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Logo que saíram as denúncias de Joesley Batista contra Michel Temer, em meados de maio, o deputado Elizeu Dionizio (PSDB-MS) foi para cima e exigiu o afastamento do presidente da República. Para ele, se tratava de um vexame internacional que exigia a saída imediata de Temer do Palácio do Planalto. Dionizio não pestanejou: foi um dos seis deputados tucanos que protocolaram na Câmara um pedido de impeachment contra Temer.

Até aí, um roteiro de coerência. Dionizio, porém, logo saiu desse script. Titular na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o parlamentar, para surpresa geral, votou contra o relatório do deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) que sugeria a continuidade da denúncia contra o presidente. Ele foi um dos 40 votos pró-Temer na histórica sessão de 13 de julho.

Foi um voto silencioso. Naquela conturbada sessão, ele não se manifestou uma vez sequer nos microfones. O deputado foi beneficiado com a liberação de emendas, de cerca de R$ 2,5 milhões. Ele também teria sido convencido a mudar seu voto na CCJ após conversas com o governador de seu estado, Reinaldo Azambuja, do PSDB, e próximo de Temer. A Gazeta do Povo tentou contato com Dionizio, mas não obteve retorno.

Críticas contundentes

Suas críticas a Temer foram contundentes, antes de mudar de voto. “Com a mesma régua que medimos o PT, precisamos medir o presidente Temer e seu grupo, pedindo o afastamento imediato de todos eles. Não podemos aceitar que o Brasil seja pauta de vexame internacional por ter um presidente envolvido em corrupção”, disse Dionizio num vídeo que gravou e postou nas suas redes sociais.

E até falou sobre ter assinado o pedido de afastamento de Temer: “cheguei a assinar um documento pedindo impeachment do presidente Temer, que ele seja afastado imediatamente”.

Nesse pedido, protocolado na Câmara, os deputados apresentaram reportagens que descrevem a gravação de Joesley Batista, um dos donos da JBS, com Temer, em março, no Palácio do Jaburu. Na conversa, o executivo disse que estava “bem com o Eduardo” e Temer reagiu com a fala: “tem que manter isso aí, viu”.

Joesley afirmou à Procuradoria-Geral da República que ele se referia ao pagamento pelo silêncio do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, preso pela Lava Jato. Temer nega que tenha dado aval para que o empresário pagasse propina a Cunha.

Em sua argumentação, os deputados também destacam um trecho da conversa em que Temer indica o ex-assessor Rodrigo Rocha Loures como seu representante para resolver uma questão do Cade (Conselho de Administrativo de Defesa Econômica), que era de interesse da JBS. Rocha Loures foi flagrado depois pela Polícia Federal com uma mala com R$ 500 mil, que seriam fruto de propina da JBS pelo lobby na questão do conselho.

Apresentadas as reportagens, os autores do pedido afirmam que “não há réstia de dúvidas que, sendo confirmados os fortes indícios de autoria e materialidade criminosa, o presidente da República cometeu crime de responsabilidade”.

Votação no plenário

Com tamanha mudança de rumo, é de se imaginar como Dionizio votará em plenário na sessão do próximo dia 2 de agosto, quando os 513 deputados decidirão se a denúncia criminal contra Temer por corrupção deve ou não ser levada adiante no Supremo Tribunal Federal.

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