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Maquinários das primeiras indústrias do Paraná estão em exposição no Museu Paranaense. | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Maquinários das primeiras indústrias do Paraná estão em exposição no Museu Paranaense.| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

A intensificação das imigrações europeias aliada ao auge do ciclo da erva-mate foi a receita para que o Paraná desse os primeiros passos rumo à industrialização no século 19. O extrativismo do mate abriu espaço para que as primeiras fábricas surgissem na então província paranaense. O beneficiamento e empacotamento da erva destinada aos mercados interno e externo contribuíram de maneira decisiva para esse processo.

Exposição conta a trajetória das indústrias do Paraná

A ala está aberta à visitação desde a última quinta-feira (18).

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Conheça a história das indústrias do Paraná, exposta no Museu Paranaense

Desde quinta-feira (18), uma nova ala sobre o tema está aberta para visitação do público no prédio, localizado no centro histórico de Curitiba

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A vinda dos imigrantes, por sua vez, criou um nicho de mercado para o consumo de bens não duráveis. Além disso, como constata o historiador Renato Carneiro, diretor do Museu Paranaense, muitos imigrantes – sobretudo alemães e italianos – sempre tiveram um pé na industrialização.

“Eles vinham para cá com a incumbência de atuar no campo, mas alguns deles nunca tinham trabalhado com lavoura. Ficavam um tempo e depois iam para as cidades”, afirma. Dessa forma, parte deles foi responsável por montar as primeiras indústrias alimentícias na região.

O início

O historiador Dennison de Oliveira, autor do livro “Urbanização e Industrialização no Paraná”, conta que, no começo do ciclo ervateiro no Paraná, os comerciantes recebiam a erva já beneficiada do produtor. Porém, era necessário um cuidado maior para garantir a exportação. Tornou-se, então, imprescindível adotar técnicas para vender um produto de qualidade.

Materiais da antiga Typographia Paranaense também fazem parte da mostra. Ivonaldo Alexandre / Gazeta do Povo

“Gradualmente os comerciantes foram adotando determinadas práticas que convergiam para a obtenção de um nível de qualidade da erva a um custo que entendiam ser compatível”, afirma Oliveira. O resultado final de todo esse processo foi a instauração de uma indústria da erva-mate.

Ele acredita que os primeiros engenhos de erva, que funcionavam em Curitiba e no Litoral, foram a experiência inicial do capitalismo industrial no estado. Segundo os estudos de Oliveira, no ano da emancipação política da Província do Paraná, em 1853, havia em Morretes 47 engenhos de erva-mate e em Curitiba, 29.

Estrada da Graciosa

A construção da Estrada da Graciosa, iniciada em 1853 e concluída em 1873, intensificou ainda mais as atividades dessa indústria, colocando em contato mais fácil e rápido os fornecedores da folha da erva com os engenhos, que se situavam a meio caminho entre os produtores e o Porto de Paranaguá. “Aos poucos, os engenhos foram subindo do Litoral para ficarem mais próximos do local de plantio da erva”, afirma Carneiro.

A indústria do mate gerou, consequentemente, a necessidade de novas fábricas. A manutenção dos engenhos, a embalagem e o transporte da erva requeriam considerável soma de empresas voltadas para áreas como metalurgia, carpintaria e gráfica.

“Toda a cadeia produtiva passou a ser necessária. Junto com esse processo , veio a necessidade de se produzir mais alimentos, pois a população estava aumentando, o que fez surgir também as indústrias alimentícias”, ensina Carneiro. Foi exatamente nesse caminho que grande parte dos imigrantes europeus no Paraná apostou.

No entanto, durante a I Guerra Mundial (1914-1917), a indústria do mate entrou em recessão e começou a ser substituída. Já nos anos 1920, a madeira e o café passaram a ser os carros-chefes da economia paranaense. “Mas a semente da industrialização paranaense já estava plantada com a erva-mate”, atesta Carneiro.

Depois da estagnação, indústrias do Paraná começaram a se espalhar

Em 1940, seguindo uma política nacional de industrialização de Getúlio Vargas, o interventor Manoel Ribas inaugurou a Estrada do Cerne, ligando o Norte ao Sul do Paraná

Se as instalações das primeiras fábricas no Paraná devem-se às iniciativas particulares, centradas na produção da erva-mate, nos anos seguintes políticas públicas começaram ser implantadas no estado para incentivar a industrialização. A ideia era levar fábricas para outras localidades, que não fosse apenas Curitiba.

No entanto, o historiador Renato Carneiro chama a atenção para o fato de que logo após a Depressão, de 1929, o café também entrou em crise. “Esse período foi de estagnação, com produção de todos os bens voltada ao mercado interno”, explica.

Café

A produção do café, especialmente no Norte do Paraná, retornou como protagonista da economia do estado em meados de 1935. Foi nesse período que o governo se preocupou em melhorar a ligação entre o Norte do Paraná com o resto do estado. Por isso, em 1940, seguindo uma política nacional de industrialização de Getúlio Vargas, o interventor Manoel Ribas inaugurou a Estrada do Cerne, ligando o Norte ao Sul do Paraná.

Vale apontar que o café legou, inclusive, um expressivo parque industrial dedicado à torrefação e à moagem do produto, conforme escreve o pesquisador Dennison de Oliveira.

Posteriormente, os governos de Moisés Lupion (1947-1951 e 1956-1961) e Bento Munhoz da Rocha (1951-1955) também pensaram em modernizar o estado.

“Eles preparam grande parte de subsídios de infraestrutura, como usinas e estradas para o estado”, aponta Carneiro. Esse processo coincide com os planos de crescimento econômico do Brasil, capitaneado pelo então presidente Juscelino Kubitschek. A partir dos 1960, já com Ney Braga a frente do governo, o Paraná começou a traçar uma política de descentralização das indústrias.

“Com ele é que veio a Repar [Refinaria Getúlio Vargas] e, mais tarde, veio a CSN [Companhia Siderúrgica Nacional]. A industrialização passou a ser uma tendência nacional e ela passa a se espalhar para as diversas regiões do estado”, diz Carneiro.

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