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| Foto: Juca Varella/Agência Brasil

A liderança em relação ao número de filiados da Central Única dos Trabalhadores (CUT), braço do PT junto aos sindicatos de trabalhadores pelo Brasil, pode estar com os dias contados.

A segunda e a terceira maiores centrais sindicais – Força Sindical e União Geral dos Trabalhadores (UGT), respectivamente – estudam uma fusão que desafia a hegemonia da CUT.

Atualmente a CUT tem 2,3 mil sindicatos filiados, com um total de 3,8 milhões de trabalhadores sob seu guarda-chuva, segundo dados do Ministério do Trabalho. O número corresponde a 21% dos sindicatos e 30% dos trabalhadores brasileiros.

Enquanto isso, a Força Sindical tem 1,6 mil sindicatos filiados, que reúnem 1,2 milhão de trabalhadores. Já a UTG representa 1,2 mil sindicatos e 1,4 milhão de trabalhadores. Em caso de uma fusão das duas centrais, a nova composição será a maior representante de trabalhadores do país, com 2,8 mil sindicatos que juntos reúnem 2,7 milhões de associados.

Apesar de ainda ficar atrás da CUT em número de trabalhadores associados – 30% para a CUT e 21% para as duas centrais unificadas –, a representatividade em relação aos sindicatos será um pouco maior com a unificação: 26% contra 21% da CUT.

Fator político

Com a fusão das duas centrais sindicais, a força política também ganha um novo peso com a composição. Atualmente, a CUT é a maior central sindical do país e tem uma forte ligação com o PT. A CUT participou de todas as manifestações contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e recentemente se negou a discutir mudanças na previdência com o presidente em exercício Michel Temer (PMDB). Os dirigentes afirmam não reconhecer o governo Temer, a quem chamam de “golpista”.

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Por outro lado, o presidente da Força Sindical, o deputado federal Paulinho da Força (SD) é crítico ao PT. Ele chegou a apoiar a eleição da presidente Dilma em 2010, mas mudou de lado em 2014 e apoiou a candidatura do senador Aécio Neves (PSDB).

O deputado foi favorável à cassação da presidente Dilma. Durante a sessão do impeachment na Câmara dos Deputados, em abril desse ano, Paulinho da Força subiu na tribuna para fazer um discurso e cantou uma música em protesto contra a presidente. “Dilma vai embora que o Brasil não quer você / E leve o Lula junto e os vagabundos do PT”, dizia a canção.

Pelo menos uma questão, porém, une as centrais sindicais independente do posicionamento político: a reforma na previdência. Paulinho da Força chegou a dizer nesta quarta-feira (18) que se Temer insistir na reforma, vai acabar unindo as centrais sindicais em torno de pautas contra o governo.

Fator financeiro

Outro fator que contribui para o interesse em realizar a fusão é o financeiro. De acordo com a legislação, as entidades reconhecidas têm direito a receber até 10% do valor da contribuição sindical dos trabalhadores. O restante dessa contribuição é dividido assim: 15% para a confederação correspondente; 60% para o sindicato respectivo; e 10% para o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

Em 2015, a CUT foi a central que mais recebeu contribuições sindicais. Segundo dados do Ministério do Trabalho, foram R$ 59 milhões em 2015 e R$ 45,9 até abril deste ano. Juntas, a Força Sindical e a UTG receberam em 2015 R$ 91,7 milhões – mais que o dobro recebido pela CUT. Em 2016, as duas centrais já receberam R$ 63,6 milhões se somadas as duas receitas.

De acordo com a assessoria de imprensa da UTG, ainda não há decisão concreta sobre a fusão. As duas centrais estão em negociação há cerca de um mês e uma assembleia está marcada para o próximo dia 25 para discutir a questão com os diretórios estaduais da UTG. O objetivo, segundo a assessoria, é fortalecer as centrais e melhorar a representatividade dos trabalhadores.

A reportagem da Gazeta do Povo tentou entrar em contato com o deputado federal Paulinho da Força (SD), mas o parlamentar não retornou aos pedidos de entrevista.

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