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 | Roberto Jayme/TSE
| Foto: Roberto Jayme/TSE

Membro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o ministro Og Fernandes causou polêmica nesta quinta-feira (28) ao lançar uma enquete em sua conta no Twitter: "Vc é o juiz: o Brasil deve sofrer intervenção militar? Sim ou não". O que gerou controvérsia não foi tanto a pegunta em si, mas o fato de ter sido proposta por alguém do alto escalão do Judiciário nacional.

O tema veio à tona há duas semanas, após o general Antônio Hamilton Mourão, secretário de Economia e Finanças do Comando do Exército, defender uma intervenção militar caso a Justiça não resolva o problema da corrupção no país. O oficial, literalmente, colocou pressão sobre o Judiciário e causou constrangimento. Daí a estranheza por Fernandes se sentir à vontade para fazer a provocação na internet.

O resultado da enquete foi o seguinte: 51% responderam não e 49%, sim. Parte dos internautas criticou a iniciativa do ministro e o acusou de defender ou não uma intervenção. Outros aproveitaram para defender o período da ditadura militar Mais de 37 mil perfis votaram. “Sério isso ministro? Isso nem deveria ser a pauta do Brasil, ainda vindo de um magistrado”, escreveu Rodrigo Martins.

Aproximação com a sociedade

À Gazeta do Povo, o ministro explicou que costuma usar a rede social para tentar saber o que seus seguidores pensam e tentar aproximar o Judiciário da sociedade. 

“Vi uma pesquisa que indicava que 43% da população era a favor da intervenção militar. Aquilo me chamou atenção e, a meu ver, não corresponderia ao sentimento da população. Vi que esse seria um bom tema para auscultar a população. Minha expectativa era que 10% afirmassem ser a favor da intervenção militar. De noite percebi o sectarismo, há empate técnico”, explicou o ministro sobre o que o motivou a publicar a pergunta. 

O magistrado disse que essa foi a enquete mais importante que ele propôs nos últimos tempos, pois evidenciou o quão dividida está a sociedade. Para Fernandes, o resultado da enquete é reflexo da polaridade na população, que se mostra intolerante quando os temas são mais polêmicos. 

“Nós precisamos olhar esses dados com cuidado. A questão não é discutir a pergunta. É uma pergunta simples e isenta, a resposta é preocupante. Pois evidencia a polaridade, comentou. 

Ele disse que alguns internautas o acusaram de ser contra ou a favor da intervenção militar apenas por propor a enquete. E afirmou que em nenhum momento defendeu um dos lados, apenas propôs um debate objetivo.

“Nós nunca tivemos tanto tempo de democracia plena como agora. [E nesse momento temos] uma parcela da população que é extremamente sectária, que me parece intolerante à liberdade alheia. É muito fácil quando você tolera quem pensa igual a você. Eu quero saber se as pessoas conseguem manter um comportamento civilizatório de quem pensa contrário a você”, declarou.

“As pessoas pressupõem que há um lado. É uma percepção. E políticos reforçam isso. O debate sobre a intolerância é importante. É preciso cuidado porque quando se radicaliza a ação, a resposta pode ser radical”. 

Defesa no próprio Twitter

O ministro também se defendeu das críticas no próprio Twitter:

Questionado sobre se acha que parte dos votos da enquete possam ser resultados irreais a partir de ações de robôs, o ministro reconheceu que não tem esta informação.

Ele disse ainda irá buscar mais informações sobre isso com a ajuda de técnicos que possam realizar essa avaliação.

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