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Margaret Chan, diretora da OMS, declarou ontem que faltariam evidências para um alerta centrado apenas no zika. | Fabrice Cofrini/AFP
Margaret Chan, diretora da OMS, declarou ontem que faltariam evidências para um alerta centrado apenas no zika.| Foto: Fabrice Cofrini/AFP

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a microcefalia e as desordens neurológicas em áreas com a presença do zika vírus como emergência internacional e vai lançar-se em uma mobilização de verbas milionárias para acelerar pesquisas que possam esclarecer o motivo da explosão de casos da má-formação no Brasil. Enquanto isso, nenhuma restrição de viagem ou comercial deve ser adotada. Um fundo será criado para financiar pesquisas e a OMS apelou por uma “ação agressiva” para lutar contra o Aedes aegypti no mundo.

Duramente criticada por não ter agido rapidamente para evitar a proliferação do ebola, a diretora da OMS, Margaret Chan, convocou os principais cientistas do mundo para avaliar nessa segunda, 1º, a situação do zika vírus. Entre os especialistas estava o brasileiro Pedro Vasconcelos, do Instituto Evandro Chagas.

Especialistas apoiam alerta da OMS sobre microcefalia, mas cobram pesquisa

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Até hoje, apenas H1N1, pólio e ebola haviam sido declarados como emergências internacionais. “Esses são eventos extraordinários e precisamos reduzir o risco de proliferação”, disse Margaret.

Diante da falta de comprovações científicas, a decisão dos especialistas foi a de evitar colocar o zika vírus como uma ameaça. O jornal O Estado de S.Paulo apurou que, com a previsão de 4 milhões de pessoas infectadas apenas nas Américas, a OMS temia que, ao declarar uma emergência internacional pelo vírus, a região fosse tomada por um pânico desnecessário ou sofresse profundos prejuízos econômicos com embargos e medidas de isolamento.

“Zika vírus por si só não é a emergência internacional. Clinicamente, ele não é serio. O vírus só seria declarado assim se ficasse provada a relação (com casos de microcefalia)”, disse David Heymann, médico que presidiu a reunião dos cientistas. O diretor de Emergência da OMS, Bruce Aylward, também confirmou a posição da entidade. “A emergência são os grupos de doenças (neurológicas) que atingiram o Brasil e a Polinésia Francesa em 2013 e 2014.”

Mesmo sem as comprovações científicas, a OMS optou por agir. “As suspeitas são fortes (de ligação) entre o vírus e a microcefalia, ainda que não provadas cientificamente. Precisamos coordenar esforços internacionais”, declarou Margaret, lembrando ainda a falta de vacina e tratamento. “Isso é tão sério que temos de atuar com medidas preventivas. Imagine: se no futuro essa relação ficar provada, vão nos acusar de não ter atuado, pois o mosquito está em todas as partes”, afirmou. “Essa é uma ameaça para o restante da população mundial.”

“Precisamos de pesquisas. Mas, diante dos casos de má-formação serem tão graves, decidimos declarar uma emergência”, completou Heymann. A OMS ainda recomendou ontem prioridade na pesquisa para encontrar uma vacina, assim como terapias e diagnósticos. O Estado apurou que um dos principais motivos do alerta emitido ontem foi o de mobilizar o mundo científico e político para acelerar os estudos na área.

Ações

As medidas adotadas ontem incluem as recomendações aos governos para que “o monitoramento de microcefalia e dos distúrbios neurológicos seja padronizado e fortalecido, em especial nas áreas conhecidas como locais de transmissão do zika vírus”. A OMS também exigiu que os governos preparem seus serviços de saúde para “um potencial aumento de casos neurológicos”.

Apesar de declarar a emergência, a OMS se recusou a fazer recomendações para que viagens sejam evitadas ao Brasil ou a outros lugares afetados pelo surto. “Não deve haver restrição de viagens ou comércio, nem para mulheres grávidas”, disse Margaret. Uma das preocupações da OMS era a de criar um padrão global para dar uma resposta ao problema, evitando que governos adotem medidas extremas, como a de sugerir a seus cidadãos evitarem os Jogos Olímpicos do Rio ou qualquer cidade brasileira.

A OMS sugere, porém, que os viajantes sejam informados sobre os potenciais riscos e tomem medidas “apropriadas para reduzir a possibilidade de exposição às picadas dos mosquitos”. A entidade também recomenda que aviões sejam desinfetados antes de voarem.

O que muda com o alerta da OMS

MUNDO EM ALERTA

A OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou nesta segunda (1º) emergência mundial por causa da microcefalia (má-formação cerebral), problema associado ao zika

O QUE SIGNIFICA?

A designação foi recomendada por um comitê de especialistas independentes da agência da ONU, após críticas sobre uma resposta hesitante até agora

O QUE MUDA?

Na prática, a decisão deve ajudar a acelerar ações internacionais e de pesquisa. Viagens aos países com transmissão ativa do vírus, como o Brasil, não estão vetadas

TAMANHO DO PROBLEMA

Segundo órgão de saúde dos EUA, 25 países e territórios têm casos de transmissão do vírus. O Brasil é o mais afetado, com 3.4 mil casos suspeitos de microcefalia e 270 já confirmados, supostamente relacionados ao zika vírus.

PERSPECTIVAS

Estimativa da OMS prevê que até 4 milhões de pessoas sejam infectadas pelo zika em todo o continente americano neste ano, sendo 1,5 milhão delas somente no Brasil.

Fonte: Folhapress
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