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Em tempos de escassez de recursos como água e energia elétrica, eficiência é palavra de ordem. O momento é de se refletir sobre como utilizar menos energia para atingir resultados melhores, reduzindo custos, ampliando competitividade e minimizando o impacto na emissão de gases de efeito estufa. Claramente não temos aproveitado um potencial de economia de energia estimado em 46TWh/ano (terawatt/hora), segundo levantamento da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco) reforçado pelo American Council for an Energy-Efficient Economy, que classificou o Brasil em 15º lugar entre as 16 maiores economias do mundo.

A grande mudança pode ser baseada em um programa que revisite as metas estipuladas pelo Plano de Eficiência Energética, observando as melhores práticas mundiais, visando alterar a forma como gerenciamos o suprimento e a demanda de energia.

É importante também a conscientização social para a racionalização do consumo

É prioritário estipular metas compulsórias de redução de consumo associadas a metas de redução de emissão de gases de efeito estufa. Para suportar esta regulação, criar linhas de financiamento com suporte técnico, incentivadas e desburocratizadas, e propiciar o ambiente adequado para mais empresas que participem da cadeia de soluções e produtos para eficiência energética.

O preço da energia de projetos de eficiência energética é metade do valor de projetos de geração, transmissão e distribuição em qualquer sistema, então implementar leilões de eficiência energética dedicados gerariam energia extremamente competitiva, financiando uma ampla gama de projetos e também beneficiando os consumidores dos segmentos regulados pelas metas de consumo.

Para grandes consumidores, criar a base regulatória para programas de resposta à demanda, alterando a dinâmica como utilizam a energia, seja de forma voluntária ou com comandos oriundos das concessionárias e/ou operador do sistema, tudo baseado em um programa de incentivos diretamente relacionado com o volume e a velocidade de resposta.

As novas construções de todos os prédios públicos devem ser concebidas para atender o selo tipo A do Procel Edifica e deve-se estabelecer um programa de modernização dos prédios existentes baseado em Parcerias Públicos Privadas para execução de contratos de performance de eficiência energética. Esta ação poderia ser estruturada por um conselho formado pela Aneel e entidades de classe como Abesco, Abrava, Abrafac, entre outros, para estruturação de um manual que fornecesse a base técnica, financeira e jurídica para estruturar os contratos.

É importante também a conscientização social para a racionalização do consumo nas residências amparada por mudanças como a adoção de soluções de automação residencial e a substituição de equipamentos de iluminação, ar-condicionado, aquecimento e eletrodomésticos existentes pelas novas tecnologias mais eficientes, de acordo com as diretrizes do Selo Procel.

Temos um grande desafio que, pela urgência, somente poderá ser solucionado com o envolvimento do maior número possível de atores, no curto e médio prazo. A eficiência energética surge como a “bala de prata”, sendo aplicável em qualquer tipo de organização com um custo inferior a todas as demais alternativas. O sucesso desta estratégia está atrelado ao estabelecimento de um processo estruturado, que tem suas bases definidas pela ISO 50001, faltando apenas a aplicação de um grande catalisador que deve mesclar políticas públicas à pujança da iniciativa privada.

João Carlos Salgueiro, gerente nacional de vendas da área de Energia e Sustentabilidade da Schneider Electric.
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