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Manifestantes na Praça Santos Andrade, em Curitiba. | Marcelo Andrade / Gazeta do Povo
Manifestantes na Praça Santos Andrade, em Curitiba.| Foto: Marcelo Andrade / Gazeta do Povo

“Confio em que nossos deputados, no Conselho de Ética, votem pela admissibilidade.” A mensagem, de apenas 81 caracteres, acelerou de modo inimaginável o processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT). Postado no Twitter em 1.º de dezembro passado, o texto do presidente nacional do PT, Rui Falcão, significava que, enfim, o partido rompia com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. A admissibilidade a que o post se refere era a do processo de cassação do deputado, até hoje emperrado no Conselho de Ética da Câmara.

Até então, Cunha e o PT vinham fazendo uma estranha dança de aproximações e afastamentos, evitando a guerra que – ambos sabiam – podia ser fatal para os dois lados. Ao decidir que a situação de Eduardo Cunha era insustentável (a Suíça acabava de anunciar que ele mantinha dólares em contas secretas no país), o petismo se lançou na batalha que chegou no último domingo a outra admissibilidade: a do impeachment de Dilma.

O caminho de dezembro do ano passado a abril de 2016 talvez pudesse ter sido evitado pelo PT, mas, na verdade, desde a reeleição, Dilma e seus aliados sabiam que o segundo mandato tendia a ser turbulento. Ao lado, veja os dez momentos cruciais que levaram a presidente reeleita com 54 milhões de votos a ficar encurralada nas cordas, sem conseguir nem sequer um terço dos votos na Câmara para evitar que o processo fosse enviado para julgamento do Senado.

1. Dilma reeleita

Em outubro de 2014, depois de uma campanha acirrada, Dilma Rousseff (foto) derrota Marina Silva (PSB) no primeiro turno, Aécio Neves (PSDB) no segundo e garante seu segundo mandato. Na época, a operação Lava Jato já mostrava escândalos na Petrobras e se previa que o governo seria marcado por fortes disputas no Congresso.

Roberto StuckertInstituto Lula

2. Derrota na Câmara

No segundo mês do mandato, Dilma sofreu uma derrota fundamental: Eduardo Cunha é eleito presidente da Câmara. Dilma tinha tirado aliados de Cunha da direção de Furnas em seu primeiro governo. Apesar disso, Cunha dizia que não aceitaria o impeachment.

3. Protestos de rua

Ainda em fevereiro de 2015, começam as manifestações de rua no país contra o governo (foto). Centenas de milhares de brasileiros protestam nas principais capitais do país e surgem movimentos dedicados a combater o governo com slogans contra a corrupção.

Paulo Pinto / Fotos Públicas

4.Pedido de impeachment

Em setembro, o jurista Hélio Bicudo, fundador do PT, protocola na Câmara o pedido de impeachment da presidente . Mais tarde, o documento receberia acréscimos (foto). Embora já houvesse outros pedidos, esse era considerado o mais embasado.

Lula Marques / Agência PT

5. TCU e as pedaladas

Em outubro, nova derrota para o governo, dessa vez no Tribunal de Contas da União. Em decisão unânime, os ministros do TCU afirmam que o governo federal desrespeitou a legislação com as “pedaladas fiscais” de 2014, abrindo caminho para que o caso fosse levado ao Congresso.

6. Julgamento de Cunha

Eduardo Cunha se viu cada vez mais enrolado na Lava Jato, principalmente depois que a Suíça informou que o deputado mantinha dinheiro naquele país. Em março, Cunha havia dito à CPI da Petrobras que não tinha contas no exterior. A revelação levou o PSol e a Rede a pedirem a cassação. O PT decide votar pela admissibilidade do processo, o que significa rompimento e guerra aberta.

7. Início do impeachment

No dia seguinte, 2 de dezembro, Cunha decide pela admissibilidade do pedido de impeachment de Dilma, mas nega que isso seja uma vingança contra o Partido dos Trabalhadores.

8. Lava Jato chega a Lula

O recesso do Congresso fez parecer que o processo de impeachment havia perdido força. Em 4 de março, porém, Lula (foto) é levado coercitivamente para depor sobre denúncias de corrupção e o MP de São Paulo pede sua prisão. Dilma decide torná-lo ministro, o que lhe daria prerrogativa de foro. Uma gravação liberada pelo juiz Sergio Moro mostra Dilma afirmando que Lula poderia usar um termo de posse “em caso de necessidade”.

Márcio Fernandes / Estadão Conteúdo

9. Mais manifestações

Entendendo que a presidente tentava obstruir a Justiça e beneficiar Lula, a população sai novamente às ruas pedindo o impeachment, com recorde de manifestantes em várias cidades do país.

10. Votações na Câmara

Sob pressão da opinião pública, os deputados da Comissão de Impeachment decidem pela tramitação do pedido, por 38 votos contra 27 que apoiam o governo. O caso vai a plenário.

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