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Discurso x prática

Reeleito já no primeiro turno, o governador Beto Richa (PSDB) declarou logo após o fim do pleito que o melhor estaria por vir. A promessa, porém, se manteve apenas no discurso eleitoral nesses primeiros cem dias de governo, conforme analistas. Com o caixa em baixa, o tucano se viu obrigado a tomar medidas impopulares para conter os gastos e aumentar a arrecadação já a partir do final de 2014, com o aumento do IPVA e do ICMS. “Isso logicamente levou a um processo de desgaste do governo com a opinião pública”, analisa o cientista político do Grupo Uninter Helio Godoy. Para ele, mais do que o próprio ajuste fiscal, a condução do processo por parte do governo foi errônea, já que se quis aproveitar a alta margem de apoio na Assembleia Legislativa sem abrir espaço para mais debates com a população sobre os projetos.

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Pacotaço

Para especialistas, a ocupação da Assembleia Legislativa pelos professores da rede estadual, em fevereiro, é o fato político que mais marcou os cem primeiros dias de segundo mandato de Beto Richa. O protesto foi motivado pela tentativa do governo em fazer votar em regime de urgência um “pacotaço” de austeridade que atingia a classe. Ao contrário do que o governo esperava, o movimento dos professores também recebeu apoio da população em geral – conforme levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, 80% dos paranaenses aprovaram a ocupação do prédio da Assembleia e 90% foram favoráveis a paralisação da classe, que durou um mês.

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Escândalo

O governo teve ainda de prestar esclarecimentos sobre o escândalo envolvendo funcionários da Receita Estadual de Londrina. Em janeiro, um assessor foi preso por suposto envolvimento em casos de exploração sexual, e o Palácio Iguaçu entrou em contradições para explicar onde ele ocupava o cargo. Mais recentemente, Luiz Abi, parente de Richa, também acabou preso por suspeitas de uso de fraude licitatória para conseguir contratos para manutenção de carros oficiais do estado. “Na medida em que foram sendo descobertas novas coisas contra os envolvidos, as pessoas começaram a fazer uma relação direta da pessoa do governador com o processo de corrupção”, diz o cientista político do Grupo Uninter Helio Godoy.

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Relação com o Legislativo

Diante das medidas impopulares e dos protestos dos professores, a aprovação do governo Richa sofreu uma queda livre em cem dias: conforme levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, passou de 65% em dezembro de 2014 para 20% em março deste ano. O baque acabou provocando também um descontentamento do Legislativo com o governo. Porém, a tentativa da oposição de montar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias sobre a Receita Estadual de Londrina foi fracassada – deputados da situação aprovaram outras CPIs, atingindo o limite máximo de funcionamento de comissões na Casa.

Falta de transparência

Mesmo diante da queda de popularidade com os eleitores e de prestígio com o Legislativo, o governador Beto Richa não soube reagir e acabou “se fechando” para a população, conforme análise dos especialistas. “Faltou transparência nas ações do governo diante da crise”, avalia o cientista político do Grupo Uninter Helio Godoy. Ele observa, porém, que essa falta de reação positiva ainda não se refletiu nas ruas de maneira exponencial, como no caso da rejeição a presidente Dilma Rousseff. “Em relação ao governo estadual, o eleitor ainda mantém um certo distanciamento, ele não fica sabendo de forma mais detalhada as ações do dia a dia e não forma uma opinião, mas ainda há um estado de descrédito”, acredita.

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