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| Foto: Marcos Corrêa/PR

O ex-prefeito de São Paulo e pré-candidato ao governo do estado João Doria (SP) disse nesta quarta-feira (9) que o PSDB pode defender o legado econômico do governo Michel Temer em troca de apoio do MDB à candidatura do ex-governador Geraldo Alckmin à Presidência da República. Já o presidenciável tucano, que vinha conversando com Temer, preferiu esquivar-se de bancar qualquer defesa do governo.

“Não vejo nenhum problema, numa eventual coligação com o MDB, em defender a política econômica implantada pelo ex-ministro Henrique Meirelles [Fazenda]. Ela é boa, positiva, ajudou o Brasil, estancou a inflação, melhorou os índices do país, apresentou crescimento econômico, foi responsável fiscalmente. Nenhum problema de fazer a defesa de uma política econômica feita no governo Temer, no governo do MDB”, disse Doria ao deixar uma reunião com Temer e vários outros integrantes do partido.

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O PSDB reuniu deputados e senadores em Brasília com o objetivo de apresentar as principais linhas que o partido defenderá na economia durante a eleição. Também foi discutida a estratégia de marketing político.

Ao fim do encontro, Alckmin foi questionado por jornalistas sobre a possibilidade de defesa deste legado. O presidenciável desconversou, alegando que o MDB tem pré-candidatos colocados – o próprio Temer e o ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. “Isso não está colocado neste momento”, disse Alckmin. “O MDB tem candidato e é o doutor Henrique Meireles. Então seria até uma indelicadeza a gente prospectar sobre isso.”

Cálculo político

A hesitação do tucano indica um cálculo político: com a saída de Joaquim Barbosa (PSB) da corrida presidencial, Alckmin pode herdar votos do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e ocupar o espaço de candidato de centro sem a necessidade de defender Temer, cujo governo carrega uma desaprovação de 70%.

Apesar de o MDB ter pré-candidaturas apresentadas, aliados do presidente têm dito abertamente que, se Alckmin quiser ser o candidato governista, terá que defender o legado de Michel Temer.

Na segunda-feira (7), o ministro Carlos Marun (Governo) afirmou que, para receber o apoio do MDB, os possíveis aliados teriam que defender o governo. “As alianças vão ficar lá para junho, só em julho vamos ter um quadro melhor. Eu defendo falar do futuro, esperança, emprego, emprego, emprego, renda, renda, melhorar a vida das pessoas”, disse Alckmin. 

“Tenho grande apreço pelo Marun, ele é meu vizinho. Só o que nos separa é o Rio Paraná”, concluiu o ex-governador, fazendo referência ao estado de origem política de Marun, o Mato Grosso do Sul.

Plano de governo

A reunião tucana foi aberta pelo economista Pérsio Arida, que coordena o programa econômico do PSDB nesta eleição. Participante da reunião disse que o plano é zerar o deficit nas contas do governo em dois anos, o que anteciparia o cronograma do ajuste fiscal em curso. O atual cronograma do governo prevê que o déficit seja zerado em 2021 (em três anos).

Alckmin não quis fixar o número de anos que levaria para reverter uma conta negativa que deve chegar ao fim do ano em R$ 159 bilhões, mas indicou que seria em dois anos. Ele também lembrou a meta de dobrar a renda do brasileiro, criando metas anuais de melhora nos indicadores de educação e de abertura econômica. “Dobrar a renda óbvio que não será em um mandato. Zerar o déficit, a gente não pode gastar nem meio mandato”, disse o ex-governador de São Paulo.

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No encontro, os tucanos avaliaram que há uma rejeição aos políticos de maneira geral, não ao PSDB, apesar do desgaste envolvendo ícones da sigla, como o senador Aécio Neves (MG). Alckmin traçou uma espécie de gráfico para indicar que o eleitor comum só pensará no assunto em agosto. Mas o presidenciável se esforça para sair dos atuais 7% a 8% apontados no Datafolha em abril. “O trabalho é direto, mas é evidente que o interesse pelo tema é bem mais à frente”, afirmou.

O antídoto para a aversão à política, segundo Alckmin, será “falar a verdade”. “A população até pelo sofrimento vai refletir e comparar para depois decidir o voto”, disse. Na reunião, acertou-se formar um grupo suprapartidário com ideias para o plano de governo vindas de integrantes de outras siglas como também de pessoas de fora da política.

Segundo participantes da reunião, que foi fechada aos jornalistas, o programa de governo será estruturado em três pilares: indignação (enxugamento do Estado); solidariedade (programas sociais); e esperança (reerguimento do Brasil).

Disputa em São Paulo

Ao comentar a disputa em São Paulo, o pré-candidato João Doria disse não ver problema em Alckmin subir em dois palanques, já que ele também apoia o atual governador, Márcio França (PSB).

“A mim não me cria nenhum constrangimento que o governador Geraldo Alckmin, nosso candidato à Presidência da República esteja num outro palanque no estado de São Paulo. Vamos caminhar com Geraldo Alckmin para Presidência da República e em São Paulo nós venceremos a eleição e venceremos Márcio França também”, afirmou Doria.

Metodologia da pesquisa

A pesquisa eleitoral do Instituto Datafolha foi feita entre os dias 11 e 13 de abril. Foram entrevistados 4.194 brasileiros com 16 anos ou mais em 227 municípios brasileiros. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número BR-08510/2018 e foi encomendada pelo jornal Folha de S.Paulo.

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