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Os projetos de turismo não costumam aparecer entre as prioridades dos governantes. Bastante compreensível, já que há tanto para se fazer em educação, saúde e segurança, entre outras áreas carentes de recursos e gente. Mas as irregularidades no Ministério do Turismo que culminaram com a prisão de quase 40 pessoas nesta semana são suficientes (ou deveriam ser) para que a presidente, governadores e prefeitos desmarquem todos os compromissos e se reúnam para discutir a questão: o que fazer para que a Copa do Mundo marque a grande virada do turismo brasileiro?

Atualmente, o Brasil recebe cerca de 5 milhões de visitantes estrangeiros. No ano passado, eles gastaram US$ 5,9 bilhões no nosso país. Mas o saldo do setor não foi bom porque, com o real valorizado, lotamos os aeroportos e os aviões para fazer compras em Miami e subir na Torre Eiffel. Os gastos dos brasileiros lá fora atingiram US$ 16,4 bilhões. A tendência é que essa diferença se agrave em 2011 (veja infográfico).

Viajar é uma delícia, e, voltar com a mala cheia, nem se fala. Mas o poder público tem de pensar em formas de compensar o dinheiro que gastamos no exterior. Com o apoio dos governadores, dos prefeitos e da iniciativa privada, é preciso dotar o país de infraestrutura adequada e criar condições para que os prestadores de serviço se instalem e prosperem.

Em junho de 2007, o governo federal lançou o Plano Nacional do Turismo, com vistas a desenvolver a atividade. Entre as metas estipuladas até 2010, estava previsto o ingresso de 7,9 milhões de estrangeiros em território brasileiro. E, pelos planos, eles teriam tanto o que fazer e tanto para comprar na nossa terrinha que gastariam US$ 7,7 bilhões por aqui. Mas, como já foi dito, não foi o que aconteceu.

E, dadas as condições atuais de temperatura e pressão no Mi­­nistério do Turismo, será que as expectativas da Embratur vão se concretizar? O presidente do órgão, Flávio Dino, espera que a Copa faça duplicar o número de visitantes estrangeiros na próxima década, e que os gastos deles cheguem a US$ 20 bilhões anuais. (Detalhe: Flávio Dino foi juiz federal e deputado federal pelo PCdoB do Maranhão. No ano passado perdeu a eleição de governador. Na sua biografia não consta experiência com turismo.)

Vitrine

Independentemente da Copa e dos Jogos Olímpicos, o Brasil precisa implantar novos projetos para atrair visitantes de fora e também para fomentar o turismo interno. Mas os eventos esportivos serão uma grande vitrine, por isso é preciso correr.

Aqui no Paraná precisamos urgentemente de um Zo­­­nea­­mento Ecológico-Econômico, que vai definir as potencialidades e as restrições de cada região. Esse mapeamento mal andou nos últimos anos. A atual gestão planeja finalizá-lo em 2012.

E tanto aqui como em todo o país é preciso melhorar a infraestrutura, não só dos aeroportos e estradas, como também o acesso ao saneamento básico. Além disso, o setor carece de sinalização adequada, terminais de passageiros e postos de informação ao turista. Muitas regiões do interior com potencial turístico não têm nada disso, e, para resolver o problema, o governo precisa criar linhas de crédito específicas (especialmente para micro e pequenas empresas). Estímulo ao empreendedorismo também é muito importante, mas esse papel o Sebrae já vem cumprindo muito bem.

Outro gargalo é a capacitação. Infelizmente, muitas das entidades contratadas com verbas do Ministério do Turismo para oferecer cursos estão envolvidas com irregularidades. Mas há outros caminhos. Em vez de o governo destinar verba pública ou emendas parlamentares diretamente para essas ONGs, poderia, por exemplo, oferecer isenção de impostos, o que restringiria a atuação de empresas de fachada. Não é possível? É sim. Welcome to Brazil!

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