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Plenário do STF: sessão para analisar rito do impeachment será na quarta (16). | LULA MARQUES/Fotos Públicas.
Plenário do STF: sessão para analisar rito do impeachment será na quarta (16).| Foto: LULA MARQUES/Fotos Públicas.

O papel estratégico e delicado assumido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) pode desencadear em outro problema para os ministros da Corte: o questionamento sobre a posição política dos magistrados, já que eles são indicados pelo presidente em exercício e têm o nome confirmado pelo Senado. Dilma, por exemplo, indicou cinco dos atuais 11 ministros do STF. E Lula, outros três.

A suspensão pelo ministro Luiz Edson Fachin – indicação recente de Dilma –da formação da comissão que analisa o impeachment na Câmara dos Deputados foi questionada pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O pedido foi negado por Fachin.

Ação do PCdoB questiona papel da Câmara e do Senado

Atualmente, a composição da Corte é de maioria indicada por petistas: três ministros do ex-presidente Lula e cinco de Dilma. À época do impeachment de Fernando Collor, quatro magistrados que ocupavam a Corte Suprema eram indicados por ele.

Para especialistas consultados pela reportagem, porém, não há que se falar em possíveis “benefícios” a serem concedidos a um presidente por um ministro apenas pela indicação à Corte. “Essa discussão é ingênua e o processo do mensalão comprovou isso. Qualquer juiz toma decisões não somente pela lei. Há critérios subjetivos, mas isso não quer dizer que há uma influência política total”, diz o professor de Direito na FGV-Rio Ivar Hartmann.

Lealdade

O cientista político da Unicamp Frederico de Almeida explica ainda que pesquisas apontam que a indicação presidencial não significa lealdade do ministro ao governo. Além disso, ele avalia que a própria indicação não atende ao desejo pessoal do presidente, mas de uma série de lobbies jurídicos e políticos. “O ministro também deve satisfação à comunidade jurídica, de maneira geral”, diz.

Para Almeida, questionamentos sobre a postura dos ministros devem surgir no decorrer do impeachment, mas a posição tomada pela Corte, diante das dúvidas, também vai indicar a lisura do processo. “O que deve acontecer é uma postura prudente e restritiva ao procedimento do impeachment. Se houver uma tentativa de cartada final do governo, discutindo o mérito da ação, acho difícil o STF intervir.”

Ação questiona papel da Câmara e do Senado

  • Brasília

Em 74 páginas enviadas ao Supremo Tribunal Federal (STF), advogados do PCdoB cobram da Corte uma análise sobre ritos que ainda não estariam claros no processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT). A dificuldade, argumenta o partido da base aliada, ocorre porque a principal lei sobre o tema, a chamada Lei do Impeachment, de 1950, é anterior à Constituição Federal (1988) e estaria defasada.

O Congresso não se preocupou em adaptar o procedimento previsto na Lei 1.079/50 aos novos ditames constitucionais.

Trecho da ação no STF

O conteúdo da ação está sendo analisado pelo relator do caso no STF, ministro Luiz Edson Fachin, que paralisou o trâmite do processo em curso na Câmara até quarta (16), quando ele levará o tema para o debate na Corte. No geral, o PCdoB pede a derrubada de alguns artigos da Lei do Impeachment, a manutenção de outros e vai além: pede a interpretação do STF em torno de dez artigos e a regulamentação de “lacunas”.

Poder ao Senado

Entre os principais temas questionados na ação, além da votação aberta para formação da comissão de impeachment, está a questão dos papéis da Câmara e do Senado no processo de impedimento. Para o PCdoB, a Câmara, presidida por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), opositor da petista, apenas autoriza ou não a abertura do impeachment, mas não “instaura” o processo.

O objetivo final dos aliados da presidente Dilma, nesse ponto, seria o de dar força ao papel do Senado, onde a petista lida com menos instabilidade política. Outro objetivo seria o de ressaltar a função mais “técnica” do que “política” da Câmara, já que a Casa de Cunha faria uma análise apenas de admissibilidade, na qual o julgamento de mérito deveria ter menos espaço.

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