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Bom dia!

A crise política detonada pelo escândalo da JBS entra no sexto dia com uma série de dúvidas sobre o futuro político de Michel Temer e, especialmente, do país. Estas são as principais perguntas do momento e suas respostas (ou quando elas surgirão).

O áudio de Joesley e Temer foi manipulado?

Essa é a pergunta do milhão em Brasília. A defesa de Michel Temer elegeu como peça-chave da sua estratégia a desqualificação do áudio da conversa com Joesley Batista. O ataque à gravação foi um dos fios condutores do pronunciamento do presidente, sábado, no Palácio do Planalto.

A tese da manipulação do áudio baseia o pedido de anulação do inquérito contra Temer, a ser julgado pelo pleno do Supremo Tribunal Federal. Para encorpar essa teoria, os advogados do presidente enviaram 15 perguntas aos peritos da Polícia Federal que vão analisar a gravação.

Um detalhe simples, contudo, pode derrubar a tese de Temer. Joesley Batista chega e sai do Palácio Jaburu ouvindo a Rádio CBN. A gravação começa com a locutora da emissora dizendo a hora: 22h32. Quando ele volta ao veículo, está no ar um quadro iniciado às 23h08, o que sincroniza perfeitamente com o tempo total da gravação, de 38 minutos.

Temer ganhou fôlego com o pronunciamento de sábado?

Dentro da nítida tática de sobreviver um dia de cada vez, Michel Temer ganhou fôlego com o segundo pronunciamento desde a eclosão da crise. O presidente mudou o tom ao atacar diretamente o delator Joesley Batista e o procedimento da procuradoria-geral da República. Elegeu o empresário como inimigo número 1 de um país que se recupera da pior recessão da sua história.

O autor do grampo está livre e solto passeando pelas ruas de Nova York. O Brasil que já tinha saído de sua mais grave crise econômica, vive agora dias de incerteza. Ele não passou um dia na cadeia, não foi preso, não foi punido. Pelo jeito não será. Cometeu o crime perfeito.

A temida pressão das ruas não veio ontem, com protestos esvaziados pelas principais capitais do país. Exatamente por temer esvaziamento o presidente cancelou um jantar com as lideranças marcado para ontem. Acabou ainda conseguindo reunir um grupo numeroso de ministros, deputados e senadores. A eles, Temer repetiu que ficará no governo até o fim.

Temer já tem a próxima carta na manga para estender seu mandato: descolar a atuação de Rodrigo Rocha Loures da sua. Questionado sobre a propina recebida pelo deputado federal e seu fiel escudeiro, disse que “ele deve ter sido seduzido”.

Provavelmente, mais um paliativo. Especialistas apontam fortes indícios de que o presidente cometeu crimes na sua relação com Joesley Batista. A delação também deve alimentar o julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE.

Rodrigo Maia vai acelerar ou retardar o processo contra Temer?

O presidente da Câmara dos Deputados é o político mais poderoso de Brasília no momento. Primeiro na linha sucessória, Rodrigo Maia tem o poder de acolher ou barrar os pedidos de impeachment de Temer - o de maior peso será protocolado no início desta semana pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Também passarão pelas suas mãos a votação das reformas.

Ao que tudo indica, contudo, Maia será um escudeiro fiel de Temer. Ontem, ele discursou emocionadamente na reunião noturna do presidente com seu núcleo duro e prometeu fidelidade a Temer:

Não o deixarei em nenhum minuto até o final do mandato em 31 de dezembro de 2018.

As reformas vão caminhar em meio à crise?

O escândalo da JBS veio no pior momento para o governo Temer, quando ele costurava os últimos apoios para aprovar as reformas trabalhista e da Previdência. Com o presidente balançando, as reformas devem empacar de vez, o que é péssimo para a retomada da economia, como aponta Ricardo Amorim.

 

Há um forte expectativa sobre como o mercado financeiro irá se comportar hoje. Após a queda da Bolsa e a disparada do dólar na quinta, o cenário se estabilizou na sexta, mas o clima geral é de paralisia: operações financeiras freadas e menos otimismo com a recuperação do país. Giovani Ferreira analisa a transposição deste cenário de incerteza para o agronegócio.

A JBS lucrou com sua própria delação?

