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Luciano Bivar, presidente do PSL, posa ao lado de Jair Bolsonaro no dia em que acertou a filiação do presidenciável: Bivar é o manda-chuva da sigla há 20 anos. | Reprodução/Facebook
Luciano Bivar, presidente do PSL, posa ao lado de Jair Bolsonaro no dia em que acertou a filiação do presidenciável: Bivar é o manda-chuva da sigla há 20 anos.| Foto: Reprodução/Facebook

A recente “guerra” entre partidos para ter o passe do deputado federal Jair Bolsonaro na eleição presidencial tornou conhecidos dois personagens que, não fosse por isso, dificilmente ganhariam espaço na imprensa: Adilson Barroso, presidente do PEN/Patriota, sigla que Bolsonaro havia escolhido inicialmente; e Luciano Bivar, manda-chuva do PSL, a legenda para a qual o presidenciável acabou indo.

Barroso e Bivar fazem parte de um grupo de dirigentes partidários que se parecem com cartolas do mundo esportivo. Não entram em campo. Não tem nem uma ínfima parcela da popularidade das estrelas do jogo eleitoral. Mas mandam em suas agremiações – muitas vezes por décadas ininterruptas.

Os cartolas da política existem porque são os “donos” do trampolim partidário por meio do qual candidatos com potencial eleitoral podem chegar mais alto. E, apesar de não terem votos (ou ao menos votos suficientes para torná-los políticos de expressão popular), acabam mandando nas eleições. São eles que distribuem o tempo de rádio e tevê de suas legendas e as gordas verbas públicas destinadas a seus partidos e que vão bancar as campanhas (dinheiro essencial nesta primeira eleição nacional sem financiamento empresarial).

A Gazeta do Povo levantou o perfil de dez cartolas da política brasileira que poderão influenciar o pleito de 2018. Tem um pouco de tudo: cartola da política que foi cartola do futebol, o campeão de insucessos eleitorais (perdendo as 11 eleições que disputou), o presidiário que mandava em seu partido mesmo preso, o político “turista” e outros personagens pitorescos.

Luciano Bivar (PSL): de cartola do futebol a cartola da política

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Desde quando manda no partido: 1998.

Dinheiro público em sua mãos: R$ 15,3 milhões anuais (R$ 9 milhões do Fundo Eleitoral e R$ 6,3 milhões do Fundo Partidário).

Tempo diário de propaganda eleitoral no rádio e na TV que o partido tem direito: 19 segundos para candidatos a presidente e governador.

O pernambucano Luciano Bivar fundou o Partido Social Liberal (PSL) há 20 anos. E desde então é quem manda no partido. O anúncio de que Jair Bolsonaro (PSC) vai entrar na sigla para concorrer à Presidência, contrariando a ala mais liberal do partido (o Livres), apenas comprovou que a sigla tem dono e obedece a suas vontades.

Os atritos internos entre o Livres e a cúpula do PSL por causa de Bolsonaro também acabaram provocando uma briga que revela que o partido funcionava, em certa medida, como uma família. Sérgio Bivar, filho de Luciano, desfiliou-se da sigla comandada pelo pai por discordar da filiação de Bolsonaro. Sérgio era o principal entusiasta do Livres e havia levado o grupo de liberais para dentro do partido.

Luciano Bivar, ao contrário de outros presidentes de partido, não é exatamente um “sem-voto”. Mas tampouco é um campeão eleitoral. Atualmente, ocupa uma cadeira de deputado federal. Mas apenas porque o “dono” do mandato assumiu um cargo no governo de Pernambuco. Ele teve 24.840 votos em 2014 e ficou na 37.ª posição entre os pernambucanos mais votados para a Câmara (o estado tem 25 deputados).

Curiosamente, Bivar não é apenas um cartola da política, mas também do futebol. Foi presidente do Sport Recife por quatro vezes. Em 2013, admitiu ter subornado membros da CBF para que o volante do Sport Leomar fosse convocado para a seleção brasileira – o que costuma valorizar o passe dos atletas, garantindo lucros futuros ao clube.

Adilson Barroso (PEN/Patriota): sem Bolsonaro, a aposta é em Ronaldinho Gaúcho

Foto: Divulgação/PEN-Patriota

Desde quando manda no partido: 2012, data de fundação da sigla.

Dinheiro público em suas mãos: R$ 15,8 milhões anuais (R$ 10 milhões do Fundo Eleitoral e R$ 5,8 milhões do Fundo Partidário).

Tempo diário de propaganda eleitoral no rádio e na TV que o partido tem direito: 25 segundos para candidatos a presidente e governador.

