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Tendências

Perderam a oportunidade 1

A militância jovem do PT organizou ontem um jantar em Brasília para arrecadar fundos destinados ao pagamento das multas dos petistas condenados no processo do mensalão. Não parece o caso de polemizar, como fez o Marcelo Tas ontem Twitter, que eles deveriam é levar comida para os mensaleiros na cadeia. Mas faria bem aos jovens um pouco reflexão. Em vez de tentar desconstruir o julgamento feito pelo Supremo Tribunal Federal, a juventude petista poderia se ocupar em se esforçar para melhorar as práticas do partido, reconhecer os erros e trabalhar numa pauta positiva para o país, propondo medidas contra a corrupção. Isso se chama bom senso.

Perderam a oportunidade 2

Os militantes do PT poderiam atuar contra o pragmatismo político que tomou conta dos parlamentares no Congresso Nacional. Poderiam se unir a outras juventudes partidárias e evitar que a Câmara e o Senado fossem presididos por pessoas sob as quais têm sido levantadas uma série de denúncias. Poderiam, ao menos, atuar para que os partidos tivessem uma pauta de moralização administrativa no Congresso Nacional. Mas isso parece não interessar às juventudes partidárias do PT e de quaisquer outros partidos. O que tem interessado é reproduzir a prática política vigente.

A calçada e o granito

Durante a última semana uma intensa polêmica, especialmente nas redes sociais, se instalou em Curitiba porque a prefeitura começou a colocar granito nas calçadas de um trecho de rua no Batel. A discussão, relevante, ficou em torno de a prefeitura embelezar uma região nobre e não fazer o mesmo com bairros da periferia. O debate poderia ser mais amplo e girar em torno de opções urbanísticas para toda a cidade. Como as calçadas são usadas? Como elas podem evitar a violência? E como elas podem melhorar o trânsito? Esses são aspectos que merecem mais consideração. O que você acha?

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O ativista norte-americano Aaron Swartz, morto tragicamente na semana passada aos 26 anos, deixa como legado o modo como atuava na política. Swartz era mais conhecido por ser um programador e ativista da livre informação na internet. Ele participou da criação do código do RSS, utilizado para agregar conteú­do na rede, quando tinha 14 anos. Foi um dos fundadores do site Reddit e militava contra tentativas de reduzir a liberdade na internet nos Estados Unidos. Respondia a um processo criminal sob a acusação de ter furtado artigos acadêmicos da base de dados do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e corria o risco de pegar 35 anos de cadeia. Sofria de depressão. Na última sexta-feira, Aaron Swartz se suicidou.

Apesar do currículo como ativista das redes, seria uma baita injustiça resumir a atuação de Swartz ao universo virtual. Quando se observa como ele atuava politicamente a coisa começa a ficar interessante. Em artigo do pesquisador do Instituto Roosevelt de Matt Stoller no site Naked Capitalism, publicado na segunda-feira, descobre-se que Aaron Swartz se interessava por políticas na área de saúde e de combate à corrupção financeira e às drogas. Ao contrário de muitos ativistas sociais que preferem manter os políticos à distância, Swartz se esforçou para conhecer o funcionamento das negociações políticas no Congresso. Procurava conhecer o sistema eleitoral, a propaganda política e os mecanismos que levam à corrupção.

A forma como Swartz agia permite uma bela conclusão para todo aquele que pretende ser um ativista bem-sucedido. É preciso estudar o funcionamento do sistema político para atuar nele de forma eficaz. Em vez de colecionar meras opiniões, vale mais buscar informações sobre as instituições políticas. Ler tudo o que for possível sobre como o Estado funciona. Há cada vez mais dados públicos disponíveis nos sites dos governos. É necessário esforço para compreender a política. Sem dedicação, os resultados de ativistas serão muito limitados.

Swartz era o arquétipo do ativista desses tempos hipermodernos. Programador prodigioso, aliava conhecimentos sobre o funcionamento da democracia a seu trabalho técnico de alta performance. A segunda conclusão a que se chega é que, se nos séculos 19 e 20 boa parte dos ativistas era de estudiosos de ciências sociais, no século 21 eles cada vez mais têm o perfil semelhante ao de Aaron Swartz – transitam com facilidade entre as humanidades e a tecnologia da informação. Uma pena que ele decidiu deixar o mundo que estava ajudando a melhorar.

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