É o que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) quer saber, mas tudo indica que sim. Há fortes indícios de que a empresa lucrou em operações de câmbio e venda de ações por saber que sua delação viria à tona na semana passada. Modus operandi similar ao da Odebrecht. A construtora e o frigorífico, por sinal, 

Na visão do colunista Bruno Garschagen, um sinal de que a JBS via a compra de políticos como investimento na sua expansão. As delações das duas empresas revelam o pagamento de R$ 3 bilhões em propina.

A diferença, por enquanto, está nas consequências. Marcelo Odebrecht está preso. Joesley Batista, solto em Nova York. O dono da JBS seria uma prova de que o crime compensa no Brasil?

Se Temer cair, qual a melhor saída?

No nosso editorial de fim de semana, falamos que “Michel Temer perdeu a legitimidade e as condições morais de permanecer na Presidência da República”. Seja por iniciativa do presidente, por impeachment ou cassação da chapa pelo TSE, somente uma solução pode ser admitida para uma eventual troca de governo: eleição indireta, como prevê a Constituição.

Renan Barbosa resgata a origem desse dispositivo da Constituição brasileira. A inspiração é norte-americana.

Qualquer opção não constitucional, além de por as instituições em risco, estará a serviço apenas de casuísmo. Essa, por sinal, tem sido a marca da postura da esquerda diante do escândalo atual. Como em um passe de mágica, delação, impeachment e gravar um presidente da República passaram as ser práticas aceitáveis.

Ou mostrarão coerência ou mostrarão que avaliam ações e decisões não pelo que elas são em si, mas unicamente pelos personagens envolvidos, se são dos “nossos”, aos quais tudo se permite, ou dos “deles”, aos quais se reserva o porrete da lei. As pessoas costumam chamar isso de “hipocrisia”.

Um tempo na JBS

Para saber como mineradoras estrangeiras fizeram para reservas áreas para exploração em terras indígenas. História contada por Lúcio Vaz.

Murilo Basso conta o risco à segurança embutido na proposta dos “banheiros de gênero”. Escolas públicas de São Paulo agora garantem aos alunos o direito de usar o banheiro de acordo com a sua identidade de gênero e orientação sexual.

Direto do New York Times, como um grupo de estudantes detonou o escândalo sobre emissões de poluentes da Volkswagen.

Por fim, Carlos Orsi faz uma pergunta perturbadora: por que, mesmo sem comprovação, a homeopatia ainda tem espaço no Brasil?

No Paraná...

... A JBS doou R$ 17 milhões para políticos paranaenses na eleição de 2014. De maneira oficial. 

... Rodrigo Ghedin mostra os planos de expansão das companhias de telefonia para a rede 4G no estado.

... O senador Alvaro Dias estará de partido novo a partir de julho, o Podemos (ex-PTN). Na legenda ele pretende viabilizar sua candidatura presidencial a 2018 e adoraria ter procuradores da Lava Jato com ele. Entrevista para Camila Abrão, no Caixa Zero.

Vai ser um partido moderno. Ideologicamente, não vai estar alinhado nem à esquerda nem à direita, vai estar alinhado com causas.

Em Curitiba..

... O Atlético-PR perdeu mais uma na Arena: 2 a 0 para o Grêmio, pela segunda rodada do Campeonato Brasileiro.

... Apenas cerca de 200 pessoas foram para a rua, ontem, pedir “Fora, Temer!”. E o ato acabou virando um “Fora, Greca!”, como registra Antoniele Luciano.

... Amanhã Ed Sheeran toca em Curitiba e aqui está tudo o que você precisa saber para aproveitar o show.

As listas do dia

Murilo Basso lista 10 autores para entender o conservadorismo.

Da Infomoney, 5 coisas que você deve fazer aos 20 anos para garantir sucesso na carreira.

Karen Sailer traz 10 receitas de sopas, chocolate quente e quentão para espantar o frio e a chuva.

Gazeta de ouvir

No podcast Ideias03, Alexandre Borges, Leandro Narloch e Rodrigo Constantino discutem se existe democracia plena no Brasil. Para ouvir e pensar no momento atual do país.

Ótima semana a todos. Que o Brasil sobreviva a mais um apocalipse político.

Este resumo é publicado de segunda a sexta-feira, sempre às 6 horas, e atualizado ao longo da manhã. Também é enviado por notificação para quem tem o aplicativo da Gazeta do Povo no celular (Android ou iOS).

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