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O juiz da 2ª Vara da Justiça Federal de Mato Grosso, Jefferson Schneider, encaminhou ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, e ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedido para que analise a abertura de investigação sobre 64 deputados e um senador citados na quebra de sigilo que desencadeou a Operação Sanguessuga. O requerimento com a relação de parlamentares foi enviada em segredo de Justiça por Schneider no dia 29 de abril. Os nomes dos deputados e do senador foram citados por assessores, mas segundo a PF não há provas de que todos os parlamentares estariam envolvidos no esquema.

Da lista, além do senador Ney Suassuna (PMDB-PB), líder do partido no Senado, aparecem outros líderes, como Rodrigo Maia (PFL-RJ), e o candidato do PSDB ao governo do Rio, deputado Eduardo Paes. Segundo a Polícia Federal, foi feita uma pesquisa no resultado da quebra de sigilo de assessores e empresários investigados. As menções a deputados foram separadas para serem remetidas ao STF. Não significa, contudo, que os parlamentares citados tenham envolvimento com a quadrilha que fraudava licitações para compra de ambulâncias.

"Importante consignar que, até a presente data, não foi possível definir se os deputados federais, autores das emendas respectivas, estariam destinando tais recursos com interesses ilegítimos, ou seja, interagindo com a organização criminosa", diz relatório da PF enviado à Justiça. E acrescenta: "A apresentação de emendas, com o objetivo de dotar recursos em proveito dos estados de origem, é apenas uma das atividades inerentes às funções do parlamentar. É possível que funcionários da Câmara e do Senado estejam fazendo uso indevido do nome de determinados parlamentares, em proveito próprio, como restará evidenciado adiante".

Na semana passada, quando ainda não havia concluído os inquéritos, o delegado Tardelli Boaventura recebeu uma intimação da Justiça Federal para que, em 48 horas, elaborasse um relatório enumerando todos os parlamentares citados nas interceptações telefônicas:

— Determinei que o Núcleo de Inteligência fizesse uma busca no sistema. E todos os deputados que tiveram o nome citado foram incluídos na lista, sem fazer qualquer juízo de valor, sem qualquer cruzamento de dados. E enviamos para o juiz.

Com base nos indícios que surgirem, pode ser solicitada a abertura de inquérito. Em razão do foro privilegiado, o inquérito correrá no STF. A PF acredita que alguns dos parlamentares citados podem ter sido vítimas dos próprios assessores. Servidores cederam a senha do sistema da Câmara à quadrilha.

Rodrigo Maia confirmou que apresentou emenda para compra de ambulância em 2004 para o município de Macucu, mas nega qualquer ligação com a quadrilha investigada pela PF. Maia afirmou que não conhece nenhum dos presos e que seu nome apareceria apenas porque foi citado numa conversa entre dois dos investigados. Ele defende a punição dos culpados:

— Não tenho problema em deixar tudo claro. Não conheço as pessoas citadas. Mas aqueles que participaram têm que ser investigados e punidos.

Denise Frossard negou que tenha relação com as irregularidades e disse que apenas apresentou emendas na área de saúde a pedido de prefeitos, sendo que nenhuma para ambulâncias.

— O Executivo é dono do Orçamento. Não entra mais nenhum trabalho do Legislativo aí, depois que as emendas são indicadas. Eu não acompanho porque não é da minha função.

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