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Em maio de 2016 comemora-se o centenário da visita do ilustre Alberto Santos Dumont, o Pai da Aviação, à Capital Paranaense. Nascido em 20 de julho de 1873, no Estado de Minas Gerais, na fazenda Cabangu, desde a infância demonstrou grande fascinação pelo voar. Gênio desta arte projetou e construiu aeróstatos e aeródinos e foi o primeiro homem a levantar voo por meios próprios, incontestavelmente, com um aparelho mais pesado que o ar, o 14 Bis.

Além do inigualável amor pela aviação, Santos Dumont também possuía uma sensível preocupação com a natureza. Sua visita à Curitiba, veiculada pelos jornais da época, retrata sobremaneira sua mente perspicaz e seu ideal ecológico. O preâmbulo desta memorável visita ocorreu após os representantes da Vila Iguassú, atual Foz do Iguaçu, tomarem conhecimento da presença do Pai da Aviação nas Cataratas argentinas, indo ao seu encontro e motivando-o a também conhecer as Cataratas brasileiras. Hospedado no Hotel Brasil, Santos Dumont realizou várias visitas às Cataratas brasileiras para contemplar suas belezas, ficando deslumbrado com a magnificência do espetáculo ali proporcionado pela natureza. E, ao tomar conhecimento que aquela área era propriedade particular do uruguaio Jesus Val, refletiu e decidiu ir à Curitiba falar com o senhor Affonso Camargo com o propósito de solicitar a expropriação do espaço hoje representado pelo Parque Nacional do Iguaçu e de transformá-lo em patrimônio público.

Entre os gestos de admiração e homenagens, a poesia “A aeronave de Santos Dumont” foi recitada

Com relação aos preparativos e ao acolhimento da cidade de Curitiba para o recebimento de tão nobre visitante, há de se destacar que a capital paranaense, representada pelos seus dirigentes e a população, não mediu esforços a fim de dignificar a presença de tamanha celebridade. De acordo com jornais da época, no dia seis de maio de 1916 às 20h50min chegou Santos Dumont à Curitiba, o qual, num gesto grandioso, desceu do veículo presidencial que o conduzia e seguiu a pé, junto ao povo que o saudava calorosamente, até o Grande Hotel Moderno, local da sua hospedagem. Nesta mesma noite foi recepcionado na residência do presidente do estado do Paraná com a presença de autoridades.

No domingo, dia sete de maio de 1916, visitou estabelecimentos públicos e percorreu a cidade. Às 13h, o ilustre brasileiro recebeu um manifesto da Associação Paranaense de Sports Athleticos que desfilou, acompanhada de banda de música, na Rua Quinze de Novembro até o Grande Hotel. Santos Dumont demonstrou grande satisfação pelas homenagens, acenando para a população que o ovacionava. Às 14h do mesmo dia, foi recebido no Colégio situado na Vila Guaira que o havia homenageado com o seu nome no estabelecimento, na época dirigido pela professora Mariana Coelho, sendo recepcionado por esta e seus alunos. Entre todos os gestos de admiração e homenagens prestadas, a poesia “A aeronave de Santos Dumont” foi recitada por Armanda Sant`Aria. Às 17h, o grande brasileiro participou de uma festa esportiva em sua homenagem no International Foot Ball Club, atual Arena da Baixada.

No dia oito de maio de 1916, às 13h, Santos Dumont visitou a Universidade do Paraná, sendo recebido com muitos aplausos e palavras encomiásticas proferidas pelo acadêmico Martins Gomes. Foi uma visita emocionante, acompanhado por Victor do Amaral conheceu todo o prédio e fez questão de assinar o livro de visitantes. E, neste mesmo dia, reuniu-se com o presidente do estado do Paraná e solicitou a expropriação da área das Cataratas.

No dia nove, terça-feira, Santos Dumont deixou Curitiba, viajando de trem com destino à São Paulo. Destaca-se que o pleito do “Pai da Aviação” foi atendido pouco tempo após sua visita à capital paranaense, sendo publicado o Decreto nº 653, de 28/07/1916, o qual declarava de utilidade pública aquela área, assinado por Affonso Alves de Camargo e Caetano Munhoz da Rocha.

Ao longo da sua história Curitiba presta homenagens ao “Pai da Aviação”. Dentre os registros, uma escultura foi inaugurada em 22 de dezembro de 1935 na Praça Santos Andrade. E, no interior do Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo há um busto do Pai da Aviação.

Fabrício Dias de Souza, oficial de carreira da Força Aérea Brasileira e Especialista em História Militar.
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