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Nas últimas semanas, o instituto Paraná Pesquisas fez um tour por quatro capitais brasileiras para aferir o prestígio dos seus respectivos prefeitos, empossados há pouco mais de três meses. Foram pesquisadas São Paulo, Belo Horizonte, Maceió e Curitiba. A pior avaliação o povo dedicou ao prefeito de Curitiba, Rafael Greca, que manteve 55% de desaprovação e 38% de aprovação.

Os índices negativos obtidos por Greca são quase inversamente proporcionais aos do paulistano João Dória (PSDB), aprovado por 70% e reprovado por 24%. Já em Belo Horizonte, o prefeito Alexandre Kalil (PHS) ficou com 64% de aprovação e 32% de desaprovação. Em Maceió, Rui Palmeira (PSDB) foi pouco melhor: 65% a 31%.

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Quando (e se) Greca ler estes números, didaticamente colocados em forma comparativa pelo instituto Paraná Pesquisas, não lhe bastará apenas tomar conhecimento ou se comportar como avestruz. A melhor atitude – ainda que só acredite em pesquisas que lhe favoreçam – é meditar sobre as causas da completa inversão das expectativas que os eleitores curitibanos devotavam a ele.

No travesseiro, ao lado protetor de Margarita e antes da oração à Senhora da Luz dos Pinhais poderia, por exemplo, colocar aspas nas 10 perguntas abaixo e respondê-las:

1. Fiz um bem para a população quando aumentei a passagem de ônibus para além do poder aquisitivo da população e sem garantia proporcional de que o transporte vai melhorar?

2. Meus colegas prefeitos que estão bem nas pesquisas mexeram na tarifa do ônibus; anunciaram aumento de impostos; tentaram avançar na previdência do funcionalismo?

3. Exagerei nas promessas durante a campanha e será que agora a população está achando que foi enganada?

4. Eu disse aos servidores que seus reajustes e carreiras seriam garantidos e agora sou obrigado a negar? Quantas greves já tive de enfrentar até agora? Como estou me comportando diante delas?

5. Vendi a ilusão de que num ‘zap’ os serviços de saúde iriam melhorar, unidades básica e UPAS seriam uma maravilha? Pois é, passados 100 dias da minha gestão, a população ainda não sentiu diferença?

6. Repeti demasiadamente o bordão “se não sabem fazer, deixa que eu faço” e agora não encontro jeito de fazer?

7. Depois de quase perder a eleição por causa da minha desastrosa declaração de que não gostava de cheiro de pobre, saí beijando todos que encontrava e prometendo-lhes abrigo e vida digna. O que aconteceu com as minhas promessas de que os moradores de rua passariam a ser dignamente atendidos?

8. Antes e durante a campanha estudei convenientemente para saber a real situação das finanças municipais? E se meus projetos caberiam nas finanças?

9. Até quando terei de ficar repetindo que pouco posso fazer porque meu antecessor deixou muitas dívidas? Por que ficaram dívidas? Será que nas outras capitais, os prefeitos não encontraram dívidas? Elas passaram ao largo da crise?

10. As pessoas notaram alguma diferença depois que mandei lavar a Rua XV? Será que eu devia mesmo ter cancelado a Oficina de Música?

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Respondidas as dez perguntas, o prefeito Rafael Greca talvez encontre o caminho para dar conta da maior de suas promessas durante a campanha – a de fazer Curitiba voltar aos tempos idílicos das décadas passadas? Ou, pelo menos, encontre o consolo íntimo próprio dos que se acham injustiçados: o povo é ingrato!

Metodologia

As sondagens do Instituto Paraná Pesquisas nas quatro capitais foram todas concluídas em março. As amostras reproduziram as estratificações do eleitorado segundo dados dos respectivos Tribunais Regionais Eleitorais (TRE’s). Em São Paulo foram ouvidos 1.004 eleitores, com margem de erro de 3 pontos porcentuais para baixo ou para cima. Maceió: 620 entrevistas, com 4 pontos de margem de erro. Belo Horizonte, 805 entrevistas, 3,5 pontos de margem. E Curitiba, 801 eleitores, margem de erro 3,5 pontos porcentuais.

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