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Deputado Júlio Delgado será o relator do processo contra Vargas ; Deputado não pretende renunciar ao mandato, dizem amigos | Luís Macedo/ Câmara dos Deputados ; Antônio More/ Gazeta do Povo
Deputado Júlio Delgado será o relator do processo contra Vargas ; Deputado não pretende renunciar ao mandato, dizem amigos| Foto: Luís Macedo/ Câmara dos Deputados ; Antônio More/ Gazeta do Povo

Anvisa não autorizou ação de laboratório

O Ministério da Saúde firmou parceria com o laboratório suspeito de pertencer ao doleiro Alberto Youssef mesmo com a recusa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em autorizar o funcionamento da empresa como produtora de medicamentos. O indeferimento da autorização está registrado numa resolução da Anvisa de 23 de agosto de 2013.

Em 11 de dezembro de 2013, a gestão do então ministro Alexandre Padilha anunciou a parceria com a Labogen, um negócio de R$ 31 milhões, para a produção de um medicamento. A pasta só suspendeu a parceria após a revelação das investigações da Operação Lava Jato. O ministério sustentou que a parceria ainda estava na primeira fase, período destinado a adequações. "A comprovação do registro só é necessária na finalização dessa primeira fase", informou.

Agência O Globo

Denúncia

Irmão de André Vargas trabalhou para doleiro, diz jornal

Uma gravação captada pela Polícia Federal, durante a Operação Lava Jato, mostra André Vargas (PT-PR) cobrando o doleiro Alberto Youssef um pagamento para o seu irmão, Milton Vargas. A informação foi publicada na quarta-feira pela Folha de S. Paulo. Segundo o jornal, Vargas diz que o irmão foi contratado pelo doleiro para prestar um serviço de tecnologia para a empresa Labogen, no ano passado. A PF aponta que a empresa foi usada para fazer remessas ilegais de US$ 37 milhões para o exterior. Em troca de mensagens entre Vargas e o doleiro, segundo a PF, o petista pergunta por qual motivo o irmão não recebeu o pagamento. "Sabe por que não pagam o Milton?" , diz Vargas. "Calma que vai ser pago", respondeu Youssef. À Folha, Vargas disse que o serviço de tecnologia prestado pelo irmão, entre R$ 76 mil e R$ 78 mil, não foi pago. O advogado de Youssef alegou não saber do ocorrido.

Agência O Globo

Na berlinda

Liderança no PT nacional e paranaense, André Vargas se complicou com a divulgação de denúncias de seu relacionamento com o doleiro Alberto Youssef. O doleiro está preso por suspeitas de participação num esquema de lavagem de dinheiro, que teria movimentado R$ 10 bilhões, segundo a Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

Voo polêmico

Vargas viajou de férias com a família para João Pessoa, na Paraíba, em um jatinho arranjado pelo doleiro. O voo teria custado cerca de R$ 100 mil. Da tribuna, o deputado federal disse que foi "imprudente" e que havia cometido um "equívoco".

Contato ministerial

Em uma troca de mensagens de texto interceptadas pela Polícia Federal, Vargas e Youssef mencionam a Labogen, empresa química ligada ao doleiro suspeita de ter sido usada para fazer remessas de US$ 37 milhões ao exterior. Segundo a conversa, o deputado teria ajudado o laboratório a obter financiamento de R$ 31 milhões com o Ministério da Saúde para produção de medicamentos. Youssef chega a dizer que está trabalhando pela "independência financeira" dos dois.

Irmão

A Polícia Federal também interceptou conversas que mostram que o irmão do deputado federal André Vargas, Milton, trabalhou para o doleiro Youssef. No diálogo, o parlamentar cobra um pagamento a Milton que não havia sido feito.

O deputado licenciado André Vargas (PT-PR) renunciou ontem à vice-presidência da Câmara dos Deputados. Em uma carta lida na noite de ontem pelo líder do PT na Câmara, Vicentinho (SP), o paranaense anunciou que abre mão do cargo para se dedicar a sua defesa no processo instaurado ontem pelo Conselho de Ética contra ele. O colegiado investigará as denúncias do envolvimento do petista com o doleiro preso Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

"Tomo essa decisão para que eu possa me concentrar em minha defesa perante o conselho e para não prejudicar o andamento dos trabalhos da Mesa Diretora, e também preservar a imagem da Câmara, do meu partido e de meus colegas deputados", diz o petista no documento.

