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| Foto: Divulgação/Arquivo pessoal

O apresentador de TV Luciano Huck disse no fim do ano passado que não vai se candidatar à Presidência da República, mas bastou uma aparição sua no programa Domingão do Faustão para se levantar uma onda que mistura críticas e apoio. Sua conversa com Fausto Silva tocou na situação política do Brasil e em sua possível contribuição – que, ele frisou, não passa por enquanto por uma candidatura. Não colou.

Mesmo negando sua candidatura, Huck incomoda a ponto de o PT entrar com uma ação contra o apresentador e a Globo por abuso de poder econômico. Ele também foi acusado em redes sociais de estar usando a TV para se promover.

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Se fosse outro apresentador, a aparição no programa dominical talvez tivesse passado em branco. Mas há uma conjunção de fatores que tornam Huck um dos favoritos hoje na corrida pelo Palácio do Planalto, mesmo não sendo do mundo político e não estando filiado a um partido. Existem questões que são conjunturais, como o fato de a eleição estar ainda bastante aberta e sem um candidato de centro, e pessoais, como a baixa rejeição a Huck e seu envolvimento com grupos de mobilização.

Mais importante de tudo, o apresentador declara ter vontade de ajudar o país e se inseriu um novos movimentos políticos que têm uma chance rara de sucesso em 2018 após a sucessão de escândalos de corrupção e a maior recessão da história. Juntos, são pelo menos oito fatores.

1. Incerteza

O fato de haver grande incerteza em torno da eleição deste ano faz com que os partidos mantenham as portas abertas para novas possibilidades. Não se sabe se Lula poderá concorrer, nem a capacidade de Bolsonaro sustentar seus números nas pesquisas. Ao mesmo tempo, há um bolo de candidatos lutando pela terceira colocação. Pode ser que nenhum dos nomes hoje presentes nas pesquisas chegue em outubro com viabilidade eleitoral. Nesse cenário, as chances de um novato na política crescem bastante e Huck continua monitorando a situação para decidir até abril se vai se filiar a algum partido.

2. Falta de nome no centro

As pesquisas mostram que não existe uma posição ideológica majoritária no Brasil, o que sustenta a tese de que têm mais chances de vencer os candidatos que migram para o centro. Essa posição está vaga atualmente e é disputada por partidos como PSDB, PSD, Podemos e Rede. Nenhum com candidatos destacados nas pesquisas.

3. Alckmin não decolou

Entre os nomes de centro, está o do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que seria hoje um fator importante para a decisão de Huck. Informações de bastidores dizem que o apresentador vai esperar para ver como será o desenrolar da campanha de Alckmin. Se o governador de São Paulo não subir nas pesquisas, Huck se apresentaria como uma alternativa para o eleitor de centro que nas últimas eleições votou no PSDB. Até agora, Alckmin não deslanchou (ele fez 9,5% das intenções de votos na última pesquisa da Paraná Pesquisas em dezembro de 2017, no cenário sem Lula) e terá de acelerar a campanha se quiser chegar aos dois dígitos nas pesquisas em abril.

4. Ele é conhecido

Luciano Huck é uma personalidade. De todos os pré-candidatos, é o que tem mais seguidores em redes sociais. Seu programa de TV foi uma vitrine para quadros de estilo assistencialista e para criar uma personalidade das mais disputadas por agências de publicidade. Isso torna a campanha eleitoral muito mais fácil, rápida e barata. O problema nesse caso é que o público também conhece sua antiga amizade o senador Aécio Neves, enroscado na Lava Jato.

5. Pode se vender como novo

Por não ser um político de carreira, Huck pode construir o discurso de que está trazendo um novo jeito de fazer política. Ele poderia dar um ar autêntico para a ideia de que existe um movimento de mudança na política, como fez o presidente francês Emmanuel Macron.

6. Tem baixa rejeição

As pesquisas mostram que Huck tem baixa rejeição, algo importante em uma campanha ainda aberta e que tem dois pré-candidatos extremamente polêmicos, Lula e Bolsonaro.

7. Tem suporte

Apesar de não estar filiado a nenhum partido, o apresentador vem há algum tempo participando de grupos de mobilização política que neste ano vão migrar para as urnas, como o Agora! e o RenovaBR. É bastante incerto o papel que esses grupos podem assumir, mas é fato que eles agregam pessoas com capacidade de mobilização (inclusive de recursos financeiros) e para a elaboração de um plano de governo. Ainda é difícil antecipar, porém, como esses grupos se dariam com os políticos tradicionais que os esperam nos partidos.

8. Traz discurso positivo

Ser novo na política ajuda na construção de um discurso positivo, que contrasta com a ideia de “perseguição política” que o PT está montando ao redor de Lula, e a beligerância de Bolsonaro. O mais complicado é aliar um discurso otimista com a tarefa gigantesca de colocar o Brasil nos trilhos. Ele teria de responder questões difíceis como reformas econômicas, soluções para melhorar a educação, saúde e segurança. E, mais importante, como ele lidaria com um Congresso que, mesmo com alguma renovação, tende a continuar um lamaçal.

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