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Ex-ministro Paulo Bernardo e senadora Gleisi Hoffmann estão entre os investigados na Pixuleco II. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Ex-ministro Paulo Bernardo e senadora Gleisi Hoffmann estão entre os investigados na Pixuleco II.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Um dos laços mais “ricos” de investigação da Operação Lava Jato está perdendo fôlego. A Pixuleco II, deflagrada em agosto pela Polícia Federal (PF), apura crimes de corrupção e lavagem envolvendo contratos do Ministério do Planejamento. Entre os investigados dessa fase da operação estão Alexandre Romano, ex-vereador pelo PT no interior de São Paulo, o advogado Guilherme Gonçalves, a senadora paranaense Gleisi Hoffmann (PT) e o ex-ministro Paulo Bernardo.

Corrupção

A PF toca atualmente 9,4 mil inquéritos em todo o país sobre crimes relacionados a desvios de verbas públicas, incluindo corrupção ativa e passiva, peculato, cartel ou fraude a licitações e superfaturamento de obras públicas. As suspeitas recaem sobre um total de R$ 39,5 bilhões em contratos com a administração pública. O Maranhão ocupa o topo do ranking, com 1.028 inquéritos.

Comparação

A lentidão em São Paulo se contrapõe à agilidade e integração das forças-tarefas em outro processo da Lava Jato, desmembrado para o Rio de Janeiro: o que envolve contratos da Eletronuclear. Lá, um juiz federal já foi constituído para conduzir o processo, e Ministério Público Federal e PF atuam em conjunto nas investigações. Os três detidos dessa fase continuam presos em Curitiba, mas já foram alvos de pedidos de transferência para o Rio.

Envolvidos divergem sobre paralisia do processo

Inquérito ainda não chegou à Polícia Federal paulista

À época da Pixuleco II, os investigadores ressaltaram que o repasse de dinheiro a empresas indicadas por intermediários ligados ao PT persistiu até um mês antes da operação. Porém, por não envolver contratos da Petrobras, em setembro, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pelo desmembramento dessa parte da investigação, que acabou remetida à Justiça de São Paulo, onde o crime foi supostamente cometido.

A parte que envolve a senadora Gleisi Hoffmann ficou no STF, já que ela possui foro privilegiado.

Impasse

Desde então, entretanto, como informa o delegado Igor Romário de Paula, da PF de Curitiba, nada foi feito em relação ao processo. “Há um impasse lá em São Paulo que a gente não sabe como vai ser resolvido porque o Ministério Público Federal de lá ficou com os inquéritos e não os repassou para a Polícia Federal. Não sei como isso vai ser decidido lá”, explicou o delegado.

Romário aponta ainda que a deflagração desta fase da Lava Jato trouxe elementos “ricos e interessantes” que poderiam justificar novas etapas da operação em consequência.

“A impressão que a gente tinha quando foi apreendido tudo é de que aquele caso poderia avançar muito rápido. Não era um volume absurdo de material apreendido, a gente poderia ter analisado rápido, principalmente as mídias, e ter feito novas fases”, diz.

Envolvidos divergem sobre paralisia do caso

Alguns dos investigados e defensores de envolvidos na Pixuleco II confirmaram que, depois do desmembramento do processo, não houve novos procedimentos em São Paulo. “Me coloquei à disposição da Justiça, prestei um depoimento voluntário no dia seguinte à operação, e ofereci uma documentação complementar, mas até então não houve andamento”, afirma o advogado Guilherme Gonçalves, suspeito de ter recebido mais de R$ 6 milhões em propina, da empresa Consist Software Ltda.

Já o advogado Antonio Figueiredo Basto, que atende Alexandre Romano, vê com normalidade a demora. “São Paulo é uma cidade dez vezes maior que Curitiba, a própria demanda pela distribuição do processo é maior. Há diversos fatores que podem ocasionar uma demora. Não vejo anormalidade no andamento do processo”, diz.

Do outro lado, o delegado Igor Romário de Paula, da PF de Curitiba, considera que a paralisação de procedimentos na investigação faz com que parte dela se perca. “Está se perdendo tempo de investigação, justamente nessa que estava mais quente.” ( KB)

Inquérito está com o Ministério Público em São Paulo e ainda não chegou à Polícia Federal

Em entrevista à Gazeta do Povo, o procurador do Ministério Público Federal (MPF) Andrey Mendonça, que faz parte do grupo de quatro procuradores que atuam no caso Lava Jato em São Paulo, não quis dar detalhes sobre a condução da investigação. Ele alegou apenas que esta é uma fase inicial de composição do grupo e de diligências em instituições.

O inquérito, que está com o MPF, ainda não foi repassado a PF local, mas, como informou Mendonça, “em breve” a investigação será repassada à instituição. Procurada via assessoria de imprensa, a PF de São Paulo não quis se pronunciar sobre o assunto.

Já o procurador do MPF e integrante da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba Diogo Castor de Mattos afirma que a demora na retomada das investigações é normal, considerando a complexidade das operações. “Os novos investigadores ainda levarão muito tempo para conhecer com profundidade o caso e poder adotar uma medida pró ativa para continuar as investigações. Esse é um dos grandes problemas que o desmembramento traz: a questão da unidade das investigações.” (KB)

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