Fundador do Partido Ecológico Nacional (PEN), o ecologista Adilson Barroso aceitou mudar o nome da sigla para Patriota e retirar a causa ambiental de seu estatuto por exigência do deputado federal Jair Bolsonaro para ingressar na legenda. Também cedeu vários diretórios estaduais para integrantes do grupo político do presidenciável. Mas, quando viu que poderia perder o comando do partido que construiu para si, Barroso desfez o casamento. “Quando eles deram a cartada final, pedindo o diretório nacional, eu disse não”, afirmou Barroso em entrevista à Gazeta do Povo.

Com Bolsonaro, o PEN/Patriota possivelmente cresceria e, eventualmente, poderia ocupar a Presidência da República. Para uma sigla que estava abrindo mão de sua principal causa para chegar ao poder, a decisão de Barroso não foi a mais correta do ponto de vista puramente pragmático. Só pode ser explicada pela lógica de que é melhor ser um peixe grande numa lagoa pequena do que um peixe pequeno numa lagoa grande.

O presidente do PEN/Patriota, contudo, como um bom “cartola” que perde seu principal jogador, agora tenta atrair outro craque para seu time. Barroso quer que Ronaldinho Gaúcho seja o candidato da sigla à Presidência da República.

Seria uma forma de tentar dar a expressão nacional para o partido que Barroso não é capaz de dar. O presidente da sigla não tem votos suficientes para ser um ator político de expressão. O cargo mais alto que ocupou foi o de deputado estadual de São Paulo, para o qual se elegeu em 2002, pelo Prona. E só chegou lá por uma circunstância excepcional, carregado para a Assembleia paulista não pelos seus próprios eleitores (ele teve pouco menos de 10 mil votos), mas sim pelas regras eleitorais brasileiras que permitem que candidatos pouco expressivos se elejam caso seu partido tenha um campeão de votos. Em 2002, o Prona teve uma campeã: Havanir Nimtz, uma espécie de “Enéas de saias”, que conquistou 682 mil votos.

Depois disso, Barroso disputou várias eleições para cargos como deputado estadual e federal. Nunca se elegeu. Mas em 2016 conseguiu se eleger vereador no município de Barrinha, interior de São Paulo. Teve 497 votos.

Curiosamente, Barroso seria um campeão de votos se conseguisse transferir sua popularidade do Facebook para as urnas. O PEN/Patriota o descreve como “o político com maior número de seguidores no Facebook”, o que seria “um potencial escondido para influenciar as eleições de 2018”. De fato, 7,5 milhões de internautas o seguem na rede social, mais do que os números do ex-presidente Lula e de Jair Bolsonaro, por exemplo. Mas, em geral, Barroso não fala de política em seu perfil. Apenas posta dicas de saúde ou de emagrecimento com produtos naturais, além de fotos bonitas da natureza.

Levi Fidélix (PRTB): o dirigente campeão... de eleições fracassadas

Foto: Marlene Bergamo/Folhapress

Desde quando manda no partido: 1994, quando a sigla foi fundada.

Dinheiro público que tem em suas mãos: R$ 5,3 milhões anuais (R$ 1 milhão do Fundo Eleitoral e R$ 4,3 milhões do Fundo Partidário).

Tempo diário de propaganda eleitoral no rádio e na TV que o partido tem direito: 19 segundos para candidatos a presidente e governador.

Historicamente ligado ao ex-presidente Fernando Collor e mais conhecido nacionalmente por defender o “aerotrem” como solução para os problemas de transporte coletivo, Levy Fidélix é um campeão de participação em campanha eleitorais sem conseguir se eleger.

Disputou, sem sucesso, 11 eleições desde a década de 1980. E ainda teve sua candidatura indeferida em outras duas ocasiões. Já tentou ser vereador de São Paulo, deputado federal e estadual, prefeito e vice-prefeito da capital paulista, governador de São Paulo e presidente da República. Seu melhor desempenho, até hoje, foi um inexpressivo 7.º lugar na eleição presidencial de 2014.

Se nunca teve um mandato, o mesmo não se pode dizer de uma legenda. O Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) é “seu” desde 1994, quando ele fundou a sigla.

Fidélix também é “dono” de polêmicas. Na campanha presidencial de 2014, por exemplo, chamou mais a atenção por uma declaração homofóbica do que por suas propostas. Num debate na televisão, disse que “aparelho excretor não reproduz”. Em 2017, espalhou pela internet a notícia falsa de que o FBI havia descoberto que os jogadores da seleção brasileira venderam para os alemães a derrota por 7 a 1 na semifinal da Copa de 2014.

