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Grupo de concursados deveria iniciar atividades no hospital em outubro. | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Grupo de concursados deveria iniciar atividades no hospital em outubro.| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Foi adiada para janeiro do próximo ano a incorporação de novos funcionários no Hospital de Clínicas (HC), da Universidade Federal do Paraná (UFPR). A decisão foi da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que justificou a mudança como uma necessidade de adequação do cronograma de admissão ao orçamento previsto para este ano. A medida preocupa o Sindicato dos Trabalhadores em Educação das Instituições Federais de Ensino Superior no Estado do Paraná (Sinditest), que fala em sobrecarga de trabalho aos atuais funcionários do hospital.

Na última sexta-feira (8), um edital da Ebserh anunciou a convocação de 620 novos servidores para atuar no complexo a partir do primeiro mês de 2018 (a superintendência dos hospital fala em 635). O mesmo documento informa ainda que um grupo de 351 funcionários, que deveriam iniciar as atividades no HC em 2 e 3 de outubro, teria as datas alteradas também para janeiro próximo.

Em nota, a Ebserh, que compartilha a gestão do HC com a UFPR e é responsável pelas contratações, informou que a mudança visa garantir que todos os profissionais aprovados — mais de 2,2 mil ao longo de todo o certame — possam assumir as funções no complexo para as quais foram aprovados. Entre os profissionais chamados, estão 218 médicos, 141 técnicos de enfermagem, 112 enfermeiros, 50 assistentes administrativos, 19 fisioterapeutas, mais tecnólogos em radiologia, tecnólogos em gestão pública, técnicos em segurança do trabalho, psicólogos, entre outros.

O concurso foi homologado em setembro de 2015 e venceu nesta segunda-feira (11). Há uma ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal (MPF) para obrigar a Ebserh a contratar todos os aprovados no certame. Na visão da empresa, com a contratação dos mais de 2,2 mil novos funcionários aprovados ao longo de todo o processo, essa questão está resolvida.

Preocupação

Funcionário do HC e coordenador do Sinditest, Máximo Colares vê com preocupação o adiamento da convocação dos aprovados no concurso. Ele entende que o hospital está defasado em relação ao número de trabalhadores, o que sobrecarregaria os funcionários atuais. E afirma ainda que trabalhadores que assumiriam funções em outubro demonstram preocupação com o adiamento das contratações, porque alguns já teriam se desligado dos empregos anteriores.

“É muito ruim eles não assumirem no período porque, independentemente das metas de gestão, [o hospital] está defasado em relação ao número de trabalhadores. As condições atuais não são boas, há uma demanda muito grande para pouco funcionário. Pelo lado dos trabalhadores, é prejuízo pelos que ainda não foram chamados e pelos que estão trabalhando”, comenta.

“A gente sempre vê o lado do trabalhador e tem observado que o pessoal que foi convocado em 23 de agosto, para assumir em outubro, está meio desesperado, porque esperava começar logo. Alguns já até pediram demissão e podem ficar todo esse período sem salário”, revela. Nesta terça-feira (12), um grupo de concursados aprovados se reuniu em frente ao HC para um protesto sobre o adiamento das convocações.

Por meio de um ofício, o Sinditest solicitou esclarecimentos sore o adiamento das contratações dos trabalhadores da Ebserh. E agendou uma reunião para a próxima sexta-feira (15) com os funcionários da empresa gestora que já atuam no HC para discutir o problema. O encontro vai servir também para tratar das negociações do acordo coletivo de trabalho. Colares informa que as negociações por um reajuste salarial estão emperradas desde fevereiro deste ano. E que, não havendo andamento nas tratativas, deve orientar os funcionários da Ebserh sobre a possibilidade de uma paralisação ou ato de protesto.

Colares reclama ainda da falta de material básico, incluindo testes bowie-dick, para avaliação de autoclaves, seringas, luvas, máscaras e até medicação. “Não adianta apenas convocarem os funcionários. É preciso melhorar a condição do hospital”, aponta. O hospital nega haver crise de abastecimento de materiais no momento.

Metas

Já a superintendente do complexo do HC, Claudette Regianni, defende que a postergação do início das atividades dos novos funcionários não deve afetar o atendimento. Ela explica que a renovação do contrato feito com a prefeitura tomou como base a capacidade de atendimento do hospital. “Estávamos num contrato de 2010, e desde 2015 já havia entrado quase 600 pessoas, mas a produção ainda era a de 2010. Então, adaptamos o contrato com o aumento [do contingente] já ocorrido. Esse contrato assinado agora já entra em produção maior de acordo com as pessoas que entraram. Estávamos preparados para fazer um termo aditivo no contrato. Quanto mais pessoas entrarem, mais vamos poder atender”, informa.

As metas previstas a partir do novo contrato firmado pelo HC com o município estabelecem um repasse de R$ 11,2 milhões por mês ao hospital (o contrato anterior destinava R$ 6 milhões mensais). Para isso, no entanto, o HC precisará ofertar 35 mil consultas por mês, das quais 7,5 mil deverão corresponder a pacientes novos. No ajuste anterior, a unidade tinha meta de 25 mil consultas e 5 mil pacientes novos.

Claudete lembra que o contrato atual demorou cinco meses para sair e tomou mais de 60 reuniões internas para que as novas bases fossem estabelecidas.

Segundo os números da superintendente do HC, além dos 345 novos funcionários que iniciariam as atividades em outubro, outros 635 vão se apresentar entre os dias 6 a 10 de novembro próximo para também dar início aos trabalhos no dia 2 de janeiro de 2018.

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