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Tamiflu: Eficiência não comprovada

A segurança e a eficácia do medicamento usado contra a nova gripe em crianças menores de 1 ano de idade ainda não foram estabelecidas, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Também a bula do remédio, o Tamiflu, informa sobre sua contra-indicação nessa faixa etária. Apesar disso, a Anvisa reconhece o possível benefício do medicamento.

Segundo a Anvisa, considerando que a influenza apresenta altas taxas de morbidade e mortalidade em bebês, há indícios de que este grupo etário possa beneficiar-se do tratamento com o Tamiflu. "Uma vez que não há informações suficientes para estabelecer o uso do Tamiflu em crianças com menos de 1 ano, incluindo dados sobre doses e reações adversas, a Anvisa recomenda que os pacientes sejam monitorados cuidadosamente quanto a possíveis eventos adversos ao medicamento", diz o alerta publicado no último dia 11. Recomenda-se uma avaliação clínica nas primeiras 48 horas e 30 dias após o uso da primeira dose. (BMW)

Salvador - Crianças de até 4 anos estão entre os grupos menos afetados pela gripe A (H1N1). No Paraná, essa faixa etária é a que apresenta menos casos confirmados: 6,6% do total, segundo análise epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde. Também entre as 142 mortes registradas no estado, 4 aconteceram entre crianças dessa idade. "Esse vírus pegou as crianças de forma branda", diz o infectologista Marcos Lago, chefe do Departamento de Pediatria da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, um dos participantes de um encontro realizado neste fim de semana, na Bahia, em que se discutiu a vacinação.

Lago observa que a nova gripe está se comportando como gripe comum entre as crianças. O motivo para que isso ocorra é uma incógnita. "A criança pega mais gripe e tira mais de letra do que o adulto. Não sei o porquê", afirma o infectologista. Ele compara com outras doenças que acometem mais as crianças, como catapora. A catapora no adulto evolui muito pior do que na criança.

Já entre os casos graves da gripe comum, as crianças menores de 2 anos estão entre as mais acometidas, assim como as pessoas acima de 60 anos, segundo o Ministério da Saúde. Quatro idosos morreram pela nova gripe no Paraná. Já entre os casos confirmados, responderam por 9,2% dos pacientes. As hipóteses apontadas são que o idoso tem uma resistência ao vírus e se expõe menos ao risco de contaminação do que o jovem.

Inexperiente

De todas as gripes que as crianças adquirem, 6% a 9% são pelo vírus Influenza, em situações não pandêmicas, segundo Lago. Quase 50% são de vírus desconhecidos. Ele explica que o que acontece de diferente na criança é que, como o sistema imunológico dela é inexperiente, demora mais do que o adulto para eliminar o vírus H1N1. Na criança esse período é de 14 dias, enquanto no adulto é de uma semana.

Dessa forma, o isolamento da criança é maior do que o do adulto devido ao maior tempo de transmissão da doença. Esse foi um dos motivos apontados para a suspensão das aulas em várias partes do Brasil. Em Curitiba, elas ficaram paralisadas por duas semanas.

A infectologista pediátrica Normeide Pedreira Santos, da Secretaria de Saúde da Bahia, que também participou do evento, explica que uma doença nova geralmente acomete os extremos da vida: os idosos com imunidade baixa e os menores de 5 anos, que não formaram bem o sistema de defesa. No entanto, aponta que não há estudos formados sobre a incidência da doença em crianças. "O que temos visto é que a gripe A em população pediátrica não tem sido tão grande", afirma. "Como o número não é expressivo, ainda não se conhece muito o comportamento nessa faixa etária."

Segundo a epidemiologista Ana Lúcia Andrade, da Univer­sida­de Federal de Goiás, a maioria das crianças que adquiriram a forma grave da doença já fazia parte de grupos de risco, com imunodepressão. "A gripe na criança não está com importância de gravidade como está em adultos jovens e gestantes", afirma.

Entre as 142 mortes pela nova gripe no Paraná, 92 foram em pessoas de 20 a 49 anos (64,8%); 29 na faixa etária entre 50 e 59 anos (20,4%); 13 mortes entre 5 e 19 anos (9,2%); quatro em pessoas acima de 60 anos (2,8%); e quatro entre crianças de até 4 anos (2,8%).

A jornalista viajou a convite da Wyeth Indústria Farmacêutica.

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