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Há meses venho defendendo a candidatura própria do Partido dos Trabalhadores à prefeitura de Curitiba em 2016. Deixei as minhas razões bem claras. Fiquei um pouco perplexa com o tom de surpresa adotado dentro e fora do partido e do governo municipal. Não foi o caso, evidentemente, do prefeito Gustavo Fruet, com quem tenho tratado abertamente do tema desde o início do ano.

É sabido que a nossa estrela tem causado incômodo a muita gente. Pesa. Ora, integrar um partido político que tem envolvidos em escândalos de corrupção não é confortável para ninguém. Não concordo com o que foi feito de errado, mas nós, a maioria, não participamos.

Nessa vala do desconforto não podemos jogar anos de avanços socioeconômicos, muitos conhecidos e outros nem tanto, como o ganho real de 42,9% sobre o salário médio de admissão. A renda dos agricultores familiares cresceu 52% entre 2003 e 2011, segundo o Incra e o MDA. O Programa Crescer de microcrédito injetou R$ 14,1 bilhões na economia em apenas dois anos após a sua criação, em 2011, segundo o MDS. Foram 18 novas universidades federais. O orçamento da cultura cresceu de R$ 276,4 milhões, em 2002, para R$ 3,27 bilhões, em 2014, segundo o Ministério da Cultura.

Os bons momentos do partido serviram a muitos, inclusive com altos cargos de comando

Conquistas como essas correm riscos de absurdos retrocessos. Avança a extrema-direita pelo mundo, a exemplo dos franceses que votaram em peso na Frente Nacional, aprovando o seu discurso nacionalista e contra o fluxo migratório. Da mesma forma ocorreu na Argentina e na Venezuela.

E no Brasil? O cenário de crise é inegável, como também é a insistência midiática do risco de um contexto catastrófico e inédito com um único objetivo: cassar o mandato da presidente Dilma. Em entrevista recente ao jornalista Roberto D’Avila, o senador Aécio Neves, ao ser perguntado se se sentia bem como líder da oposição, respondeu: “Talvez eu me sentisse melhor se tivesse vencido as eleições”. Perdeu-se qualquer sombra de pudor.

E o PT, como fica? Vimos, no decorrer deste ano, a saída sistemática de filiados em todo o país e, claro, em Curitiba. Daí vem a pergunta que está no título deste artigo: “PT, pra que te quero?”

Os bons momentos do partido serviram a muitos, inclusive com altos cargos no comando de municípios, dos governos estadual e federal, do Poder Legislativo e, ainda, em suas campanhas políticas. Agora, em situação difícil, negam a estrela mais de três vezes em um só dia e saem em debandada.

A defesa do partido é urgente. Em Curitiba, acredito que é fundamental a candidatura própria em 2016. Será a oportunidade para uma interlocução direta com os cidadãos. São apenas alguns minutinhos de rádio e televisão, sim! Mas, se não valessem nada, não seriam namorados.

Não tenho compromisso com quem sai do PT. É interessante observar alguns comportamentos, desde o “nunca me identifiquei com o PT” ao “nunca fui identificado como PT”. Esqueçam! Quem não traz a estrela no coração já a tatuou na testa.

Mirian Gonçalves é vice-prefeita de Curitiba e uma das fundadoras do PT no Paraná.
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