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No último domingo, dia 24, foi preso o último alvo da Operação Hashtag no Mato Grosso. A operação havia começado na quinta-feira anterior, tendo como alvo 12 brasileiros ditos possíveis terroristas. A operação, organizada pela Polícia Federal em parceria com as demais forças do Estado brasileiro e agências internacionais, foi divulgada à imprensa pelo próprio ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, em coletiva de imprensa.

Importante notar que essas foram as primeiras prisões feitas no Brasil com base na lei Antiterrorismo, bem como as primeiras detenções por suspeita de ligação com o grupo terrorista Estado Islâmico, tudo isso a apenas duas semanas dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

O Estado Islâmico não é nada amador em sua atuação

Porém, ao relatar o caso, o ministro usou frases como “não saíram do país para o contato com o grupo externo”, “não houve contato direto com o Estado Islâmico”, “célula absolutamente amadora, sem nenhum preparo”, “qualquer célula organizada não iria procurar comprar uma arma por internet”, “a segurança pública gera mais preocupação que o terrorismo”, “levaria a crer que jamais realizariam um ato sério, competente, de terrorismo” e “não seria de bom senso aguardar”.

O ministro exaltou a preparação do governo, o monitoramento, o contato e sinergia entre as agências, mas enfatizou o amadorismo, a falta de preparo e a imaturidade do grupo preso. Em que medida pode-se exaltar a grande articulação do governo brasileiro se esse grupo era, segundo o próprio governo, um grupo amador? O ministro fala “eficácia da polícia” na mesma medida em que destaca o “amadorismo” do grupo. Destaque, aliás, relatado pela imprensa internacional, CNN, BBC e Fox News, por exemplo, em suas reportagens sobre as prisões, deixaram claro que o governo havia classificado o grupo como amador.

Mas consideremos: os últimos ataques efetivamente confirmados como organizados pelo Estado Islâmico fora do Oriente Médio – excluídos os fatos recentes, também reivindicados pelo EI, mas cujo envolvimento do grupo ainda está em análise – foram os de Paris, em novembro de 2015, e mostraram um alto grau de planejamento e logística. Demonstraram que o Estado Islâmico não é amador em sua atuação. Sendo assim, não seria prudente achar tranquilizador o fato de o governo brasileiro prender 12 suspeitos amadores, como posto pelo próprio ministro.

Caroline Cordeiro Viana e Silva é coordenadora do curso de Relações Internacionais do Centro Universitário Internacional Uninter.
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