O conselho terá a partir de agora 90 dias úteis para concluir a investigação e apresentar um parecer que pode prever diversas punições, sendo a mais grave o pedido de cassação do mandato.

A decisão final ficará a cargo do plenário da Casa, em votação aberta. Para haver a perda do mandato, é preciso o voto de pelo menos 257 dos 513 deputados. Vargas ficará inelegível até o início de 2023 caso perca o mandato.

Renúncia

Ao ler a carta, Vicentinho disse que o partido apoia sua decisão e que, a partir de agora, a legenda passará a discutir nomes para substituir Vargas na vice-presidência. Vicentinho hesitou em falar sobre uma possível renúncia de Vargas ao mandato parlamentar e limitou-se a dizer que a questão é "de foro íntimo". "Ele agora quer ter o direito defesa e de ser ouvido", disse.

O deputado estadual Ênio Verri, presidente do PT do Paraná, disse que esteve reunido com Vargas durante a tarde de ontem em Brasília e que o parlamentar teria informado que não pretende renunciar ao mandato. Verri ainda desconhecia a decisão de Vargas de deixar a vice-presidência da Câmara, mas disse que a decisão deve ter sido tomada "para fortalecer sua defesa na comissão de ética da casa".

Processo

Durante a sessão de instalação do processo contra Vargas, integrantes do PT tentaram uma manobra para adiar o início das investigações no Conselho. Escalado para apresentar uma questão de ordem, o deputado Zé Geraldo (PT-PA) defendeu que o processo fosse inicialmente discutido na Corregedoria da Câmara, como propuseram integrantes do PSol.

A iniciativa, no entanto, foi rejeitada pelo presidente do Conselho, Ricardo Izar (PSD-SP), que na sequência, após sorteio, nomeou o deputado Julio Delgado (PSB-MG) como relator do processo.

Colaboraram Katna Baran e Euclides Lucas Garcia

Força-tarefa terá três procuradores que investigaram caso Banestado

Guilherme Voitch

A força-tarefa criada pela Procuradoria-Geral da República para atuar exclusivamente no inquérito da Operação Lava Jato terá três procuradores que já atuaram juntos em outra investigação nacional de um esquema de corrupção. Carlos Fernando dos Santos Lima, Orlando Martello Junior e Deltan Dallagnol participaram da força-tarefa do Banestado, que, em 2002, investigou remessas ilegais de dinheiro para fora do país por meio das contas CC-5.

A força-tarefa do Banestado denunciou mais de 600 pessoas, das quais 97 foram condenadas. Entra elas está justamente o doleiro Alberto Youssef, pivô do inquérito da Operação Lava Jato. Durante a investigação das CC-5, Youssef admitiu ter movimentado US$ 5 bilhões ilegalmente. O doleiro pagou uma multa de R$ 1 milhão e fez um acordo de delação premiada com a Justiça, comprometendo-se a não atuar mais no mercado do dólar – o que, conforme o que foi revelado até agora pela Polícia Federal (PF), não ocorreu.

Na prática, a Procuradoria-Geral aposta em profissionais com expertise para ir além do que já foi descoberto pela PF. Assim como ocorreu com a CC-5, na Lava Jato existem indícios de que os operadores lavaram dinheiro de políticos e de servidores públicos que recebiam propina. Também há semelhanças no modelo de envio ilegal de dinheiro, com doleiros atuando de forma conjunta por meio de várias contas.

Integrantes

Santos Lima e Martello Junior são procuradores regionais da 3.ª Região. Dallagnol é procurador da República no Paraná. Além deles, integram a força-tarefa o procurador regional da 4.ª Região Januário Paludo e os procuradores Andrey Borges de Mendonça e Diogo Castor de Matos, respectivamente das Procuradorias de São Paulo e do Paraná.

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