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Quando me perguntam sobre os desafios de administrar uma cidade com quase 2 milhões de habitantes, costumo apresentar três cenários. Imagine administrar sem Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e com economia em expansão (cenário da década de 1990). Imagine administrar com LRF e com economia em expansão (cenário da primeira década dos anos 2000). Agora, imagine administrar com LRF, economia em retração e dívidas (cenário atual). Some-se a isso um aumento superior a 30% na demanda por serviços públicos em menos de 12 meses.

Se as previsões de economistas se confirmarem, em menos de dois anos serão jogados por terra a estabilidade econômica e avanços sociais conquistados em duas décadas. Aqui sem julgamento de mérito, já que neste período fomos governados por dois partidos (PSDB e PT), em tese, de diferentes ideologias.

Vivemos o pior momento para se governar desde a redemocratização. A conjugação de crises (política e econômica) está inibindo investimentos, afetando a arrecadação e as transferências da União e do estado.

Mesmo nesse cenário adverso, Curitiba segue se destacando e mantendo a tradição de cidade de vanguarda

Tenho repetido que a prioridade é garantir manutenção de serviços e pagamento da folha. Principalmente quando vemos agências de classificação de risco rebaixarem notas de investimento do Brasil, de estados e outras capitais. Graças às medidas de austeridade adotadas desde o início da gestão, temos fôlego para ir além da manutenção.

Já investimos mais de R$ 1 bilhão, incluindo três viadutos e cinco trincheiras entregues. Iniciamos este mês mais um trecho da Linha Verde. Governantes costumam marcar seu nome na história com obras de grande porte, mas, além destas intervenções, estamos fazendo uma opção que é transformadora, mas que pode levar gerações para ser reconhecida. Em 2016, investiremos em educação e saúde o equivalente a 30 viadutos estaiados. Estas duas áreas, somadas à assistência social, ficarão com 60% do orçamento.

Há 30 anos, um prefeito tinha de atuar basicamente em três frentes: sistema viário, zoneamento e transportes. Hoje, somam-se a essas atribuições: questão fiscal, saúde, educação, ambiente, proteção animal, área social, recursos humanos, economia, direitos humanos e, cada vez mais, segurança. Responsabilidades transferidas aos municípios sem novas fontes de financiamento.

Estamos atrasados com a revisão do pacto federativo. Porém, mesmo nesse cenário adverso, Curitiba segue se destacando e mantendo a tradição de cidade de vanguarda. Este ano, fomos apontados como a Melhor Cidade do Brasil pela agência classificadora Austin Rating, que avaliou 212 indicadores de 5.565 municípios; Melhor Governança do País em prêmio concedido pela revista Exame; e nota 10 em transparência segundo a Controladoria-Geral da União (CGU). Em 2014 e 2015, foram mais de 25 prêmios recebidos de organismos nacionais e internacionais. Também concluímos a revisão do Plano Diretor, que irá nortear o crescimento da cidade pelos próximos dez anos.

Por fim, o momento é de renovação do entusiasmo, com a certeza de que estamos construindo uma cidade mais humana, criativa, inovadora, democrática, transparente e sustentável.

Gustavo Fruet é prefeito de Curitiba.
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