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Michel Temer (segundo à esq.) realizou nesta sexta-feira (13) sua primeira reunião ministerial | ANDRESSA ANHOLETE/AFP
Michel Temer (segundo à esq.) realizou nesta sexta-feira (13) sua primeira reunião ministerial| Foto: ANDRESSA ANHOLETE/AFP

Se Michel Temer tivesse cumprido com sua promessa inicial de nomear “notáveis” como seus ministros, talvez o médico Raul Cutait estivesse assumindo o Ministério da Saúde no lugar de Ricardo Barros, engenheiro por formação e ex-secretário da Indústria e Comércio do Paraná. Cutait, assim como outros, foi trocado por um político da base de Temer, o que, segundo especialistas, visa garantir a governabilidade.

“Ele montou um gabinete de lideranças que possibilitem a aprovação da agenda do novo governo, que é de bastante austeridade em termos econômicos”, avalia o cientista política da Universidade Federal do Piauí, Vitor Sandes. Para o especialista, isso permitirá que o governo realize políticas de impacto para mostrar que está bem articulado e que consegue minimizar ou resolver os problemas do país, principalmente no âmbito econômico.

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Dos 23 ministros empossados, 13 são congressistas. Ainda, 19 são ou foram deputados, senadores ou dirigentes partidários. Três nunca tiveram atividade partidária direta e um, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, chegou a ser eleito deputado pelo PSDB goiano, foi filiado ao PMDB e hoje é do PSD. Ao todo, Temer contemplou 11 partidos.

A opção é definida pelo cientista político da Universidade de Brasília David Fleischer como “padrão”, já que é como, em geral, são definidos os gabinetes em sistemas presidencialistas de coalizão. Já Sandes afirma que o perfil mais político pode ser verificado nos gabinetes dos últimos 15, 20 anos e que a presença de técnicos não garante a boa atuação de ministérios. “O fato de você ter técnicos [à frente de um ministério] não resolve o problema político. Às vezes, aliás, você tem excelentes técnicos que não conseguem implementar a política”, diz Sandes.

Para os estudiosos a escolha política de ministros também não necessariamente prejudica o trabalho do ministério. “Isso não quer dizer que ele não pode ter como ‘número dois’, como secretário executivo, em cada ministério, um técnico competente”, diz Fleischer. Além disso, segundo os especialistas, a operacionalização das ações do ministério deve ficar a cargo de uma equipe técnica competente.

Rejeições

Nem todos os possíveis ministros de Temer foram substituídos -- alguns rejeitaram o convite do presidente em exercício para assumirem ministérios, como o advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, que era cotado para o Ministério da Defesa, mas tinha “entusiasmo” pelo Ministério da Justiça. “Ele tentou atrair a Ellen Grace para a AGU, mas a AGU é segundo escalão, seria um retrocesso para ela. Se tivesse chamado ela para ser Ministra da Justiça, talvez ela tivesse aceito”, pondera Fleischer.

Para Sandes, porém, não foram as rejeições que alteraram a configuração dos ministérios. “Não acredito que o que levou o Michel Temer foi o fato de técnicos rejeitarem os cargos, mas, sim, ter apoio”, diz.

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