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Sombra constante: Dilma substitui Lula, que deixou o cargo com um índice de aprovação pessoal de 87% | Paulo Whitaker / Reuters
Sombra constante: Dilma substitui Lula, que deixou o cargo com um índice de aprovação pessoal de 87%| Foto: Paulo Whitaker / Reuters

A presidente Dilma Rousseff assume o governo em meio à expectativa positiva de 69,2% dos brasileiros, de acordo com pesquisa CNT/Sensus divulgada na última quarta-feira. Entre os curitibanos, Dilma também conta com um olhar otimista. Segundo levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, aproximadamente 59% creem que a nova presidente fará um governo ótimo ou bom.

A disposição dos brasileiros em acreditar no novo governo é uma boa notícia para Dilma, mas também pode ser uma armadilha. Com o desafio de evitar uma guerra entre os aliados, construir uma imagem própria e manter bons resultados econômicos em um cenário internacional e interno que não será tão favorável à economia, a nova presidente terá de ter jogo de cintura e sorte para não se tornar uma decepção para os eleitores.

Dilma precisará fortalecer a sua imagem e ganhar vida própria, para deixar de ser apenas a indicada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Tarefa nada fácil, principalmente depois de suceder um presidente que bate recordes de popularidade. O último levantamento CNT/Census mostrou que o índice de aprovação pessoal de Lula chegou a 87%. "Dilma é apenas uma indicação desse homem [Lula], ela não tem o mesmo lastro que ele. A imagem dela é frágil", diz o especialista em marketing político Carlos Manhanelli.

A maior dificuldade será ocupar o espaço deixado por Lula construindo um estilo próprio e que agrade aos eleitores. O diretor do Instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, observa que contar com a empatia da população é importante, principalmente quando é preciso contornar situações de crise. Ele observa que Dilma ainda não construiu essa proximidade.

O principal benefício com a construção de uma imagem que conte com a simpatia do eleitor seria o enfrentamento das crises. Para explicar essa necessidade, Manhanelli compara Lula e Dilma a dois coqueiros na praia e as crises políticas a ventanias. "Lula seria um coqueiro de raízes profundas, pode até envergar com os ventos mais fortes, mas permanece em seu lugar. Já Dilma seria um coqueiro de raízes rasas, que dificilmente resistirá aos fortes ventos."

Na avaliação de Maria do Socorro, a construção e o possível fortalecimento da imagem de Dilma passa pela forma como ela vai lidar com os problemas.

A área econômica, em especial, será um desafio. Como os próprios ministros do novo governo já sinalizaram, 2011 será um ano de corte de gastos e de uma economia não tão próspera como a de 2010. Junto a isso vêm as expectativas de altas na inflação e taxas de desemprego um pouco mais altas. "Ela terá como desafio ser um governo de continuidade, mas numa nova conjuntura econômica", observa.

Além disso, as pressões dos aliados por mais espaço na Esplanada dos Ministérios e o racha dentro do PT na escolha do indicado para a presidência da Câmara foram um sinal de que Dilma terá trabalho para equilibrar os interesses da base. Caso não consiga sucesso, a presidente terá dificuldades para aprovar no Congresso matérias de interesse do Planalto.

"A gente já poderá ver como está isso [a relação de Dilma com os aliados] no dia 1.º de fevereiro, na eleição do presidente da Câmara. À primeira vista, está questão parece ter sido resolvida. Mas, se ficaram mágoas, teremos como avaliar de forma mais consistente depois do resultado da votação", diz a professora de Ciências Políticas Maria do Socorro Braga, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

Em princípio, a presidência da Câmara deverá ficar com o PT – dono da maior bancada eleita –, mas ainda há o temor de que uma candidatura alternativa ganhe corpo e um novo episódio Severino Cavalcanti ocorra. Isso porque o PT mostrou estar dividido: na eleição interna, venceu o azarão Marco Maia (RS), que disputava a vaga com Arlindo Chinaglia (SP) e Cândido Vacarezza (SP), o favorito de Dilma.

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