quadros, publicado em 23 de julho de 2017)

Leia também:A crise política e seus impactos sobre a economia (artigo de Marcelo Curado, publicado em 24 de junho de 2017)

A diferença é ainda mais notável na atual fase de reação. O Paraná, de acordo com o IBCR, iniciou sua reação ainda em setembro de 2016, e até julho de 2017 já observou um crescimento na sua atividade econômica de 5%, enquanto que o Brasil, que começou sua recuperação somente no início de 2017, cresceu, em sete meses de reação, cerca de 2%. O Paraná sai antes e com maior força na sua reação econômica, enquanto o Brasil, mais abalado pelos parâmetros de endividamento e finanças públicas (da União e estados-chave como Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul), além da retomada lenta em alguns setores industriais, revela uma capacidade de reação mais modesta.

Ainda que o ritmo de reação da economia brasileira e as condicionantes macroeconômicas nacionais, como taxa de juros, taxa de câmbio, inflação, salário e preços administrados, além do macroambiente definido pelas negociações internacionais e as condicionantes políticas e jurídicas, formem o cenário que limita ou possibilita maior crescimento regional, o que se observa é que o Paraná obtém bons resultados econômicos impulsionados por sua estrutura produtiva mais diversificada, dinâmica e competitiva.

Wilhelm Milward Meiners é professor e pesquisador do Estúdio de Economia da PUCPR e colaborador do Comitê Macroeconômico do Isae/FGV.
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