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A rede pública de ensino do Paraná sofreu uma redução de mais de 45 mil matrículas em 2014, no comparativo com 2013, segundo informações do Censo da Educação, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Os números confirmam a tendência de queda do índice no estado e no país nos últimos anos. Estudos da Secretaria de Estado da Educação (Seed) apontam uma redução de 1,97% ao ano entre 2004 e 2014. Especialistas são unânimes em apontar a queda da natalidade como um dos fatores para esses números. Para o poder público, o desafio é entender para onde vão esses alunos, e decidir o que fazer com a estrutura ociosa no espaço escolar.

Mais alunos

Para Paulo Cunha, diretor da área de ensino do Grupo Positivo, o número médio de alunos por sala deve aumentar. Com isso, espaços da escola, como um laboratório, por exemplo, deixarão de ficar ociosos. “Isso diminui as despesas fixas e sobra dinheiro para pagar melhor o professor”, observa.

Educação de Jovens e Adultos é alvo de críticas de professores

A Educação de Jovens Adultos (EJA) também sofreu com a queda de 19,1% nas matrículas do ensino fundamental, e de 25,7% no médio, no período entre 2010 e 2014.

Para a secretária educacional do sindicato dos professores (APP-Sindicato) Walquíria Olegário, o número é dos mais preocupantes. “Temos cerca de três milhões de alunos que poderiam estar no EJA”, explica. Isso, segundo ela, considerando-se o número de analfabetos totais e funcionais do estado. Em 2014, foram 125.496 matrículas.

Resolução

A sindicalista critica a resolução que exige um mínimo de 20 alunos para abertura de uma turma nesta modalidade, e defende uma política pública que passa por um mapeamento e cadastro de quem são estes alunos, de forma ao Estado tentar incluí-las no ensino.

A professora da UFPR Andrea Gouveia diz ver “problemas no tipo de política oferecida na rede estadual”, que é a principal responsável pela oferta do EJA.

Até 2010 e 2011, diz a professora, a queda no ensino de jovens e adultos não era tão acentuada. São alunos que já teriam um histórico de evasão, mas que não encontram atrativos em retorno aos bancos da sala de aula.

Sem resposta

Questionada, a Secretaria de Estado da Educação (Seed) não respondeu sobre os investimentos nesta área até o fechamento desta edição.

A queda na taxa de natalidade passou a ter reflexos na educação principalmente a partir dos anos 2000, conforme explica a diretora de Informações e Planejamento da Seed, Vanda Dolci. No ensino fundamental, foram menos 2,25% de alunos matriculados por ano, entre 2004 e 2014, com tendência mais forte de queda a partir de 2006. Já no ensino médio, a redução média durante a década foi de 0,07% , mas a queda começou para valer em 2010.

Matrícula motivou política de redução de turmas

Trabalho

A especialista do Núcleo de Políticas Educacionais (Nupe) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Andrea Gouveia pondera que no ensino médio a diminuição do número de alunos pode estar relacionada à evasão para o mercado de trabalho. A taxa pode ser ainda maior do que mostra o Censo, pois muitos alunos desistem de estudar ao longo do ano, quando a escola já protocolou os dados no Inep. A professora alerta que o movimento de fuga da escola é intensificado quando há corte de turmas no período noturno.

O corte nas turmas da noite também pode explicar a diferença na queda entre os anos iniciais do fundamental (7,43% a menos na rede pública) e os finais (19,44%). Como as políticas anti-reprovação, que aliviaram o número de alunos nas séries maiores, é do final dos anos 1990, Andrea duvida que esta seja a explicação para a discrepância entre os dois níveis. Mas pode ser que este aluno do 6.º ano em diante tenha migrado para a rede particular, em um cenário de crescimento econômico. “Ainda que se tenha um cenário de diminuição, é necessário um trabalho qualitativo para entender onde estas matrículas estão caindo”, defende a professora.

Uma das saídas seria fortalecer o investimento no ensino integral. A própria Seed diz ter mapeado 80 escolas com infraestrutura adequada para expandir a modalidade que cresce ano a ano no estado, mas ainda de forma tímida no comparativo com a meta do Plano Nacional de Educação (PNE) de 25% dos alunos até 2020. Em 2014, o estado chegou a 8,4% de vagas integrais no ensino básico.

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