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Manifestação em Brasília neste domingo (13). | Wilson Dias/Agência Brasil
Manifestação em Brasília neste domingo (13).| Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Apesar dos protestos abalarem ainda mais um governo já fragilizado, a chance de renúncia de Dilma é pequena – principalmente pelo seu perfil pessoal, afirma o cientista político Luiz Domingos Costa, professor do grupo Uninter. Entretanto, as possibilidades da pauta do impeachment prosperar crescem com a possibilidade do PMDB abandonar o barco governista.Costa participou da cobertura ao vivo da Gazeta do Povo e comentou o impacto político das manifestações deste domingo (13). Costa relembrou que o cacique peemedebista Jorge Picciani, pai do atual líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani, declarou recentemente que o governo Dilma tem prazo de validade de três meses. Isso é mais um indicativo que uma parcela considerável do partido deve votar pelo impeachment, o que aumenta as chances de um fim prematuro do governo.

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Para Costa, a tábua da salvação de Dilma, porém, pode vir do lugar mais inesperado possível: a Operação Lava Jato. Caso o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), seja afastado do cargo, é possível que esse processo acabe contaminando o processo de impeachment – autorizado por ele próprio em dezembro do ano passado. Mesmo assim, o equilíbrio do governo é delicado.

2018

Para Costa, a oposição, especialmente políticos ligados ao PSDB, tentam capitalizar as manifestações a seu próprio favor – ainda que políticos tucanos, como Aécio Neves, tenham sido citados na Operação Lava Jato. “A oposição vai tentar fazer essa associação entre corrupção e o PT, colocar esse carimbo”, afirma. Com isso, o PSDB começa a corrida eleitoral de 2018 em vantagem – seja o candidato Aécio ou Geraldo Alckmin (PSDB).

Para Costa, políticos de extrema-direita como Jair Bolsonaro (PP) podem tentar capitalizar, também, essa derrocada do PT. Entretanto, ele considera a chance desse grupo produzir candidatos eleitoralmente viáveis é pequena. “Ele só se torna viável se a oposição errar muito. Partidos como o PSDB e o DEM têm recursos suficientes para sufocar uma candidatura desse tipo”, disse. Apesar da rejeição do eleitorado ao político tradicional também ser um sintoma das manifestações, para Costa, isso deve se refletir mais nas eleições proporcionais.

Já Marina Silva (Rede) teria potencial para assumir essa posição para conquistar o eleitor moderado, visto que tem um capital eleitoral significativo e, ao contrário dos tucanos, não enfrenta acusações de corrupção. Entretanto, segundo Costa, ela está num processo de construção da Rede e tem se mantido distante dos acontecimentos – o que pode custar sua viabilidade eleitoral em 2018.

Por fim, há a possibilidade de candidatos de centro-esquerda, como Ciro Gomes (PDT), herdarem o eleitorado decepcionado com o PT, mas que rejeitam o PSDB. Assim, mesmo sem o PT, pode haver uma candidatura competitiva neste campo mesmo em um cenário que Luiz Inácio Lula da Silva esteja inelegível ou decida não sair candidato.

Quanto ao PT, nesse cenário, deve recorrer a um candidato “para o sacrifício”, visto que, tirando o próprio Lula, não tem nomes que podem superar a alta rejeição do partido neste contexto. “Se [Fernando] Haddad ou Jaques Wagner quiserem ser presidente, é melhor tentar na eleição seguinte. Quem for candidato em 2018, sairá muito marcado”, diz.

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