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Desde o episódio no Centro Cívico, no fim de abril, quando PMs e professores entraram em confronto, Fernando Francischini estava balançando no cargo | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Desde o episódio no Centro Cívico, no fim de abril, quando PMs e professores entraram em confronto, Fernando Francischini estava balançando no cargo| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Balançando no cargo desde o confronto entre policiais e professores no último dia 29 de abril, o secretário de Segurança Pública, Fernando Francischini, pediu demissão no fim da manhã desta sexta-feira (8), em carta endereçada ao governador Beto Richa (PSDB). O Palácio Iguaçu informou que o delegado da Polícia Federal Wagner Mesquita de Oliveira, que comandava o setor de inteligência da Secretaria, responderá interinamente pelo comando da pasta.

Wagner Mesquita de Oliveira, da área de inteligência da Secretaria, assumirá a pasta interinamenteAliocha Mauricio/Tribuna do Paraná

Em coletiva de imprensa na última segunda-feira (4), coube a Oliveira apresentar vídeos com indícios da participação de “grupos radicais” – incluindo “black blocs” – no protesto do Centro Cívico, que atribuíram o “estopim” da crise a esses grupos. Foram apresentados diversos vídeos e fotografias que, para a secretaria, seriam “evidências” de que o confronto teria sido causado por eles.

Saída conturbada

A situação de Francischini começou a ficar insustentável justamente nessa coletiva, quando ele negou ter sido o responsável pela ação policial que deixou mais de 200 manifestantes feridos no Centro Cívico. Na ocasião, ele afirmou que todo o planejamento e execução foi de responsabilidade do comando da Polícia Militar (PM).

Caixa Zero: Francischini não caiu pela violência da tropa, mas por não ter feito as pazes com ela

A saída do secretário Fernando Francischini (SD) da Segurança Pública ocorreu pouco mais de uma semana após o confronto da Polícia Militar com os manifestantes no Centro Cívico. No entanto, parece correto dizer que Francischini não caiu devido ao excesso de violência empregado contra professores e outros presentes do lado de fora da Assembleia Legislativa.

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A repercussão negativa das declarações levou o governador a decidir pela saída de Francischini na quarta-feira (6). Segundo fontes do Executivo, ele teria entrado demitido numa reunião feita com o tucano pela manhã, mas saiu mantido como secretário após fazer um apelo emocionado para permanecer na função.

No mesmo dia, porém, o cenário mudou com a divulgação de uma carta assinada por 16 dos 19 coronéis da PM em repúdio à postura de Francischini de atribuir à polícia toda a responsabilidade pelo confronto do dia 29. Além disso, causou ainda mais polêmica um desabafo feito no Facebook pela mulher dele, Flávia Francischini. No texto, sem citar nomes, ela fez críticas indiretas ao grupo político de Richa. Horas, depois apagou a postagem.

A saída de Francischini tornou-se irreversível nesta quinta-feira (7), com o pedido de demissão do comando da PM do coronel César Kogut. Ele alegou ao governador “dificuldades insuperáveis” no relacionamento com a direção da Secretaria de Segurança Pública. À Gazeta do Povo, Kogut voltou a responsabilizar Francischini pela “batalha” do Centro Cívico. “O secretário conhecia e participou de tudo”, afirmou à reportagem.

Deputado federal eleito pelo Solidariedade com quase 160 mil votos, Francischini vai reassumir o mandato na Câmara Federal no lugar do suplente Osmar Bertoldi (DEM).

Confira a carta de demissão:

Exmo. Governador Beto Richa,

Gostaria inicialmente, mesmo neste momento de dificuldade, rememorar os avanços na área de segurança pública que merecem destaque:

1)Polícia Civil

a)Encaminhamos para Vossa Excelência, com nosso parecer positivo, o Estatuto da Polícia Civil do Paraná; nele constam os avanços importantes para os profissionais da área, como a regulamentação das carreiras e seus direitos; A necessidade de Bacharelado em Direito para o concurso de escrivão de polícia, o reconhecimento dos peritos papiloscópicos, a padronização do subsídio de delegados de polícia para remoções de todas as categorias profissionais;

b)Encaminhamento, com parecer positivo da secretaria, da equivalência das carreiras jurídicas de Estado com os delegados de polícia;

2) Polícia Científica:

a) Encaminhamento da PEC de recriação da Polícia Científica no Paraná;

b) Enquadramento e encaminhamento das Promoções dos Peritos Oficiais e Auxiliares de perícia

3) Polícia Militar e Corpo de Bombeiros:

a) Encaminhamento de uma proposta inicial da Lei de Promoção de Praças, a ser amplamente debatida;

b) Negociação para implantação das promoções e progressões dos Policiais Militares atrasadas;

4) Polícia Penitenciária:

a) Regulamentação do porte de arma e da identidade funcional;

b) Estruturação do setor de engenharia para correção dos projetos de construção e ampliação dos presídios;

5) Resultados Importantes:

a) Diminuição brutal dos roubos e explosões de caixas eletrônicos, que aconteciam diariamente, com diversas prisões de “gangues da dinamite” e a apreensão de fuzis, e explosivos. Em janeiro foram 25 explosões e em abril foram 9.

b) Fim das mega rebeliões em presídios com a proibição de remoções de presos, principalmente aquelas que aconteciam a critério das facções criminosas;

c) reforço substancial no Departamento de Inteligência do Estado do Paraná, triplicando o número de policias.

d) Recordes de apreensão de toneladas de drogas, mais de 400 bandidos detidos em operações policiais e a prisão de centenas de traficantes que influenciaram diretamente na redução drástica de homicídios em várias cidades do Paraná, inclusive em Curitiba, resultando no melhor resultado dos últimos 9 anos.

Tenho convicção de que a segurança pública e administração penitenciária estão no rumo certo, para o alcance dos interesses do Estado e da Sociedade.

Mesmo com todos estes resultados, venho agradecer a confiança de Vossa Excelência, mas, para colaborar com a governabilidade do nosso Estado, peço exoneração de minha função, convicto de que as ações até agora tomada se deram a favor do interesse público. Dentro da legalidade, em garantia da ordem pública.

Finalizo, assumindo novamente e publicamente todas as minhas responsabilidades, na atuação policial nas últimas operações, apoiando o trabalho da tropa. No entanto, ressalto que mesmo com as reações adversas, continuo defendendo uma apuração rigorosa tanto da polícia quanto do Ministério Público para que ao final a verdade prevaleça.

Confiante em seu trabalho e na sua capacidade de liderança para superar este momento de crise, coloco-me a inteira disposição das causas paranaenses no Congresso Nacional e agradeço cada profissional da segurança pública e da Administração Penitenciária pelo apoio e respeito concedidos.

FERNANDO FRANCISCHINI

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