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“Para quem viaja em direção ao sol, é sempre madrugada”, escreveu a grande poeta paranaense Helena Kolody. Quem se encanta pela beleza estética do verso pode não perceber que ele guarda uma lição de sabedoria aplicável também à gestão pública. Governante que não sabe o lugar em que o Sol vai nascer arrisca-se a viajar no sentido contrário e se perder cada vez mais na escuridão da noite. O pior de tudo é que, atrás dele, vagam milhões de cidadãos que só querem uma coisa – enxergar a luz.

Deste mal sofrem o Brasil e o Paraná nos dias atuais. No Brasil que Dilma Roussef divide com Eduardo Cunha, Joaquim Levy e Lula, fez-se a escuridão. Duzentos milhões de brasileiros, ainda que não queiram, os seguem caminhando como cegos sem saber se o futuro está perto ou longe e, muito menos, que cara ele terá. Crises econômica e política se fundem e se confundem, a ponto de já nem mais sabermos qual delas é mais grave nem como achar a ponta do fio que nos conduza pelo labirinto.

Se o Paraná fosse um país, não estaríamos sofrendo dos mesmos males que afetam o Brasil. Aqui, nos últimos anos, não encontramos razões econômicas nem políticas com as mesmas dimensões e causas que deram contorno à crise nacional. O governador Beto Richa nunca teve um Eduardo Cunha a lhe atormentar, um Lula a se intrometer, uma bolha internacional a prejudicar seus cofres.

No Brasil, somam-se as crises políticas e de gestão deficiente. No Paraná, a crise é apenas de gestão, apesar do prometido choque. Crise de gestão e de falta de visão estratégica – aquela que ensina o gestor a saber o lugar em que o sol vai raiar.”

De semelhante, apenas a gastança sem responsabilidade com o equilíbrio das contas. De resto, o Paraná – a despeito do governo que tem – manteve o PIB sempre acima da média nacional; a arrecadação subindo muito mais que a inflação; a dívida consolidada menor que a de todos os outros estados.

A agricultura nunca deixou de crescer e de atrair divisas; mantivemo-nos campões na produção de carnes; a indústria seguiu ritmo maior que o brasileiro; o setor de serviços só experimentou expansão. São fatos inegáveis e demonstrados por dados oficiais, como os acompanhados e divulgados pelo Ipardes.

Então, por que o Paraná também entrou em crise, a ponto de termos experimentado, no decorrer dos últimos anos, situações inusitadas como a de ver viaturas paradas por falta de combustível e manutenção? De ver se empilharem dívidas com pequenos fornecedores? De se ter investido quase nada em infraestrutura? E de, alegando-se tais razões, termos sofrido a mais alta majoração da carga tributária? De se ter confiscado a poupança previdenciária dos servidores públicos? De ter assistido a tentativas de abolição de direitos adquiridos do funcionalismo? E de termos, por causa disso tudo, desembocado na tragédia do 29 de abril no Centro Cívico? E, como se não bastasse, tivéssemos sofrido a ameaça recente de ver até mesmo fechamento de escolas?

No Brasil, somam-se as crises políticas e de gestão deficiente. No Paraná, a crise é apenas de gestão, apesar do prometido choque. Crise de gestão e de falta de visão estratégica – aquela que ensina o gestor a saber o lugar em que o sol vai raiar.

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