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Programação

11 dias de festa da Padroeira

A festa de Nossa Senhora do Rocio chega à 198ª edição com intensa programação entre os dias 6 e 16 de novembro, em Paranaguá, e deve reunir mais de 500 mil pessoas. Como já é tradição na cidade, as homenagens acontecem em terra e pela água, com procissões motorizada, ciclística e marítima pela baía.

O ponto alto das comemorações será dia 15 de novembro, quando são esperados 100 mil fiéis na Procissão da Festa de Nossa Senhora do Rocio, também conhecida como procissão dos milagres, a partir das 16 horas. Diariamente serão realizadas missas e novenas em homenagem à santa, além de shows artísticos e culturais.

A programação completa está disponível no site www.santuariodorocio.com.br ou pelo telefone (41) 3423-2020.

Rainha do Paraná

Em 11 de março de 1977, católicos paranaenses enviaram carta à Sagrada Congregação para os Sacramentos e o Culto Divino, com sede na Santa Sé, oficializando a solicitação da patronagem da Santa do Rocio sobre o Paraná.

O pedido conjunto – e invulgar – de dois arcebispos e 22 bispos, além do governador e dos chefes dos poderes legislativos e judiciários do Paraná, foi atendido alguns meses depois. Em 30 de julho do mesmo ano, um breve apostólico assinado pelo cardeal João Villot, secretário de estado do Vaticano, em nome do Papa Paulo VI, foi enviado ao bispo da Diocese de Paranaguá. Nele, declarava-se Nossa Senhora do Rosário do Rocio como Padroeira do Paraná, para o presente e o futuro, ad aeternum.

  • Imagem atual de Nossa Senhora do Rocio, em exposição no Santuário da padroeira, em Paranaguá

A maioria dos parnanguaras ignora o fato de que a imagem da padroeira Nossa Senhora do Rocio, venerada há 62 anos no atual santuário da santa, não é a original. O aparecimento desta se perde nas brumas do tempo e há pelo menos duas lendas de como ela foi encontrada, em histórias parecidas com tantas outras. Em 15 de dezembro de 1948, correu em Paranaguá a notícia de que a imagem tinha sido roubada. O fato foi publicado pela Gazeta do Povo, em manchete da primeira página do dia 16 : "Profanação da fé e do milagre".Liderada por autoridades políticas, policiais e religiosas, toda a população lamentava a perda e rezava para que a santinha reaparecesse. No dia 19 de dezembro, o então prefeito João Eugênio Cominése ofereceu recompensa de dez mil cruzeiros a quem localizasse a imagem ou desse informações a seu respeito. No dia seguinte, um suspeito foi preso e, durante o interrogatório, confessou o roubo. Disse mais: que ao retirar a coroa da cabeça da santa – o único objeto de valor material, pois seria de ouro e poderia ter provocado a cobiça do criminoso – a imagem se estilhaçara em suas mãos. Os fragmentos teriam sido enterrados em terrenos baldios do bairro Vila Guarany, conforme registros feitos pelo médico Joaquim Tramujas, ex-vereador e ex-prefeito da cidade: "Em diligência policial da qual participaram o preso e até o prefeito da cidade, alguns deles foram encontrados".

A coroa da Virgem não apareceu, mas o resplendor do Menino Jesus teria sido achado nas proximidades da igreja. Um negociante da cidade confessou ter comprado o broche que prendia o manto da imagem e o entregou à polícia.

Em 6 de março de 1949, coube ao arcebispo metropolitano dom Ático Euzébio da Rocha a missão de restabelecer a fé perdida pelos fiéis, tornando-se responsável pela entronização da nova imagem no altar da igreja do Rocio. Naquela data, depois de uma missa matutina na Catedral Metropolitana de Curitiba, a cópia da imagem saiu em procissão rumo à Estação Ferroviária, para embarcar em um trem especial, juntamente com autoridades e romeiros, até Paranaguá. No mesmo dia, inúmeros fiéis desceram a Serra do Mar pela rodovia.

Retorno

Conduzida pelo arcebispo em carro aberto, a imagem foi apresentada aos parnanguaras. O uso dos fragmentos da versão anterior na confecção da nova estátua ajudou a incutir junto à população a ideia de que não se tratava de colocar uma nova santa, mas, efetivamente, de receber a original, que voltava. "Eis a santa que voltou a reinar entre nós, independentemente dos percalços materiais que possam querer perturbar a sua trajetória de luz", teria dito dom Ático, na ocasião. O médico-historiador também registrou essa passagem: ainda durante a missa, "o episódio do roubo ficara para trás e, por ser de natureza policial, esquecido".

Tão esquecido que o opúsculo Nossa Senhora do Rocio – Breve história, de Monsenhor Vicente Vítola, desde a sua primeira edição, publicada em 1954, passa pelo ano de 1948 ignorando o roubo. Na 5.ª edição, revisada e ampliada em 1992, recorda algumas datas marianas memoráveis, a partir de 1942. A única referência a 1948 menciona a presença da imagem em Curi­tiba, vinda de Paranaguá, para presidir o Primeiro Congres­so Mariano do Paraná.

Lendas relatam o encontro da imagem

Não são raras as imagens da Virgem Maria que aparecem sob águas de mar ou de rios. O mesmo aconteceu com Nossa Senhora do Rocio, devoção tão antiga que se perde no passado e é contada em pelo menos duas lendas.

A história do Pai Berê diz que à beira da Baia de Paranaguá viviam humildes pescadores que do mar tiravam seu sustento. Certa vez, um deles, que seria índio ou africano, chamado Pai Berê, lançava sua rede e não conseguia recolhê-la com um só peixe que fosse, para mitigar a fome de seus filhos. Desesperado, suplicou aos céus que não o desamparasse e atirou a rede pela última vez. Ao puxá-la, sentiu um peso que o fez acreditar ter apanhado pelo menos um peixe. Espantado, verificou que o recolhido das águas era uma pequena imagem de Nossa Senhora, medindo 20 ou 30 centímetros de altura, coberta de gotículas de água que brilhavam como pérolas. Levou-a para sua humilde choça onde, a partir daquele dia, os demais pescadores reuniram-se para rezar e agradecer, pois passaram a recolher muitos frutos do mar.

Rosas-Loucas

Menos divulgada, a outra história foi chamada de lenda das Rosas-Loucas. Diz-se que na região onde hoje é o santuário existiam viçosas touceiras de rosas, que floresciam sempre em novembro. Eram chamadas de loucas pela facilidade com que se despetalavam, mesmo à mais suave brisa vinda do mar. Certa noite, ao largo com suas canoas, os pescadores viram um facho luminoso que, saindo do mar, descrevia uma curva e mergulhava nas moitas das perfumadas rosas. Acreditando num aviso divino que indicasse a existência de algum tesouro enterrado, no dia seguinte foram às moitas das "rosas-loucas". Lá, encontraram uma pequena imagem de Nossa Senhora, igualmente coberta de gotículas de orvalho.

Embora as duas versões justifiquem o nome Rocio (sinônimo de orvalho) e os títulos Rosa Matutina e Estrela do Mar, com os quais é saudada em ladainhas, algumas fontes de pesquisa – inclusive o mestre Vieira dos Santos – citam ter sido a imagem encontrada na "costeira do Rossio da Vila".

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