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Neste domingo o Brasil pulsa. As ruas estarão tomadas por brasileiros que pedem a saída da presidente Dilma Rousseff, a prisão do ex-presidente Lula e manifestam apoio ao juiz Sergio Moro e aos homens da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. É o pilar social da estrutura que sustenta o impeachment de um presidente da República, que conta ainda com o pilar jurídico e o pilar político.

Há meses descrevi nesta mesma Gazeta a estrutura do impeachment para demonstrar que o processo já estava em curso, independentemente dos protocolos do Congresso e da Justiça. Nem todos se dão conta, mas as manifestações populares contra o governo Dilma ocorrem desde o segundo semestre de 2014, o que comprova a maturidade e solidez do componente social necessário ao processo de afastamento da presidente.

No momento inicial das manifestações a estrutura política não dava mostras de que viria a fazer parte dessa sustentação, mas a situação atual é completamente diferente. A realidade da crise econômica catastrófica e a pressão popular arrastaram a política para o processo. No Congresso Nacional, o governo Dilma perde apoio a cada dia, ao ponto de até parlamentares petistas reconhecerem que o governo não tem a força necessária para aprovar reformas por ele desenhadas. O que está implícito nisso é: se o governo não tem forças para aprovar nada, ou seja, mover-se, o governo está prestes a morrer.

A política e as ruas são alimentadas pelos fatos. Os últimos fatos em nada favorecem o esquema de sustentação do governo Dilma. A presidente foi eleita por Lula, que se orgulha de ter convencido o povo a escolher o seu “poste” para governar o país. Foi baseada na popularidade e confiança em Lula que Dilma passou a existir. No entanto, as revelações de que o ex-presidente pode ter se beneficiado com a formidável máquina de roubar dinheiro público montada na era petista jogaram lama na popularidade e confiança política encarnadas em Lula.

Se o governo não tem forças para aprovar nada, ou seja, mover-se, o governo está prestes a morrer

Se o governo era conduzido por um “poste” e iluminado por um “mito”, e este “mito” passa a ser percebido pelas pessoas como um criminoso, a morte iminente desse projeto de poder é percebida pelos seres políticos que, por instinto de sobrevivência, procuram migrar para outro projeto onde possam sobreviver, e fazem isso antes mesmo que o projeto atual entre em estado de putrefação.

Como um governo enfraquecido não tem condições de se mover, ou seja, não consegue implantar soluções que revertam o desastre econômico e administrativo, tampouco se livra da lama que jorra pela Operação Lava Jato, o fluxo migratório de políticos que saem da base de sustentação do governo para sobreviverem na estrutura de sustentação do impeachment passa ser incontrolável e irreversível.

Essa percepção de fraqueza corrobora para outro fenômeno interessante. A fundamentação jurídica do processo de impeachment é a mesma que, ainda no ano passado, despertou a desconfiança e a ira de muitos intelectuais e juristas. Contudo, hoje já não há controversa jurídica que seja razão para que o impeachment não vá adiante. O que ainda será discutido no Supremo Tribunal Federal diz respeito ao rito e não ao objeto do impeachment.

A dúvida que resta não é sobre a hipótese de sobrevivência do governo Dilma. É sobre o seu enterro. No estágio em que todo o processo se encontra, o tempo será definido pelas manifestações populares. Os brasileiros nas ruas formarão o cortejo fúnebre da gestão Dilma e ditarão a velocidade com que os restos serão conduzidos até o destino final. É pra sepultar a era petista que o Brasil pulsa. O povo marchará até sobre as jararacas que cruzarem o seu caminho.

Paulo Eduardo Martins é jornalista e diretor de Relações Institucionais do Instituto Liberal.
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