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MPF liga empresa da Lava Jato a serviço jurídico da campanha de Gleisi

Bernardo era ministro quando foi firmado o contrato com a Consist, que é suspeita de pagar por serviços jurídicos da campanha de Gleisi. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo/Arquivo
Bernardo era ministro quando foi firmado o contrato com a Consist, que é suspeita de pagar por serviços jurídicos da campanha de Gleisi. (Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo/Arquivo)

A senadora Gleisi Hoffmann (PT) pode ser investigada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento no esquema no Ministério do Planejamento descoberto nas investigações da Operação Lava Jato. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), documentos e controles apreendidos no escritório do advogado Guilherme Gonçalves, que foi alvo de mandados de busca e apreensão na 18.ª fase da operação, mostram repasses da empresa Consist que podem ter ligação com o pagamento de honorários de campanhas da petista.

Os indícios seriam enviados ainda nesta segunda-feira (24) para o STF, que vai decidir se Gleisi será ou não investigada, já que ela tem foro privilegiado. O envolvimento da senadora apareceu depois da Operação Pixuleco II, da Polícia Federal (PF), que teve como alvo contratos de crédito consignado firmados pelo Ministério do Planejamento em 2010 – último ano da gestão do marido de Gleisi, Paulo Bernardo, na pasta.

Senadora e advogado negam.

De acordo com os investigadores, a Consist teria iniciado pagamentos de vantagens indevidas depois da celebração de um acordo de cooperação entre o Ministério do Planejamento, a Associação Brasileira dos Bancos (ABBC) e o Sindicato das Entidades Abertas de Previdência Privada (Sinapp). O objetivo do acordo era a disponibilização, pela internet, de serviços e sistema informatizado de gestão de margem consignável em folha de pagamento.

“Os recursos são privados. São do Sinapp e da ABBC, que pagam uma taxa de cada empréstimo e repassam isso para a Consist. Isso é permitido através de uma norma do Ministério do Planejamento”, explicou o procurador do MPF Carlos Lima.

De acordo com o procurador, porém, há documentos que demonstram que parte do dinheiro da Consist pago ao escritório de Gonçalves seria para pagar honorários de campanhas de Gleisi. “Não existe uma relação jurídica entre o escritório e a Consist. Na verdade havia uma falsa prestação de serviços. Sob esse aspecto me parece que o escritório agiu de modo a lavar dinheiro”, diz Lima.

“O que aparenta é que esses pagamentos [da Consist] serviam como remuneração desses serviços prestados por ele [Guilherme Gonçalves]. Ele receberia da Consist remuneração pelos serviços prestados a Gleisi”, afirma o procurador.

O escritório de Gonçalves prestou serviços a Gleisi nas eleições de 2010, quando ela venceu a disputa para o Senado, e em 2014, quando ela foi terceira colocada entre os candidatos a governador. Nessas duas eleições, Gleisi pagou R$ 150 mil ao escritório pelos serviços de advocacia, sendo R$ 100 mil em 2014 e R$ 50 mil em 2010. Os dados constam das prestações das campanhas de Gleisi ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Ela também contratou o escritório para prestar consultoria em projetos, no início de 2011 – quando assumiu o mandato de senadora.A primeira contratação do escritório ocorreu antes do início dos repasses da Consist ao escritório. Em 2008, quando Gleisi foi candidata à prefeitura de Curitiba, a campanha da petista pagou R$ 156 mil ao escritório de Gonçalves.

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