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Para o trabalhador brasileiro a crise econômica já representa maior perigo do que o medo de se tornar estatística junto aos outros 11,1 milhões, que amargam o desemprego; a esperança de um futuro melhor está sendo abalada à medida que o brasileiro vê sua renda ser corroída pela inflação e pelos altos impostos. Pais e mães, muitas delas chefes de família, não conseguem fazer as compras do mês com a mesma quantidade de dinheiro de alguns anos atrás, mas nem por isso os impostos diminuíram ou o retorno social deles, em serviços públicos, aumentou.

Na verdade, os cidadãos vem pagando cada vez mais impostos. Entre 1994 e 2015, passamos a entregar de 27,9% a 36,5% de tudo o que é gerado com o próprio trabalho. Se olharmos o período entre 1994 e 2009, para cada 100 reais produzidos, R$ 45 deles foram para o governo, conforme dados do IBGE. Campeões às avessas, na América Latina somos a única nação que arrecada mais do que os países ricos. Em compensação, seguimos no último lugar do ranking de países do Instituto de Planejamento Tributário (IPT), que mede o retorno dos impostos para a população.

Já é chegada a hora de acabar com esse ciclo vicioso que afeta aqueles que tentam gerar riqueza no país

O trabalhador no Brasil é um dos que mais são afetados por essa nociva dicotomia, de pagar muito e receber pouco do governo em retorno social. Nosso país é um dos que mais tributam o trabalho, segundo o relatório Doing Bussiness a taxação já chega a 40% do lucro comercial. Somos também campeões em horas trabalhadas só para pagar impostos: 2600 horas por ano, ou quase seis meses de trabalho anuais que são engolidos pelo fisco. E o triste resultado dessa conta é simples: tributar demais o trabalho é o mesmo que gerar desemprego; porque aquele que deseja trabalhar não tem oportunidade, enquanto que quem ainda se sustenta como empreendedor também não tem confiança para investir e condições de contratar.

Ora, se não há o básico, pois metade dos brasileiros não tem nem acesso a esgoto e 20% da população sequer tem água tratada, para onde vão esses recursos? Acredito que colocar a culpa só na corrupção não reflita a realidade. Por incrível que pareça há algo que custa tanto ou mais do que a roubalheira: a ineficiência. Aquela é moralmente intolerável, já esta pode ser até “defensável”, mas é culpada por não termos o retorno social adequado em serviços públicos. Em meio às promessas eleitorais, quantas vezes já não ouvimos: ...”investi tanto em Saúde, mais não sei quanto em Educação”... Mas cabe perguntar aos nossos governantes: o dinheiro investido nas mais diversas áreas obteve ou está obtendo o melhor retorno possível?

Neste ano de eleição ouviremos muitos alegarem ter a solução para todos os nossos problemas, com propagandas eleitorais cinematográficas. É bom mantermos a atenção, pois certamente são esses os que nos ‘custarão mais caro’, pois insistem em não entender que o papel do gestor público é apenas de coadjuvante, de facilitador de cenário para o verdadeiro protagonista: o indivíduo, o cidadão. A voz das ruas disse em alto e bom som que o povo, o trabalhador está cansado de só pagar a fatura dos governos; cansado de ser chamado só na hora de votar e esquecido na hora de ser atendido por quem governa.

Já é chegada a hora de acabar com esse ciclo vicioso que afeta diretamente aqueles que tentam gerar riqueza no país. É necessário ter gestores com visão e sensibilidade social que entendam a responsabilidade de fazer a máquina pública ser cada vez mais eficiente para entregar serviços públicos de qualidade, essencialmente para quem mais precisa; bem como necessitamos de ter pessoas públicas com a capacidade de gestão e coragem para cortar desperdícios nos gastos. Desta forma, creio que teremos espaço para fazer verdadeira justiça social que é: dar alto retorno social e reduzir os impostos, mantendo, ao máximo, o dinheiro no bolso do trabalhador.

Marlene Campos Machado é empresária e dirigente partidária
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