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“Minha intenção aqui é falar como colaborador”, disse Duque logo no início do depoimento ao juiz Sergio Moro. | Reprodução
“Minha intenção aqui é falar como colaborador”, disse Duque logo no início do depoimento ao juiz Sergio Moro.| Foto: Reprodução

Disposto a firmar um acordo de delação premiada, o ex-diretor da Petrobras Renato Duque admitiu, em depoimento nesta sexta-feira (5) ao juiz Sergio Moro, ter cometido crimes. Disse estar arrependido. E afirmou que pretende devolver o dinheiro da propina que mantém no exterior: cerca de 20 milhões de euros (R$ 70 milhões) em duas contas em Mônaco – um paraíso fiscal.

“Minha intenção aqui é falar como colaborador”, disse Duque logo no início do depoimento. O ex-diretor da Petrobras já foi condenado por Moro a mais de 50 anos de prisão em quatro ações da Lava Jato. Ele é réu em mais seis processos. Preso desde março de 2015 e sob a perspectiva de passar muito tempo na cadeia, Duque agora quer delatar. Para isso, contratou um advogado especializado em fechar acordos de colaboração premiada: Antonio Figueiredo Basto. E decidiu falar, mesmo sem ter fechado oficialmente a delação.

Corrupção institucionalizada

No depoimento a Moro, Duque falou pela primeira vez abertamente sobre a corrupção na Petrobras. Acusou o ex-presidente Lula de comandar o esquema. Disse ainda que havia pagamentos para o PT, feitos por empresas contratadas pela Petrobras, desde que assumiu a diretoria de serviços da estatal, em 2003 – quando começou o governo Lula.

Ele disse ter conhecimento de que a arrecadação de propina se estendeu por todo o período em que ele foi diretor da estatal, até 2012. “Era algo institucionalizado.” Todos os contratos a partir de US$ 100 milhões teriam tido contrapartida das empresas vencedoras das licitações. A propina para o partido girava em torno de 1% do valor do contrato.

Duque sugere que Dilma sabia do esquema na Petrobras

Segundo Duque, nesse período, quem fazia a arrecadação da propina para o PT foram os tesoureiros do partido: Delúbio Soares, Paulo Ferreira e João Vaccari Neto. Eles, segundo o ex-diretor, é que procuravam as empresas para pedir os pagamentos. “Eu sabia que acontecia e permiti que acontecesse”, admitiu Duque.

Ele também se beneficiou do esquema, pois recebeu parte dos valores. “Recebi. E me arrependo.” De acordo com ele, todos os pagamentos foram feitos no exterior – inicialmente numa conta na Suíça (posteriormente, o dinheiro foi transferido para Mônaco).

Duque ainda disse saber que também receberam propina os ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró – ambos são delatores da Lava Jato. E que, além do PT, pelo menos o PP também recebeu dinheiro desviado.

Indicação política

Renato Duque afirmou também que sua indicação para a diretoria de serviços da Petrobras foi feita no fim de 2002 por indicação do ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira. Havia, porém, outro nome indicado pelo ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares. Diante do impasse, a decisão foi parar nas mãos de José Dirceu, que viria a ser ministro da Casa Civil de Lula. Segundo Duque, esse é o motivo pelo qual dizem que ele foi indicado por Dirceu para o cargo. “Ele [Dirceu] nunca me pediu nada.”

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