Renata Abreu (Podemos): quando um partido vira uma dinastia familiar

Foto: Luis Macedo/Agência Câmara/Wjkimedia Commons

Desde quando manda no partido: 2013. Mas ela é herdeira de uma “dinastia” de sua família, que comanda a sigla há 23 anos.

Dinheiro público em suas mãos: R$ 50,3 milhões anuais (R$ 44 milhões do Fundo Eleitoral e R$ 6,3 milhões do Fundo Partidário).

Tempo diário de propaganda eleitoral no rádio e na TV que o partido tem direito: 38 segundos para candidatos a presidente e governador.

O Podemos se apresenta como um partido novo. Mas foi fundado em 1995 como PTN (Partido Trabalhista Nacional) e apenas mudou de nome em 2017. E, desde que surgiu, é comandado pela família Abreu, de políticos paulistas. Seu fundador, o ex-deputado Dorival Masci de Abreu, comandou a sigla até morrer, em 2004. O partido então passou a ser presidido por seu irmão, o também ex-deputado José Masci de Abreu. Em 2013, ele passou o bastão para sua filha, Renata Abreu.

Renata, como o pai e o tio, é deputada federal. Está no primeiro mandato. Foi eleita com 86.647 votos – uma votação que, para os padrões paulistas, não faz dela uma deputada das mais populares. Ela foi apenas a 58.ª da lista de 70 parlamentares eleitos por São Paulo.

Euripedes Junior (Pros): o partido suspeito de ser “agência de turismo” do presidente

Foto: Divulgação/Pros

Desde quando manda no partido: 2013, ano de fundação da sigla.

Dinheiro público em suas mãos: R$ 40,6 milhões anuais (R$ 26 milhões do Fundo Eleitoral e R$ 14,6 milhões do Fundo Partidário).

Tempo diário de propaganda eleitoral no rádio e na TV que o partido tem direito: 1 minuto e 22 segundos para candidatos a presidente e governador.

Euripedes Junior passou cinco anos coletando assinaturas para obter o registro definitivo do Pros na Justiça Eleitoral. Quando conseguiu, em 2013, virou o presidente da sigla. E desde então não saiu mais da cadeira.

Apenas um ano depois de a sigla ter sido reconhecida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Euripedes Junior teria vendido por R$ 7 milhões o tempo de rádio e televisão do Pros para a campanha de reeleição da então presidente Dilma Rousseff (PT), além de comercializar o apoio da sigla a outras quatro campanhas nos estados. A denúncia consta da delação premiada do ex-diretor da Odebrecht Alexandrino Alencar, investigado pela Lava Jato. E foi confirmada por dois ex-dirigentes do Pros: o ex-tesoureiro e fundador do Pros Niomar Calazans e o ex-presidente de honra da sigla Henrique José Pinto.

O ex-presidente de honra ainda afirmou, em entrevista de 2017 ao Jornal Nacional, da Rede Globo, que Euripedes Junior usa o dinheiro do Pros em benefício próprio: “O Pros recebe em torno de R$ 1,2 milhão, R$ 1,4 milhão de Fundo Partidário por mês, e esse dinheiro é usado para alimentar a vaidade do presidente, com viagens para a Europa, para a China, aos Estados Unidos, às Bahamas. O meio de transporte dele hoje é um helicóptero (...) O dinheiro que deveria ser usado para favorecer as atividades partidárias está sendo usado em benefício próprio do presidente. Acredito que, desde que nasceu, [o Pros] é um partido de aluguel”. Todos os acusados negam qualquer irregularidade.

Mas o fato é que a denúncia talvez seja o momento em que Euripedes Junior ganhou mais notoriedade na política. Embora tenha conseguido fundar um partido, ele até agora só conseguiu se eleger vereador na cidade de Planaltina de Goiás. Em 2014, concorreu a uma cadeira na Câmara Federal por seu estado. Mas não se elegeu; ficou na segunda suplência.

No seu currículo, divulgado no site do Pros, ele ainda destaca que foi secretário Desenvolvimento da Região Metropolitana do Distrito Federal, cargo de indicação política. “Além disso, durante a sua vida política em Goiás foi contemplado com o título de cidadão de Planaltina de Goiás e Formosa, e ainda das cidades do estado de São Paulo Paulínia e Cotia”, diz o texto do partido sobre seu presidente.

José Maria Eymael (PSDC): “Ey, ey, Eymael, um democrata com pouca expressão”

Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo/Arquivo

Desde quando manda no partido: 1995, ano de fundação da sigla.

Quanto dinheiro público tem em mãos: R$ 5,6 milhões anuais (R$ 1 milhão do Fundo Eleitoral e R$ 4,6 milhões do Fundo Partidário).

