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O empresário Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, da Setal, um dos delatores da Operação Lava Jato, mudou nesta quinta-feira (27), em depoimento ao juiz Sergio Moro, a versão que havia dado anteriormente sobre o destino de US$ 6 milhões (aproximadamente R$ 21,3 milhões), depositados no exterior entre os anos de 2009 e 2012. Em depoimento anterior, Augusto Mendonça disse que esse dinheiro teria sido depositado em contas de empresas de fachada do operador Adir Assad para que o dinheiro chegasse às mãos de Renato Duque (ex-diretor de Serviços da Petrobras) e a Pedro Barusco (ex-gerente da Petrobras) como propinas de negócios na estatal. Em depoimento para corrigir essa informação, Mendonça disse que o dinheiro foi enviado para o exterior para contas de sua própria empresa.

O juiz Sergio Moro convocou Augusto Mendonça para que ele fizesse a “correção” em seu depoimento, já que sua própria defesa fez a retificação em petição encaminhada a ele na semana passada. Nesta quinta-feira, Moro quis saber se o empresário havia repassado dinheiro a diretores da Petrobras, usando contas de Adir Assad, como a Rock Star e a Soterra. Mendonça confirmou que sim, mas disse que ao falar sobre os US$ 6 milhões ele havia se equivocado.

“O senhor me perguntou se todos os recursos do Assad se destinavam a Renato Duque ou ao Pedro Barusco. Eu disse que sim. Mas depois disso, eu fui verificar e vi que os dados bancários se referiam a uma empresa nossa. Então uma parte dos recursos que transitaram pela Soterra, Rock Star, do Adir Assad, não se destinaram ao Duque, mas a uma companhia nossa”, disse Mendonça ao juiz.

Segundo Mendonça, esse dinheiro foi depositado em uma conta da Setal no Royal Bank do Canadá, agência de Montevidéu, em nome de uma empresa chamada Sanny Invest. “Essa conta já foi encerrada e o dinheiro que estava lá foi transferido para uma outra conta no Banco UBS, na Suíça, em nome de uma empresa nossa chamada Verank Lunk”.

“O senhor usou essa empresa para pagar propinas a dirigentes da Petrobras?” - perguntou Moro.

“Não senhor”, respondeu Mendonça.

O juiz, então, quis saber qual foi a conta que recebeu esses recursos no exterior para o pagamento de propinas a diretores da Petrobras.

“Foram depositados na conta da Marinelli (conta na Suíça do operador Mário Goes)”, respondeu Mendonça.

Ao juiz, Mendonça confirmou que depositou R$ 38 milhões entre 2009 e 2012 nas contas de Adir Assad, como a Legend, Soterra, Rock Star, SM e Port-Tem, destinados ao pagamento de propinas a dirigentes da Petrobras, resultado de obras na estatal.

“E por que o senhor não falou isso antes?” , perguntou o juiz.

“Porque depois que o senhor me mostrou os papeis na outra audiência, eu fui ver melhor”, justificou-se Mendonça.

Essa não foi a primeira vez que um delator da Lava Jato mudou de versão. No mês passado, o delator Julio Camargo disse que pagou, em 2011, US$ 5 milhões de propina ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), como parte no negócio do aluguel, pela Petrobras, de dois navios-sonda da Samsung, na Coreia, nos anos de 2006 e 2007, pelo valor de US$ 1,2 bilhão.

O negócio, segundo Camargo, foi intermediado pelo operador Fernando Soares, o Fernando Baiano, que seria “sócio-oculto” de Cunha, e que teria recebido outros US$ 5 milhões na operação. Em depoimento na Procuradoria -Geral da República no começo do ano, Camargo não envolveu o nome de Cunha na transação. Cunha disse que Camargo foi pressionado pelos procuradores a mudar a versão. O presidente da Câmara nega ter recebido a propina.

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