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O comunismo não é um sistema econômico e não deve ser classificado apenas como um regime político. Alguns autores apropriadamente o definem como uma cultura. Após mais de 100 milhões de mortes em tempos de paz, poderíamos acrescentar que o comunismo é uma cultura do genocídio. Sua raiz mais profunda é gnóstica, pois o militante revolucionário, por definição, revolta-se contra a estrutura mesma da realidade.

A foice e o martelo simbolizam a multidão de mortos pelo comunismo no século 20, uma catástrofe sem precedentes na história da humanidade. Tal símbolo nefasto, paródia de um crucifixo, foi o souvenir que o presidente boliviano Evo Morales entregou ao papa Francisco na última semana. Trata-se de uma blasfêmia tão grave quanto entregar uma suástica combinada com a estrela de Davi a um líder judeu. Eu não sei onde o papa estava que não disse uns belos palavrões ao boliviano. A língua espanhola é riquíssima em ofensas ideais para esse tipo de situação.

O símbolo da foice e martelo é a imitação da cruz. Ao sacrificar-se para salvar a humanidade, Jesus Cristo mudou radicalmente o significado do instrumento de tortura e morte utilizado pelo Império Romano. Depois da paixão de Cristo, a cruz passou a ser uma imagem da vida eterna, compreensível por todos os seres humanos. Cruzados, a foice e o martelo promovem um retorno ao sentido original da imagem; ao sacrifício universal do Filho do Homem, opõem o sacrifício inútil de milhões. A foice e o martelo são tão parecidos com a cruz quanto um cogumelo atômico é semelhante a uma flor.

A foice e o martelo são tão parecidos com a cruz quanto um cogumelo atômico é semelhante a uma flor

Outras imitações igualmente pérfidas são defendidas com unhas e dentes pelos militantes modernos. O aborto, como já observou Peter Kreeft, é uma cópia macabra da eucaristia. Não por acaso, as mais aguerridas defensoras do aborto utilizam as palavras de Cristo na Santa Ceia como slogan da morte: “Isto é o meu corpo”. Da mesma forma, a chamada ideologia de gênero – que o governo petista quer impingir aos nossos filhos – representa uma imitação do sexo. O realismo socialista, por sua vez, é um arremedo da literatura de verdade.

No livro O homem que amava os cachorros, do escritor cubano Leonardo Padura, há uma bela metáfora de inversão diabólica, na passagem em que o militante comunista Ramon Mercader serra o cabo da picareta com que pretende assassinar Lev Trostky, tornando-a semelhante a uma cruz.

De fato, a ideologia marxista é uma imitação do cristianismo. Utiliza alguns valores presentes no Evangelho – como a caridade, o amor ao próximo, o espírito de renúncia – para transformá-los em instrumentos mortíferos. Foi essa arma que Evo Morales entregou ao papa Francisco. Que Deus nos proteja.

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