Tempo diário de propaganda eleitoral no rádio e na TV que o partido tem direito: 25 segundos para candidatos a presidente e governador.

No início, a carreira política de José Maria Eymael teve sucesso eleitoral. Depois de algumas eleições frustradas, conquistou em 1986 uma cadeira de deputado constituinte. Reelegeu-se para a Câmara em 1990. Mas, depois disso, nunca mais conseguiu nada. E hoje é mais conhecido pelo jingle que continua a usar em suas campanhas eleitorais: “Ey, ey, Eymael, um democrata cristão”.

Os revezes eleitorais de Eymael, coincidência ou não, ocorreram após ele ter fundado o Partido Social Democrata Cristão (PSDC), em 1995. À Presidência, ele já concorreu quatro vezes. O máximo que conseguiu foram 171,8 mil votos em 1998. Em 2014, fez inexpressivos 61,2 mil votos na disputa pelo Planalto.

Embora o PSDC e Eymael tenham pouca expressão eleitoral, não passaram ilesos das suspeitas levantadas pela Operação Lava Jato. Ex-executivos da empreiteira Odebrecht afirmaram em delação premiada que a campanha presidencial de Eymael em 2010 recebeu recursos de caixa 2. Eymael nega a acusação.

José Luiz Penna (PV): o partido que poderia ter amadurecido, mas continuou “verde”

Foto: Mauricio Lima/AFP

Desde quando manda no partido: 1999.

Dinheiro público em suas mãos: R$ 38,4 milhões anuais (R$ 23 milhões do Fundo Eleitoral e R$ 15,4 milhões do Fundo Partidário).

Tempo diário de propaganda eleitoral no rádio e na TV que o partido tem direito: 1 minuto e 3 segundos para candidatos a presidente e governador.

A grande liderança nacional que o PV (Partido Verde) teve desde que conseguiu o registro na Justiça Eleitoral, em 1993, foi a ex-senadora e ex-ministra Marina Silva. Concorrendo pelo partido à Presidência em 2010, ela ficou em terceiro lugar e ganhou peso político para concorrer de novo em 2014.

Mas o grupo de Marina se desentendeu com o comando do partido, presidido por José Luiz Penna. Mesmo tendo uma ínfima parte do capital eleitoral da ex-senadora, Penna venceu a queda de braço e continuou mandando na sigla. Marina se desfiliou em 2011. “O partido se aprisionou na mesquinharia da defesa de cartório e pequenas coisinhas que são da política brasileira”, criticou o então deputado federal Alfredo Sirkis, do grupo de Marina.

Desde então, o PV não cresceu e tampouco amadureceu o potencial que chegou a ter para alçar voos maiores. Penna, como político, tampouco tem grande destaque. Só venceu duas eleições: para vereador de São Paulo (em 2008) e deputado federal (2010 – embalado pela votação presidencial de Marina). Tentou a reeleição em 2014 e, já sem ela no partido, não se elegeu. Hoje é secretário estadual de Cultura em São Paulo, numa composição para o PV apoiar o governo de Geraldo Alckmin (PSDB).

Roberto Jefferson (PTB): mesmo preso, ele continuou a mandar no partido

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Desde quando manda no partido: 2003.

Dinheiro público em suas mãos: R$ 86 milhões anuais (R$ 57 milhões do Fundo Eleitoral e R$ 29 milhões do Fundo Partidário).

Tempo diário de propaganda eleitoral no rádio e na TV que o partido tem direito: 2 minutos e 51 segundos para candidatos a presidente e governador.

O PTB está muito longe de ser um partido pequeno. E o ex-deputado Roberto Jefferson é um político de expressão desde a década de 1990. Mas, ao menos no quesito de alternância de poder, a sigla se assemelha às legendas nanicas. Ele manda no partido desde 2003.

Jefferson continuou como o presidente do partido mesmo após ter deflagrado o escândalo do mensalão ao admitir que participou da venda de apoio ao governo Lula no Congresso, em 2005. Depois de ter sido condenado pelo Supremo Tribunal Federal, em 2012, cumpriu pena de prisão. Mas nesse período o partido ficou nas mãos de sua família: o PTB foi presidido por sua filha, a deputada Cristiane Brasil. E Jefferson continuou a ter poder internamente. Depois de solto, voltou ao comando oficial do PTB.

