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Inaugurada em 2008, Linha Verde ainda não está concluída. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Inaugurada em 2008, Linha Verde ainda não está concluída.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

A prefeitura de Curitiba reempacotou obras da Linha Verde e adjacências e anunciou na terça-feira (19) um plano para tonar a via de fato um eixo estruturante da cidade, além de transformá-la em um grande laboratório do conceito de cidades inteligentes. O anuncio foi feito durante o congresso Smart City Business América, evento que vai até quinta-feira (21) na capital.

Veja infográfico com o cronograma de projetos em andamento na Linha Verde

Sem decolar, Cepac ainda é esperança de R$ 1,4 bilhão

A prefeitura já realizou dois leilões para venda dos títulos Cepacs, mas conseguiu arrecadar apenas R$ 36 milhões. A gestão Gustavo Fruet espera arrecadar R$ 1,4 bilhão com a chamada Operação Consorciada Linha Verde. Segundo Fábio Scatolin, secretário do Planejamento, o decreto que institui a criação da operação deverá ser modificado.

“Estamos fazendo algumas alterações no decreto para deixá-lo mais competitivo. E, a medida que o poder público antecipa investimentos em infraestrutura física que viriam através do Cepac, acreditamos que tornaremos o papel mais vendável”, afirmou Scatolin.

Os Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs) são comercializados em leilões na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Ele dão ao comprador o direito de construir verticalmente na Linha Verde, além da Lei de Zoneamento. As construtoras, por exemplo, podem edificar prédios com mais andares do que o especificado para a área em questão. A demora na venda, porém, não assusta Scatolin. “O eixo leste-oeste demorou 30 anos para consolidar. Antigamente, falavam que conectora 5 ligava nada a lugar nenhum. Mas demorou uns 10 anos para ela ser ocupada. Por isso vemos a operação da Linha Verde com tranquilidade”.

Inaugurada no fim de 2008, a Linha Verde ainda está em construção na parte norte, teve intervenções no sul concluídas só no ano passado e ainda terá novas obras naquele extremo. Os projetos, orçados em pouco mais de R$ 268 milhões, têm recursos do PAC Mobilidade e da própria prefeitura. O último lote licitado foi o 3.1, que está sendo homologado. Mas ainda há editais em andamento para regiões entre o Conjunto Solar e o Atuba, além da ampliação e readequação do Viaduto do Tarumã.

A promessa é de que a via seja um eixo estruturante sustentável, com BRT elétrico ou híbrido, redes de infraestrutura de banda larga, semáforos e iluminação inteligentes. São 22 intervenções, a maior parte, de certa forma, já anunciada.

Juntas, para mudar a ‘cara’ da região da Linha Verde até 2018, as ações deverão custar R$ 4,5 bilhões. Desse valor, R$ 2,16 bilhões serão recursos públicos (70% financiados via União, 20% do orçamento municipal e 10% via financiamento), R$ 1 bilhão de investimento privado e R$ 1,4 bilhão da venda de Cepacs.

“Queremos que a via seja um ponto de integração da cidade e não uma cicatriz que como antes a cortava”, diz Paulo Roberto de Mello Miranda, secretário de Tecnologia.

O BRT elétrico, por exemplo, faz parte de um plano de eletromobilidade elaborado em parceria com a Volvo. A autonomia do veículo ainda está em análise. Mas, segundo Fábio Scatolin, secretário do Planejamento, há duas possibilidades. “A empresa nos passou que pode ser um veículo com bateria para 12 Km ou outra que será por tiros curtos de circulação e recargas de 1 min a cada vez que ele parar em uma estação-tubo”. A Volvo disse que pretende fornecer um BRT para testes em 2016.

No novo pacote da Linha Verde, também entraram obras voltadas ao meio ambiente, como drenagem e gestão de risco, implantação de estações sustentabilidade e o projeto Minha Casa Minha Vida para 4 mil unidades no Campo de Santana. Sozinho, esse último projeto tem R$ 1 bilhão de investimento federal com recursos do FGTS já garantidos.

Prefeitura apoia futuro sobre parcerias público-privadas

O desenvolvimento e a ampliação da qualidade de vida nas cidades devem estar em projetos feitos em parcerias público-privadas no futuro. Pelo menos é a aposta dos participantes do congresso Smart City Business América, registrada na Declaração de Curitiba. Em documento assinado por grandes empresas, prefeitos de várias cidades e especialistas em temas urbanos, o entendimento é que a execução e oferta de bens para os cidadãos que vivem em áreas urbanizadas será maior no mundo à medida que haver maior envolvimento entre empresas e governos.

O documento será uma das bases para o Secretariado da III Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre Habitação e Desenvolvimento Urbano Sustentável, a Habitat III, que ocorrerá na cidade de Quito, no Equador, em 2016. As discussões feitas em Curitiba ontem para chegar ao documento foram coordenadas e moderadas pela equipe da ONU-Habitat, vinda de Nairóbi, no Quênia, sob a liderança do diretor-geral Joan Clos, em Curitiba.

Durante os debates, Cláudio Acioly, chefe da unidade de desenvolvimento de capacidades da ONU-habitat em Nairóbi, constatou uma mudança no comportamento das empresas no Brasil. “Ficou claro que o setor privado está acordando para a sua responsabilização social. Na Europa, por exemplo, isso já é uma prática comum há alguns anos. A minha análise é que as grandes empresas que produzem produtos e serviços tecnológicos descobriram que cidades concentram grande parte de clientes e consumidores e que é importante eles [empresários] assumirem suas responsabilidades sociais.”

O representante da Onu-Habitat destacou o exemplo das empresas de telefonia que tem trabalhado em ferramentas para auxiliar no controle social dos governos e no oferecimento de serviços. “Empresas de telefonia avançaram muito na produção de uma série de aplicativos na área de cultura, de controle da administração municipal, e tudo em tempo real. Os aplicativos permitem a instituição e os funcionários terem informação.”

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