O recente episódio da indicação Cristiane Brasil para o Ministério do Trabalho também é outro fato que revela o “familismo” que existe no partido. Ainda assim, Jefferson disse que a ideia de nomeá-la não foi dele, mas do presidente Michel Temer: “Eu vim discutir outros nomes, estávamos pensando em três [outros deputados]. Aí roda pra cá, roda pra lá. Então se falou: ‘Roberto, e a Cristiane? Por que não?’ Aí foi da cabeça do presidente: ‘Ela é uma menina experimentada, foi secretária municipal em vários governos na cidade do Rio de Janeiro’. Eu falei: ‘presidente, aí o senhor me surpreende, vou ter que consultar”. Coisas da política, Temer agora não sente à vontade para retirara a “indicação” – receia contrariar o manda-chuva do PTB.

Carlos Lupi (PDT): partido médio que tem práticas de siglas nanicas

Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo/Arquivo

Desde quando manda no partido: 2004.

Dinheiro público em suas mãos: R$ 89,2 milhões anuais (R$ 63 milhões do Fundo Eleitoral e R$ 26,2 milhões do Fundo Partidário).

Tempo diário de propaganda eleitoral no rádio e na TV que o partido tem direito: 2 minutos e 19 segundos na campanha de presidente e governador.

O PDT, assim como o PTB, é um partido médio que também adota a prática corriqueira nas siglas menores de não promover alternância de poder com frequência. Carlos Lupi é o presidente nacional da legenda desde a morte do fundador e principal líder do partido, Leonel Brizola, em 2004.

Lupi, a exemplo de outros presidentes de siglas, também não é um campeão de votos. Ingressou no PDT no início dos anos 1980. E, embora tenha disputado várias eleições desde então, elegeu-se apenas uma única vez, em 1990, para a Câmara dos Deputados. Mas sempre foi ativo dentro do partido, o que lhe garantiu a indicação para vários cargos no Executivo – inclusive o de ministro do Trabalho dos governos Lula e Dilma.

Deixou a Esplanada após uma série de denúncias de irregularidades na assinatura de convênios da pasta com ONGs. Ele também foi citado em investigações da Lava Jato por supostamente estar envolvido em esquemas de recebimento de propina e de venda do apoio do PDT à campanha de reeleição de Dilma em 2014, por R$ 4 milhões. Lupi e o PDT negam as acusações.

Antonio Carlos Rodrigues (PR): o dono do partido ou o “laranja” do dono?

Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo/Arquivo

Desde quando comanda o partido: 2016.

Dinheiro público em suas mãos: R$ 146,1 milhões anuais (R$ 108 milhões do Fundo eleitoral e R$ 38,1 milhões do Fundo Partidário).

Tempo diário de propaganda eleitoral no rádio e na TV que o partido tem direito: 3 minutos e 47 segundos para candidatos a presidente e governador.

Antonio Carlos Rodrigues é um caso sui generis no comando de um partido. A informação que corre nos bastidores é de que ele, na verdade, é um representante de quem manda de fato na sigla, o ex-deputado Valdemar Costa Neto.

Tirando esse rumor e o fato de que nem mesmo está na presidência do Partido da República (PR) há muito tempo, Rodrigues partilha de outras características dos cartolas da política: não tem muitos votos e está envolvido em escândalos.

Rodrigues se elegeu sucessivas vezes para a Câmara Municipal de São Paulo. Mas, por meio do voto, nunca foi além do cargo de vereador. Nem mesmo a cadeira de senador em que sentou entre 2012 e 2014 foi conquistada nas urnas. Ele era suplente de Marta Suplicy, e assumiu cargo quando ela esteve licenciada para ser ministra da Cultura. Rodrigues também foi ministro dos Transportes de Dilma, por indicação de seu partido.

O presidente do PR foi preso no fim do ano passado sob a acusação de ter intermediado o pagamento de R$ 3 milhões de propina da JBS para a campanha de 2014 de Anthony Garotinho (PR) ao governo do Rio de Janeiro. Rodrigues nega as acusações.

Obs.: os dados usados na reportagem sobre o Fundo Partidário referem-se aos repasses totais de 2017, e a fonte das informações é o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para 108, os dados serão diferentes. Mas, como não há uma projeção oficial por partido, a Gazeta do Povo optou por usar as informações referentes ao ano passado. Já os dados do Fundo Eleitoral e do tempo de televisão na propaganda eleitoral constam de estimativa feita para 2018, com dados oficiais, pelo banco Credit Suisse no relatório “Brasil: cenário melhor, mas ainda incerto para 2018”. Os números oficiais ainda não foram divulgados pela Justiça Eleitoral. Os dados do tempo de rádio e televisão referem-se ainda a estimativa de quanto os partidos terão nos dois blocos do horário eleitoral e nas inserções ao longo da programação se todas as siglas participarem das eleições.

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